EURO 2024 | COMO CHEGA A FRANÇA

No 12º ano de Deschamps no comando, a França busca mais um título e a afirmação desse geração.

A França chega a Eurocopa em busca do terceiro título da Era Didier Deschamps, que completa 12 anos no comando da seleção. E o período mostra uma evolução interessante de gerações que foram aproveitadas pelo treinador, colhendo frutos do ótimo trabalho de formação de jovens jogadores no país, principalmente a partir de 2018.

Contudo, alguns nomes mais experientes são pilares na liderança do elenco, principalmente Antoine Griezmann, Olivier Giroud, Adrien Rabiot e N’Golo Kanté, que retorna às convocações de Deschamps para disputar a Euro. Quem também assume um papel importante nesse sentido é Kylian Mbappé, entitulado capitão da França após a despedida de Hugo Lloris.

Essa mescla e a fartura de opções de alto nível em praticamente todas as posições, credenciam a seleção francesa como favorita ao título da Eurocopa. Entretanto, o nível de jogo em enfrentamentos maiores tem deixado a desejar e coloca o trabalho recente de Deschamps passível de críticas. A Euro é a grande oportunidade para se reafirmar.

Gráfico: Footure PRO

Como plataforma base, Didier Deschamps adota um 4-3-3 bastante móvel, com algumas possíveis variações de acordo com o adversário. Na defesa, Koundé tem sido constantemente utilizado como um lateral-direito híbrido, assim como acontece no Barcelona, em que sua movimentação sofre variações de acordo com o momento do jogo. A dupla de zagueiros é uma incognita, já que Konaté e Upamecano jogaram regularmente no ciclo dessa Euro, porém Saliba ganhou bastante espaço, credenciando-se a postulante pela titularidade.

No meio, Rabiot e Camavinga, em tese, disputam posição. Já Griezmann é um dos jogadores mais influentes dessa seleção, com grande importância na construção e até na terminação das jogadas. Outra dúvida nessa equipe é sobre o “9”, função em que Olivier Giroud, Marcus Thuram e Kolo Muani revezam titularidade. Pela hierarquia, Giroud pode largar na frente, principalmente pensando em potencializar Mbappé.

A saída de bola da França se configura com cinco jogadores (3+2), com Koundé compondo a primeira linha junto aos zagueiros, e Tchouameni e Rabiot prestando apoio na segunda linha, perfilados de costas pro campo ofensivo. Nesse momento, Tchouameni será o grande pilar, tornando-se responsável por iniciar a circulação da bola, visando sair de uma possível pressão do adversério e progredir para o campo de ataque.

O desenho da construção da seleção francesa é muito bem definido. Mantendo a configuração inicial da saída de bola, a equipe se posta no 3-2-5 com posse, com Dembélé e Theo Hernandez dando amplitude no campo, e Griezmann saltando alguns metros para transitar na entrelinha. Apesar disso, o camisa 7 aparece mais pelo lado direito interior, visando gerar apoio para o extremo daquele flanco e assumindo a condição de principal passador para a profundidade, aproveitando os desmarques de Mbappé.

Vale ressaltar também as possíveis dinâmicas a partir da escolha do centroavante titular. Com Giroud, o time ganha um autêntico pivô, com boa capacidade de reter a bola, gerar bons apoios para construção e abrir espaços para esses movimentos em diagonal de Kylian Mbappé. No caso de Thuram e Kolo Muani, a dinâmica de ataque é diferente. Por serem atacantes mais leves, muitas vezes vão trocar de posição com Mbappé, que estará em boa parte dos jogos ocupando uma zona central e dentro da área.

Em características gerais, a França tende a ser um time de posse e alto volume ofensivo nos confrontos contra seleções com clara inferioridade. O lado esquerdo funciona como uma espécie de “âncora” para o adversário, ao concentrar as principais ações a partir dali, com triângulações entre Theo, Mbappé e Rabiot/Griezmann. Ainda assim, muitas jogadas tem suas terminações a partir da inversão do corredor, aproveitando a ambidestria de Dembélé. Já em duelos de maior paridade, a equipe de Deschamps tende a aproveitar bastante as transições ofensivas, já que muitos dos jogadores de frente tem a verticalidade como característica natural.

A França de Deschamps se defende em um 4-4-2, que em alguns contextos pode se tornar um 5-3-2 a partir da recomposição de Dembélé pela direita. Mbappé e o centroavante sobram à frente das duas linhas de quatro, com o objetivo de exercer a primeira pressão e dificultar a saída adversária. Com isso, Rabiot estará mais próximo de Theo para cobrir o lado esquerdo da defesa, enquanto que Griezmann auxiliará Tchouameni na contenção por dentro, posicionando-se quase como um volante. O bloco médio/alto é uma característica desse time, seja para recuperar a bola e reter a posse ou para realizar transições rápidas.


Kylian Mbappé é o grande destaque da França. Com apenas 25 anos, o camisa 10 já assumiu a responsabilidade de ser o capitão de sua seleção e corresponde regularmente no campo, principalmente como um líder técnico. Mbappé concentra a atenção dos companheiros e atrai chances para finalizar, seja com o desmarque em profundidade ou a partir dos duelos de 1×1.

Nesta temporada, Mbappé foi novamente excelente e aculumou estatísticas impressionantes. Ao todo, marcou 51 gols e foi o artilheiro da Champions League ao lado de Harry Kane, com oito tentos. Além disso, liderou a League 1 em três métricas relevantes entre os atacantes: 0,78 gols esperados (xG) por jogo, 8,85 toques certos na área por 90 minutos e 1,15 passes chave certos por partida. O craque chega na Eurocopa em evidência, principalmente pelo acordo recente com o Real Madrid.

Gráfico: Footure PRO

Antoine Griezmann é um dos grandes nomes desta seleção. Aos 33 anos, o meia evoluiu ainda mais como jogador e chega para a Eurocopa em grande momento. Além da clara qualidade para agregar em zonas decisivas do campo, Griezmann se tornou um jogador dinâmico para a construção e de uma capacidade cognitiva acima da média. No time de Deschamps, o camisa 7 tem liberdade para flutuar na entrelinha e gerar apoios ao extremos e centroavante, movimentos que geram muitas situações de gols, principalmente a partir de tabelas. É uma arma ainda mais perigosa quando se aproxima de Mbappé.

Pelo Atletico de Madrid fez outra ótima temporada, com registros bastante interessantes: 25 gols e 10 assistências contando clube e seleção. Além disso, foi a grande referência ofensiva de Simeone a partir de sua capacidade de decisão no terço final, bem como sua influência na construção e na qualificação da posse de um Atleti mais propositivo.

Gráfico: Footure PRO
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