AS TENDÊNCIAS E MUDANÇAS TÁTICAS NO CAMPEONATO BRASILEIRO

Com o Brasileirão na sua reta final, a Footure traz um levantamento sobre as tendências táticas vistas no campeonato.

O Brasileirão de 2024 tem sido um dos mais disputados dos últimos tempos, com três equipes brigando pelo título e, ao menos, sete na luta contra o rebaixamento. Além disso, o campeonato deste ano se destaca por um baixo número de mudanças no comando das equipes, com o índice ficando abaixo das 20 trocas de técnico. Com essa sequência de trabalhos a médio/longo prazo, a Footure resolveu levantar alguns pontos relacionados aos 20 participantes do torneio, analisando todos os esquemas, saídas de bola e comportamentos defensivos, para tentar encontrar padrões e tendências seguidas ao longo do ano. 


ESQUEMAS TÁTICOS

Começando pela disposição tática, o Brasileirão tem uma predominância esmagadora pelo 4-2-3-1, com 70% das equipes utilizando-o, incluindo os três candidatos ao título. Os elementos dessa linha atrás do centroavante variam de acordo com a característica de cada time, alguns utilizando dois meias abertos, outras com extremos, etc. 

Se o 4-2-3-1 aparenta estar em alta, o mesmo não se pode dizer para os trios de zaga. Diferente de outras edições, em 2024, apenas o Atlético Mineiro inicia suas partidas com três defensores, que não são necessariamente zagueiros. A equipe de Gabriel Milito já teve atletas como Bataglia e Saravia na linha de defesa. Contudo, alguns times utilizam do sistema em partidas específicas, podendo citar o Botafogo, o Athletico Paranaense e o Cuiabá como exemplos de rodadas recentes.

Além do três zagueiros, o 4-1-4-1 também teve baixa utilização durante a competição, sendo usado apenas por Cuiabá e Atlético Goianense. Isso traz consigo alguns debates. Afinal, esse desuso pode estar ligado a dificuldade de formação de meias com características mais híbridas, os ditos Todocampistas. Sem esse atleta capaz de marcar diferenças em todas as fases do jogo ofensivo e defensivo, a eescolha por atuar com dois médios pode gerar complicações e desequilíbrios. 

Marca histórica do futebol brasileiro, as duplas de ataque ainda seguem pouco utilizadas. Mesmo parecendo que houve um aumento comparado a temporadas anteriores, ainda assim a soma de todas as equipes que usam duplas resultam um total de 20% do torneio. Bahia e Criciúma utilizam dois atacantes desde o começo do torneio. 

SAÍDA DE BOLA

Na iniciação das jogadas, algumas coisas podem ser destacadas logo de cara, como um aumento na influência dos laterais na saída de jogo, seja ajudando em saídas sustentadas – aquelas que optam por povoar seu campo de jogadores, visando atrair os adversários e usar os espaços criados nas costas da defesa -, ou recuando para a linha dos zagueiros em saídas com três. Nesse caso, Luciano Juba acaba sendo um dos laterais de maior destaque na competição. 

Utilizada por nove clubes durante o campeonato, a iniciação com três jogadores tem, a princípio, o efeito de empurrar o adversário para o campo defensivo. Contudo, os meios utilizados para a execução dessas jogadas varia entre os times. Trazendo novamente o Bahia como exemplo, o Tricolor de Aço opta por ter passes mais curtos, com saídas mais limpas e chegar com calma ao campo ofensivo. Enquanto o Vasco, que também usa três jogadores nessa base da jogada, busca acionar rapidamente o centroavante Vegetti com bolas longas. 

Essa alternância também vale para a participação dos goleiros. Enquanto o goleiro Fábio (Fluminense), opta por passes curtos, próximo ao seu gol, Lucas Arcanjo (Vitória) costuma avançar para próximo dos zagueiros e tenta lançamentos para o centroavante Alerrandro, ou visa as laterais, buscando os pontas nas costas da defesa. 

SISTEMAS DEFENSIVOS

Partindo para o lado defensivo do campeonato, têm-se um Brasileirão dominado pela marcação zonal, com 75% das equipes optando por defender o espaço, sendo 50% destes times defendendo em 4-4-2. Isto está ligado a escolha do 4-2-3-1 como sistema base, assim os times optam por “descansar” seus centroavantes e meias no momento defensivo.

Um caso curioso é o do Corinthians, treinado por Ramón Diaz. Com o losango utilizado, Garro não volta para defender com os demais meio-campistas, deixando uma linha de três no momento defensivo, formando assim uma defesa em 4-3. O meia argentino fica mais à frente, próximo da dupla de ataque. 

No caso do Criciúma e do Bahia, ambas equipes que também atuam com duplas de ataque, por ordem de seus treinadores, um dos atacantes recua para a linha de meio-campistas, formando uma defesa em 4-1-4-1. 

O Galo parte como única equipe defendendo prioritariamente com linha de cinco, utilizando um 5-3-2 pautados por encaixes curtos. Porém, vale o destaque de que o Cuiabá também costuma se ajustar para usar cinco defensores próximos ao seu gol. O volante Lucas Mineiro recua para a linha de zaga conforme o adversário se aproxima do gol. Um movimento parecido com o executado por Raniele na equipe em 2023. 

Junto ao Galo, outras cinco equipes se utilizam de encaixes, curtos e médios, para defender. O Fortaleza é o maior case de eficiência nesse aspecto, já que defende com encaixes desde a chegada de Vojvoda, em 2021. Utilizam bem, sobretudo, seus volantes para encaixar e pressionar os adversários ao estarem próximos ao setor estabelecido. Contudo, quase todos os times optam marcar por encaixes no que tange a pressão na saída do adversário, sejam encaixes setorizados ou já pré-determinados. 

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