Atlético-GO pode fazer história. O que mudou com Marcelo Cabo?
Apesar de ter tido três técnicos ao longo do campeonato, o Atlético-GO não passou por mudanças bruscas no modelo de jogo. Por isso briga por Libertadores.
Há sete jogos no comando técnico do Atlético-GO, Marcelo Cabo está invicto na sua terceira passagem pelo Dragão. A sequência positiva, incluindo três vitórias nas últimas três partidas, colocam a equipe do centro-oeste na briga por uma vaga inédita na Libertadores. Com uma rodada restante no Brasileirão, o clube está em 9° lugar, com 50 pontos, e enfrenta o Flamengo, em casa, hoje, às 21h30 (horário de Brasília).
O mais curioso é que Marcelo Cabo não trouxe nenhuma grande mudança em termos táticos e de modelo de jogo. As mecânicas são as mesmas vistas no trabalho de Eduardo Barroca e Eduardo Souza, treinadores do Dragão ao longo do campeonato. A mudança real ocorreu na execução das ideias e na confiança dos atletas, tendo em vista o tal do “fato novo” criado pela troca de técnico visando impacto imediato.
A equipe goiana segue variando entre o 4-2-3-1 e o 4-1-4-1, marcando em zona normalmente com o bloco defensivo na altura do meio-campo e até os mesmos defeitos. O centro do campo sempre é muito bem ocupado pelos volantes e dificultam a progressão do adversário no setor, mas é pelos lados que a coisa pode dificultar. Apesar de ter coberturas definidas, com o volante entrando no espaço deixado pelo lateral que sai para combater, por vezes o Atlético-GO permite muitos cruzamentos sem pressão no oponente.
Para defender com linha de quatro sem desproteger as laterais é preciso muita intensidade. Fazer isso durante 90 minutos é algo que o modesto, porém bem montado, elenco do Dragão não consegue oferecer. Por isso, a equipe sofre alguns cruzamentos e, por mais que a área esteja devidamente protegida na maioria deles, os defensores nem sempre são agressivos o suficiente em duelos pelo alto ou ao atacarem a bola para uma rebatida. De qualquer forma, esses defeitos não impedem o time de ter a quarta melhor defesa da competição.
No momento de ataque, o Atlético-GO, desde Barroca, tem paciência na iniciação das jogadas, saindo de maneira segura, com a linha defensiva montada e dois volantes dando apoio. Passes laterais e trocas de corredor são feitas com calma, como se fossem ganhando jardas, e permitem o avanço da equipe até as proximidades da grande área. Nesse ponto, dois nomes são cruciais: Janderson e Marlon Freitas.
A maioria dos lances acaba em cruzamentos, ou seja, o Atlético-GO chega na zona de finalização das jogadas trabalhando por fora. Nesse contexto, Janderson é fundamental saindo de uma das pontas e se aproximando da bola para criar superioridade numérica na região da jogada, permitindo triangulações e lances de linha de fundo. Por sua vez, Marlon Freitas está em uma fase espetacular. O meio-campista é fundamental nas inversões de jogo, principalmente para Dudu na lateral-direita. São inúmeras as vezes em que o time acumula atletas no flanco esquerdo, toca para Marlon no meio e o capitão encontra o lateral-direito em excelentes condições de dar uma assistência.
A fase ofensiva está diretamente conectada a transição defensiva, o momento de perda da bola, do fim do ataque. Os jogadores do Atlético-GO são muito lentos na reação pós-perda, não pressionam e, principalmente, não recompõe com velocidade. É uma equipe exposta a contra-ataques. Provavelmente é o maior problema da equipe, que se mostra bem treinada nas outras fases do jogo e tem uma capacidade rara no futebol brasileiro: jogar em dois toques para deixar a posse mais dinâmica.
Desde o ano passado com Vágner Mancini, passando por Eduardo Barroca e Eduardo Souza, o Atlético-GO possui uma organização e uma cara. Por tudo isso, os momentos ruins foram superados e o Dragão encerra 2021 em alta, podendo conquistar uma vaga histórica para a Libertadores.
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