GUIA DO BRASILEIRÃO 2025: CORINTHIANS
Com ataque estrelado e um elenco experiente, o Corinthians chega ao Brasileirão com a expectativa de brigar pelas primeiras posições.
O Corinthians terminou a última edição do Campeonato Brasileiro como uma das equipes mais quentes da competição, com o time finalizando a temporada com nove vitórias consecutivas. No entanto, antes da reação que resultou na classificação para a Libertadores da América, o clube paulista viveu momentos turbulentos dentro e fora de campo. Passou um período significativo dentro da zona de rebaixamento e fez uma janela de meio de ano movimentada que culminou com as chegadas de gente como Hugo Souza, André Ramalho, Charles, José Martínez, André Carrillo, Tales Magno e Memphis Depay. Em 2025, o SCCP anunciou apenas o reforço do lateral-esquerdo Fabrizio Angileri.
Neste início de temporada, a equipe de alvinegra terminou a primeira fase do Campeonato Paulista na liderança geral da competição, com 27 pontos, eliminou o Santos na semifinal e retornou à decisão do torneio regional após cinco anos.
Durante o período de fase de grupos, em que o Corinthians sofreu apenas uma derrota (para o São Paulo, no Morumbis), o treinador Ramón Díaz rodou bastante o elenco com o objetivo de preparar fisicamente os atletas para a reta decisiva do Paulistão e da Libertadores.
No entanto, a eliminação para o Barcelona de Guayaquil na Libertadores gera dúvidas sobre quão regular o Corinthians conseguirá ser dentro do Brasileirão e o quanto suas oscilações podem pesar visando a disputa do título nacional.

ESQUEMA DE JOGO

Visando acomodar suas principais peças ofensivas, o técnico Ramón Díaz utiliza um 4-4-2 em losango no centro do campo (4-3-1-2), que possui algumas dinâmicas interessantes. O sistema tático adotado pelo treinador argentino não é rígido, conta com muita mobilidade e fluidez de movimentos no centro do campo e, especialmente, no ataque. A equipe corintiana conta com o trio Garro-Memphis-Yuri Alberto como referência no setor ofensivo, com cada um dos três tendo suas funções bem determinadas dentro do funcionamento coletivo do Timão.
COMO ATACA
O Corinthians inicia seus ataques projetando seus laterais por fora, oferecendo amplitude, enquanto um dos volantes do trio de meias desce próximo aos zagueiros para um trabalho em saída de bola com três jogadores. O peruano André Carrillo é o meia versátil que mais faz esses movimentos de base de jogada ao mesmo tempo que participa da circulação ofensiva em zonas mais avançadas do campo.

O Corinthians se destaca por levar a bola rapidamente ao ataque, com os zagueiros e o interior de base de jogada iniciando rapidamente as jogadas, procurando passes curtos e médios pelo chão, e buscando tabelas e associações curtas para quebrar as primeiras linhas. Chegando ao último terço do campo, o Timão explora jogadas de definição rápida, busca fixar com uma recepção em apoio de Memphis na entrelinha ou meio-espaço antes de explorar os passes em profundidade tentando acionar Yuri Alberto nas costas do segundo zagueiro do lado oposto da jogada.
O argentino Rodrigo Garro também é uma peça importante para dar ritmo aos ataques rápidos da equipe paulista. Partindo da posição de 10, Garro flutua de um lado a outro para se aproximar de companheiros e na zona de 3/4 está presente com jogadas terminais, seja lançando os laterais em profundidade por fora, buscando uma assistência ou uma finalização da frontal da área.
O time de Ramón Díaz frequentemente concentra jogadores em uma faixa do campo antes de trocar de corredor, explorando a ultrapassagem de um lateral no lado oposto, ou isola um de seus atacantes para que ele receba um cruzamento dentro da área na segunda trave.
COMO MARCA OS GOLS
Como o Corinthians é uma equipe que busca impor ritmo dentro das partidas, seus gols nascem em jogadas que podem ser verticais (contra-ataques ou desde a saída de bola), em situações de poucos toques com a equipe explorando agressivamente a profundidade. Yuri Alberto é importante dentro da ideia, justamente por ser um atacante ameaçador em rupturas, principalmente após recuperações rápidas. O camisa 9 é um bom complemento a Memphis, que, atuando como segundo atacante, aparece em apoio, recebe ao pé e busca gerar situações com cruzamentos na segunda trave. Além disso, o time conta com uma bola parada forte, seja para escanteios ofensivos ou faltas frontais próximas da área.
COMO DEFENDE
O Corinthians tem se posicionado em bloco médio, mantendo também o desenho de seu losango na fase defensiva. Em situações de pressão alta, utiliza encaixes individuais com perseguições mais longas e abordagem defensiva mais agressiva. Em defesa posicional, o trio de meias do 4-3 é o responsável pelas ajudas sem a bola durante o balanço defensivo e são os jogadores que ajudam os laterais na recomposição.

