EURO 2024 | COMO CHEGA A ALEMANHA
Julian Nagelsmann conta com o retorno de Kroos e a liderança de Neuer para colocar a Alemanha novamente em evidência.
A Seleção comandada por Julian Nagelsmann, de 36 anos, tem o objetivo de voltar a ser competitiva no cenário das competições europeias. O treinador alemão assumiu a equipe em setembro do ano passado após a demissão de Hansi Flick, que esteve à frente da seleção em apenas 25 jogos, com aproveitamento de 57%. A mudança no comando técnico ocorreu a partir de uma sequência de resultados ruins da Alemanha em amistosos e, principalmente, na Copa do Mundo de 2022, que acabou sendo eliminada, pela segunda vez seguida, na fase de grupos do torneio.
Com o insucesso de Flick, Nagelsmann foi o escolhido para formar um conjunto que potencialize a nova geração alemã e que inicie o processo de retomada do protagonismo da seleção na disputa da Eurocopa, sediada na Alemanha.
FORMAÇÃO BASE
O retorno de Toni Kroos à seleção é fundamental para o funcionamento da equipe na construção do jogo desde a defesa e a presença do meia alemão para se conectar, principalmente, com Wirtz pelo lado esquerdo do campo. A equipe se estrutura em um 4-2-3-1, tendo Kroos alinhado a Andrich à frente do sistema defensivo. Wirtz parte pelo corredor esquerdo, Musiala do corredor direito, Gundogan flutua pelo centro e Havertz é a referência no ataque alemão.
SAÍDA DE BOLA
Os comandados de Nagelsmann realizam uma saída sustentada, tendo a participação de quatro jogadores (2+2) ou (3+1). A equipe preza por uma construção mais elaborada com toques curtos. Kroos é o responsável por interligar o setor de meio-campo e o ataque. Veremos o meia alemão executando o movimento de baixar até os zagueiros para receber a bola. Os laterais se posicionam bem abertos na linha lateral para dar amplitude, com Wirtz e Musiala se movimentando por dentro para oferecer opção de passe, e Gundogan transitando para receber na entrelinha do adversário.
PADRÕES DE CONSTRUÇÃO
O estilo de jogo da equipe é baseado nas conexões dos jogadores por dentro, buscando tabelas curtas e rápidas para envolver a marcação do adversário e criar chances claras de gols. Wirtz e Musiala jogam como meias interiores, com o objetivo de aproveitar os espaços entre zagueiro e lateral. Kai Havertz é o típico atacante de mobilidade, que não fica fixo como referência, exercendo o papel de atrair os defensores para abrir espaço no último terço. Com o espaço criado, tanto Wirtz como Musiala, aproveitam para realizar movimentos de ruptura na última linha defensiva do adversário. Os meias possuem muita liberdade para dialogar no setor da bola. Veremos Wirtz, por exemplo, sair de seu corredor esquerdo para se colocar como opção de passe no lado oposto para Musiala.
Os laterais executam funções distintas na criação de jogo da seleção alemã. Kimmich, lateral-direito, realiza constantes movimentos de fora para dentro, visando participar da construção através de associações curtas com Musiala ou aproveitando sua leitura de jogo para acionar seus companheiros na profundidade. Enquanto Mittelstadt tem a função de entregar amplitude para a equipe no corredor oposto.
COMO DEFENDE
A seleção alemã busca marcar em bloco médio, variando entre o 4-2-2-2 e o 4-2-3-1. A estrutura vai se modificar dependendo do posicionamento de Gundogan. Quando o capitão alemão baixar para encaixar a marcação no primeiro volante do adversário, veremos a seleção no 4-2-3-1. E, no momento que ele estiver alinhado a Havertz – fechando as linhas de passe por dentro -, teremos a Alemanha na estrutura do 4-2-2-2.
A equipe quando baixa o bloco procura se estruturar no 4-4-2. Dessa forma, a participação de Musiala e Wirtz é mais ativa sem a posse de bola, visto que, baixam para recompor pelos lados para evitar que os laterais fiquem em situações de inferioridade numérica no setor.
DESTAQUE INDIVIDUAL – TONI KROOS
Toni Kroos retorna para sua seleção nacional como o melhor jogador da equipe. O meia alemão, de 34 anos, tomou a decisão de se aposentar após a eliminação da Alemanha para a Inglaterra na Eurocopa de 2021. Contudo, ele reconsiderou essa decisão e aceitou o convite de Julian Nagelsmann.
A experiência de Kroos de acumular diversos títulos na carreira, passar por inúmeros momentos decisivos e, principalmente, sua capacidade técnica credenciam o meia como a principal referência técnica desta seleção. A temporada 2023/24 foi uma das melhores da carreira do alemão – se não for a melhor -, apresentando um nível altíssimo de atuações decisivas pelo Real Madrid. No décimo quinto título do clube espanhol na Champions League, Kroos foi o segundo jogador que mais realizou passes para o último terço do campo, alcançando o número de 118 passes.
Toni participou com maestria de todas as fases de construção da equipe merengue, utilizando sua capacidade de leitura de jogo para executar as inversões para o corredor oposto, a busca pelos passes em profundidade para acionar, principalmente, o brasileiro Vinicius Jr em velocidade e também usufruindo de sua habilidade de ditar o ritmo dos jogos.
No contexto da seleção, ele terá a mesma responsabilidade de comandar a saída de bola da equipe. A dinâmica para realizar uma construção limpa desde a defesa saíra dos pés do camisa 8 alemão. Os passes progressivos de Kroos serão uma das grandes armas da Alemanha para acionar seus talentos no último terço do campo.
FIQUE DE OLHO – FLORIAN WIRTZ
Florian Wirtz, de 21 anos, é um dos principais talentos dessa nova geração do futebol alemão e o meia vai disputar sua primeira grande competição com a camisa da seleção. Wirtz foi eleito o craque da Bundesliga desta temporada, alcançando 11 gols e 10 assistências no campeonato.
O jovem alemão demonstra ótima capacidade associativa pelo corredor central, gerando muitas situações de gols através de sua leitura de jogo para acionar os companheiros em profundidade. O arremate de média distância com a perna direita é um dos grandes atributos de Wirtz, que já reúne características suficientes para se tornar uma referência técnica no contexto da seleção nacional também.
A liberdade de posicionamento para Wirtz se movimentar dentro do campo é o ponto chave para potencializar o seu jogo. No Bayer Leverkusen, ele recebeu muita liberdade para participar tanto da construção desde a defesa, como ser um meia interior pelo lado direito, dialogar no corredor esquerdo e ocupar os espaços entrelinhas dos adversários. No cenário da seleção alemã, Julian Nagelsmann aparenta estar convicto que o sucesso de sua equipe passará pelo talento dos seus meio-campistas.
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