GUIA DO BRASILEIRÃO 2025: FLAMENGO

Atual campeão da Copa do Brasil e finalista do Carioca, o time de Filipe Luís chega para brigar pelo título brasileiro.

Desde a promoção de Filipe Luís a treinador da equipe principal, em outubro de 2024, o Flamengo mantém um nível de atuação bastante interessante, consolidando resultados e desempenho. O trabalho de curto prazo do ex-lateral rubro-negro ocasionou no título da Copa do Brasil, decisão que evidenciou a capacidade da equipe em competir sob diferentes contextos. Diante disso, Filipe ganhou estabilidade no cargo e recebeu reforços pontuais: Danilo e Juninho.

Neste início de 2025, o Rubro-negro foi soberano nos clássicos e está na decisão do Campeonato Carioca com boa vantagem, já que venceu o Fluminense no primeiro jogo. Inclusive, em 11 jogos com o time principal na atual temporada, o Flamengo sofreu apenas três gols. Ofensivamente, a equipe mantém um bom nível, mas Filipe Luís ainda não conseguiu trabalhar com suas melhores opções juntas, com Pedro e Cebolinha lesionados em boa parte do tempo. O mais interessante é que foi justamente nessa dificuldade que Filipe se destacou, encontrando soluções interessantes, como Bruno Henrique de centroavante.

Por todo o histórico, organização e investimento, o Flamengo é um dos grandes favoritos ao título brasileiro e um dos poucos elencos capazes de disputar efetivamente taças simultâneas.

Gráfico: Footure PRO

Montando o Flamengo no 4-2-3-1, Filipe Luís terá boas “dores de cabeça” quando tiver todo o elenco à disposição. Na linha de defesa, com a chegada de Danilo, a tendência é que Léo Pereira seja o reserva imediato do ex-jogador da Juventus e Léo Ortiz. As laterais são, de fato, inquestionáveis, mas Varela e Ayrton Lucas são ótimas sombras para Wesley e Alex Sandro, dupla recém convocada para a Seleção Brasileira.

No meio-campo, Pulgar se tornou um pilar da equipe e é um titular absoluto. Seu parceiro, em teoria, é Nico De La Cruz, que ainda não teve a sequência desejável e, consequentemente, também não atingiu o nível esperado. Gerson pode ser uma ameaça nessa posição. Porém, as melhores performances do camisa 8 da Gávea aconteceram atuando alguns metros a frente dos dois volantes, jogando da direita para dentro e abrindo o corredor para as ultrapassagens de Wesley.

A grande dúvida está no lado esquerdo do ataque. Gonzalo Plata, Luiz Araújo, Everton Cebolinha e até Bruno Henrique – quando Pedro retornar – podem atuar ali. Para o início do Brasileiro, a tendência é que os dois primeiros disputem a vaga. Na frente, dada a lesão de Pedro e a saída de Gabigol, Bruno Henrique se consolidou como 9 e assim deverá seguir até o retorno do titular natural.

Com a posse, o Flamengo inicia sua construção com a participação efetiva de quatro jogadores: os dois zagueiros e os dois volantes. A configuração de saída de bola poderá ser em 2+2 ou 3+1, a depender da movimentação de Pulgar, que pode baixar para o meio dos zagueiros ou seguir alinhado à De La Cruz. Sob pressão, os laterais estarão próximos desse quarteto para tornar a saída mais sustentada.

Tratando de dinâmicas no campo ofensivo, o Rubro-negro explora bastante as conduções de seus zagueiros para criar situações de terceiro homem nos lados do campo. Para isso, os laterais, Wesley e Alex Sandro, posicionam-se em amplitude, enquanto que Gerson e o extrema pela esquerda fazem movimentos em direção à zonas interiores. Por dentro, Arrascaeta é o ponto de desequilíbrio da equipe, tendo liberdade, principalmente ao se movimentar na entrelinha.

Em zona mais aguda, o time de Filipe Luís preenche bastante a área em situações de chegada à linha de fundo. Dessa forma, a movimentação do centroavante passa a ser facilitada, o que tem contribuído bastante para Bruno Henrique se adaptar rapidamente nessa função. Com o retorno de Pedro, as associações próximas à grande área tendem a melhorar diante da sua qualidade como pivô e por sua capacidade técnica. Filipe cria boas alternativas para diferentes contextos com essa diversidade de atacantes.

A principal arma ofensiva que tem gerado gols para o Flamengo é a busca pela inversão do corredor, principalmente no terço final. O time de Filipe Luís aglomera o lado que está trabalhando a bola e, com o espaço deixado pelo adversário no outro flanco, procura a ultrapassagem do jogador em amplitude. Essa dinâmica acontece principalmente da esquerda para a direita, já que Wesley tem sido um dos principais ativos ofensivos do Rubro-negro quando em velocidade.

