GUIA DO BRASILEIRÃO 2025: CEARÁ
Retornando para a elite do futebol nacional, o Ceará inicia o campeonato buscando a permanência.
Após duas temporadas na Série B, o Ceará conseguiu retornar para a elite do futebol brasileiro. Buscando a manutenção para a próxima temporada, o Vovô fez 17 contratações, encorpando seu elenco e tendo opções em todos os setores nesse início de ano, enquanto Leo Condé realiza experiências para encontrar a forma ideal para o Alvinegro competir no Brasileirão. Até então, encontrou resultados positivos, classificando-se na Copa do Brasil e para mais uma final do campeonato cearense.
Diferente da última temporada na elite do futebol nacional, quando realizou alguns investimentos milionários, o Vovô foi mais discreto na atual janela, buscando atletas mais emergentes. As exceções são Fernando Sobral, Pedro Henrique e Pedro Raul. Além disso, nota-se uma prioridade nas chegadas: o Ceará buscou atletas de boa disposição física, capazes de realizar movimentos de alta intensidade durante boa parte dos 90 minutos. O volante Dieguinho e o lateral Fabiano Souza se destacam nesse sentido.

ESQUEMA DE JOGO

Buscando ataques rápidos, utilizando principalmente os lados do campo, a equipe parte inicialmente em 4-2-3-1, usando dois extremos e com Lucas Mugni atrás do centroavante. Pedro Henrique e Fernandinho partem na frente para ocupar as extremidades cearenses, mas a chegada de Pedro Raul pode colocar Aylon como opção no setor. A dupla de volantes é marcada por velhos conhecidos da torcida, o capitão Lourenço (que atuou em todas as partidas da última temporada) e Fernando Sobral, que retornou ao Vovô em 2025. Os dois jogadores formam uma dupla de força, focada em vencer duelos no meio. Na defesa, Marllon, Ramon, William Machado e Eder brigam por duas vagas.
COMO ATACA
A equipe de Leo Condé tem como prioridade chegar rapidamente ao gol adversário, tendo uma criação mais objetiva, com passes verticalizados priorizando jogadas laterais. Apesar disso, a construção do Vovô se inicia de forma lenta. Optando por uma saída sustentada, a equipe se posta em 4+1, com Lourenço à frente da linha defensiva. A ideia é conseguir atrair o adversário para uma marcação mais alta e utilizar os espaços criados na defesa. Contudo, caso os rivais recuem, os cearenses avançam e se estabelecem no campo ofensivo.

A partir desse momento, o time realiza algumas movimentações. A primeira a se destacar, é quando o lateral Fabiano passa a atacar por dentro, como um lateral interior. O jogador normalmente se posiciona mais na base da jogada, próximo a Lourenço, enquanto Fernando Sobral avança em zonas mais intermediárias ou de entrelinha. Contudo, os dois jogadores se procuram em campo e realizam muitas tabelas rápidas com o extremo que está fixado, alargando o campo (normalmente é Pedro Henrique ou Fernandinho). Essas triangulações pelo lado buscam gerar dois tipos de vantagens: primeiramente numérica, com algum atleta conseguindo se colocar em boas condições para um passe mais próximo a área; a outra é posicional, deixando o extrema em boas condições de vencer os duelos de 1×1.
No lado esquerdo, a dinâmica é parecida, mas com uma mudança primordial: o responsável por dar amplitude à jogada é o lateral Matheus Bahia. Mugni trabalha próximo ao lateral, oferecendo-se como apoio às jogadas, além da outra peça ofensiva, que busca movimentos para dar apoio ao passe, ou de desmarques para a área.
A equipe cearense utiliza pouco o centro do campo, o que também acaba direcionando bastante a defesa adversária. Além de, por vezes, ficar mais dependente de cruzamentos. Lucas Mugni e Lourenço tem um papel importante trocando o corredor das jogadas com velocidade, tentando encontrar os jogadores da amplitude com espaço para progressão. Recém-chegado, Pedro Raul é bastante acionado para realizar movimentos de pivô próximo à área, utilizando de sua estatura para fixar os zagueiros dentro da área, além de ser um alvo direto para bolas pelo alto.
COMO MARCA OS GOLS
A equipe cearense costuma marcar seus gols da forma que constrói: com os lados do campo sendo fundamentais, conseguindo gerar superioridade numérica no setor, chegando a linha de fundo e realizando o cruzamento para área. Os cearenses utilizam bastante os movimentos de desmarque de Pedro Henrique para encontrar o atacante em boas condições dentro da área (formando boas associações com Lucas Mugni).
COMO DEFENDE
Sem a bola, a equipe utiliza uma marcação por encaixes, começando na pressão, onde o Vovô usa um 4-4-2 com a primeira linha focando nos zagueiros, enquanto os extremos pressionam os laterais. A dupla de volante fica encubida de marcar os volantes. Contudo, não se trata de uma pressão contínua. O Alvinegro realiza uma primeira abordagem, mas caso não possua sucesso rápido, as linhas vão se postando em campo próprio.