O Timão, entretanto, tem apresentado problemas para defender o centro do campo, mais especificamente a frontal da própria área. Isso acontece por conta do trabalho defensivo dos médios, que precisam cobrir faixas grandes do campo e o sistema acaba exigindo muitas compensações. Em alguns casos, Ramón Díaz utiliza um sistema com três zagueiros (5-2-1-2) ou até mesmo o 4-4-2 tradicional para se adaptar ao adversário.
COMO SOFRE OS GOLS
Em jogadas originadas na, já comentada, zona central próxima da frontal da área. Mas também é uma equipe que tem sofrido muitos gols recentes a partir de jogadas em cruzamentos. A defesa em geral (incluindo o goleiro) está enfrentando dificuldades na hora de afastar as bolas ou se impor pelo alto. Inclusive as bolas paradas, especialmente os escanteios, também estão sendo um problema para o Corinthians.
BOLA PARADA
Ofensivamente, o Corinthians varia suas cobranças de bolas paradas nos escanteios. O Timão normalmente deixa dois jogadores na frontal da área e coloca outros cinco dentro da pequena área, mais próximos da primeira trave. As batidas variam entre diretas ou curtas. Em escanteios curtos, Memphis geralmente recebe de volta e, do bico da área, busca um cruzamento na segunda trave.
Nos escanteios defensivos, a equipe marca de maneira mista, preenche bastante a área e utiliza duelos individuais nos principais cabeceadores adversários.
MELHOR JOGADOR – YURI ALBERTO

Apesar dos altos e baixos do Corinthians em 2024, Yuri Alberto terminou a temporada passada com 31 gols totais e foi um dos artilheiros do Brasileirão, com 15 tentos. No sistema de Ramón Díaz, é uma peça que ataca as costas da defesa a todo momento e uma constante ameaça ao espaço. Além de suas rupturas, o camisa 9 é um atacante que consegue oferecer desmarques dentro da área, essenciais em muitos momentos para finalizações na marca do pênalti.
Cercado por jogadores criativos, como Memphis e Garro, Yuri termina por ser um excelente complemento por conta de sua agressividade na hora de oferecer movimentos em profundidade. Defensivamente, é quem acaba contribuindo mais dos jogadores de frente, seja em pressão ou tendo que fechar em uma linha de 4 em alguns momentos. Yuri Alberto é um jogador que tem evoluído cognitivamente, tomando boas decisões puxando contra-ataques e até mesmo dando assistências em jogadas de campo aberto.

MELHOR JOVEM – BRENO BIDON (2005)

Com pouca minutagem ainda neste ano com o Corinthians por conta de sua participação na campanha do título do Sul-Americano Sub-20 com a Seleção Brasileira, Breno Bidon foi um dos destaques da reta final do Timão em 2024. Campeão na Copinha do ano passado, Bidon ganhou espaço por sua versatilidade e boa capacidade técnica. O meia se destaca pela grande capacidade associativa, pela boa relação com a bola, pelos controles orientados e dribles curtos.

MELHOR ESTRANGEIRO – MEMPHIS

Em menos de 30 jogos, Memphis já está próximo de um duplo-duplo com a camisa do Corinthians. O holandês já registra nove gols e 10 assistências em 28 partidas disputadas pelo Timão. Jogando como um segundo atacante no sistema de Ramón Díaz, Depay se adaptou rapidamente ao futebol brasileiro e foi um dos personagens na reação corintiana do final de 2024.
Ao lado de Rodrigo Garro, é um dos principais responsáveis por gerar ocasiões de gols no Corinthians. Seu trabalho no último terço está mais presente na entrelinha ou somando ações na zona do meio-espaço, buscando cruzamentos, passes para gol ou finalizações em arco no lado oposto do goleiro. Em retomadas, é o principal lançador de Yuri Alberto ao espaço.

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