Em fase defensiva, o Flamengo busca pressionar o adversário desde a saída de bola, postando praticamente todo time em campo de ataque. Dentro dessa situação, os atacantes possuem papel importante para tirar linhas de passe progressivo do oponente e forçar bolas longas. Assim, com o povoamento do campo contrário, o objetivo será vencer a segunda bola, com bastante intensidade e agressividade.

Com bloco mais baixo, o Rubro-negro se posta em um 4-4-2, com Arrascaeta e Bruno Henrique sobrando na primeira linha de marcação. As duas linhas de quatro são bem ajustadas e com jogadores intensos para tirar espaços e pressionar o portador. A recomposição nos lados do campo também é elogiável, com Gerson e Luiz Araújo, ou Plata, demonstrando bom vigor físico. Dessa forma, o Flamengo foi soberano nos 11 jogos que disputou em 2025 com o time principal, sofrendo apenas três. Todos em clássicos.

Pelo baixo número de gols sofridos nesta temporada, é até difícil traçar um padrão para esse tipo de revés acontecer. Porém, dois dos três tentos concedidos pelo Rubro-negro até então foram em bola aérea. Contra o Vasco, uma desatenção na segunda trave e diante do Fluminense, o mérito foi da antecipação de Cano. Algo interessante a se destacar também é que dois destes três gols aconteceram depois dos 40 minutos do segundo tempo, com vitórias já consolidadas do Flamengo.

As bolas paradas do Flamengo de Filipe Luís são bastante trabalhadas e possuem alguns padrões interessantes. Nos escanteios ofensivos, a equipe busca cobranças curtas com dois cenários possíveis. O que mais tem sido utilizado é o passe para quem cruzar a bola abrindo. Ou seja, na direita, o destro vai receber para alçar a bola na área. Na esquerda, a mesma dinâmica. Com isso, o intuito é buscar a primeira trave para uma finalização ou desvio em antecipação. A outra possibilidade é o “toca e recebe de volta” por parte do cobrador de pé trocado, para fechar o cruzamento em segunda trave.

Nos escanteios do adversário, o Flamengo promove uma marcação mista com os dez jogadores de linha defendendo sua própria área. Um desses dez fica mais atento ao contra-ataque, geralmente o extrema mais veloz. Uma perseguição interessante é a que Gerson exerce no melhor cabeceador adversário, o que aconteceu no duelo contra o Vasco, com Vegetti. O camisa 8 tem o dever de dificultar ao máximo os movimentos do jogador que representa a maior ameaça aérea nesse contexto.


Desde seu retorno na temporada passada, após ficar afastado durante alguns meses por um problema renal, Gerson se consolidou como o principal jogador do Flamengo. Ainda em 2024, na parada para a Copa América, o camisa 8 já assumia a responsabilidade na equipe. Assim, o “Coringa” terminou o ano passado com 12 partcipações diretas para gols em 50 jogos, sendo nove destas só no Brasileirão.

Para além das estatísticas, a influência de Gerson no Flamengo de Filipe Luís é bastante notória. Sua capacidade de atuar em diferentes funções e enfrentando diversos contextos, evidenciou seu papel também como líder técnico e vocal do elenco. Com bola, o meia tem uma abordagem acima da média, com excelente capacidade física – principalmente para reter – e refino técnico. Não é por acaso que virou nome recorrente nas convocações de Dorival Junior, inclusive brigando pela titularidade da Seleção Brasileira.

Gráfico: Footure PRO

Em outros anos considerado o melhor jogador do Flamengo, Arrascaeta sofreu com problemas físicos na última temporada e jogou apenas 33% dos minutos possíveis no Brasileirão 2024. Entretanto, quando está em campo, tem uma capacidade criativa e decisiva díficil de ser alcançada por alguém no elenco rubro-negro. Nesta temporada, o uruguaio se encontra em melhores condições e vem atuando com boa frequência, totalizando quatro participações diretas para gols em dez jogos. É, inegavelmente, o grande talento deste Flamengo.

Gráfico: Footure PRO

MELHOR JOVEM – WESLEY (2003)

É possível afirmar que Wesley é o grande caso de reviravolta, em questão de desempenho, com a chegada de Filipe Luís ao comando do Flamengo. O lateral-direito quase foi vendido em 2024 para a Atalanta e certamente não teria o mesmo reconhecimento se tivesse saído naquele momento. Desde então, Wesley cresceu muito como jogador, melhorando bastante nos contextos defensivo e físico. Outra valência bastante destacável é seu jogo ofensivo, com velocidade e potência para atacar profundidade, além da recente maturação nas tomadas de decisão. Dessa forma, foi premiado com sua primeira convocação para a Seleção Brasileira.

Gráfico: Footure PRO
Compartilhe

Comente!

Tem algo a dizer?