Em linha baixa, o 4-4-2 se mantém, com Lucas Mugni e Pedro Raul formando a primeira linha. Estatisticamente, a defesa do Alvinegro tem se mostrado eficiente, tomando apenas cinco gols no ano, com seus pontas e laterais fazendo um trabalho importante para sufocar os adversários. Apesar dos números, a equipe de Leo Condé tem alguns problemas. Principalmente para determinar as referências na marcação. Por vezes, o time acaba tendo a sua marcação comprometida, devido a algum jogador ser atraído por um movimento rival, gerando um efeito dominó. Além disso, a equipe tem algumas dificuldades para defender o espaço entre o zagueiro e o lateral.
Um destaque a se observar são as subidas dos zagueiros para pressionar os atacantes na intermediária, tentando encurtar distâncias e tirar espaços. Os extremos da equipe tem um gatilho para subir a marcação conforme o adversário for recuando a bola para sua defesa.
COMO SOFRE OS GOLS
O Vovô tomou apenas cinco gols na atual temporada. Com um aproveitamento bom da linha defensiva, algo que chama atenção é que dois gols surgiram de finalizações a média distância, com a equipe cearense cedendo espaço para o adversário dominar e finalizar.
BOLA PARADA
Ofensivamente, o Ceará possui algumas variações nas cobranças de escanteio. Normalmente a equipe mantém três jogadores na pequena área, enquanto os dois zagueiros se postam atrás da marca do pênalti, correndo em direção ao gol após a cobrança. Outra alternativa utilizada em alguns jogos tem todos os jogadores fora da pequena área, correndo em direção ao gol após a cobrança e ocasionando numa desordem na defesa adversária.
No momento defensivo, a equipe utiliza uma marcação mista, com dois jogadores realizando a marcação individual em atletas definidos previamente, enquanto outros quatro se posicionam na pequena área e um jogador fica preso à primeira trave no momento da cobrança.
MELHOR JOGADOR – PEDRO HENRIQUE

Artilheiro do Ceará na temporada, Pedro Henrique, até o momento, é o jogador mais impactante da equipe. O extremo costuma receber a bola aberto, partindo de fora para dentro, buscando o drible. O jogador tem uma passada média/larga e realiza boas corridas médias. Pedro também tem qualidade entrando na área para finalizar, sendo um ponta que arrisca bastante com bola.
Além do papel com bola, é um jogador que mostra disposição defendendo. Pedro Henrique faz bem o retorno para o campo defensivo, realizando seu papel na marcação por encaixes do Vovô. Normalmente é o responsável por pressionar o lateral adversário, tirando seu espaço. Um fator a se observar será como o atleta retornará após a lesão que sofreu, o afastando de campo por 6 semanas e, consequentemente, perdendo o início de Brasileirão.

MELHOR ESTRANGEIRO – LUCAS MUGNI

O argentino é um caso interessante a se observar, pois Lucas Mugni foi mudando suas características com o passar dos anos. Na sua primeira passagem no Brasil, ficou marcado como um meio-campista bastante lento, que se destacava apenas pela capacidade como passador. Um exemplo de enganche. Porém, hoje, o atleta participa muito mais do jogo, com e sem a bola, buscando movimentações em diversas áreas do setor ofensivo.
Sua velocidade é mediana, mas Mugni possui uma boa resistência. Além disso, mostra-se dinâmico, participando bastante da construção de jogadas, sobretudo pelo lado esquerdo, formando triangulações ao lado de Matheus Bahia e um dos extremos. Defensivamente, fica atrelado à primeira linha de marcação, normalmente realizando encaixes no primeiro volante adversário, o que diminui seu volume de participação durante a partida.

MELHOR JOVEM – GUILHERME LUIZ (2005)

Ganhando alguns minutos nesse início de temporada, Guilherme é um centroavante de características um pouco diferentes de Pedro Raul. O jovem tem altura e uma passada larga, conseguindo ser bastante ágil para o seu tamanho, além de ter uma velocidade boa para jogar em transição. O atleta gosta de receber a bola de costas, com qualidade para passar para os companheiros ultrapassando. Porém, ainda precisa maturar mais fisicamente.

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