GUIA DO BRASILEIRÃO 2025: FLUMINENSE

Depois de escapar do rebaixamento em 2024, o Flu reforçou seu elenco e crê na continuidade do trabalho de Mano Menezes.

Com a garantia da permenência na Série A apenas na última rodada em 2024, o Fluminense ligou o alerta em relação ao elenco e se reforçou em praticamente todos os setores. Além disso, o clube optou por dar prosseguimento ao trabalho de Mano Menezes, que liderou a virada de chave do Tricolor Carioca no último Campeonato Brasileiro. Inclusive, Mano alcançou 53% de aproveitamento nas 25 rodadas que comandou o time, desempenho crucial para a fuga do Z4.

Em relação às contratações, o Fluminense investiu mais de R$ 110 milhões e trouxe dez novos jogadores para o elenco de Mano Menezes:

  • Marcelo Pitaluga (Goleiro)
  • Freytes (Zagueiro)
  • Renê (Lateral-esquerdo)
  • Otávio (Volante)
  • Hércules (Volante)
  • Rúben Lezcano (Meia)
  • Joaquin Lavega (Extrema)
  • Canobbio (Extrema)
  • Paulo Baya (Extrema)
  • Everaldo (Atacante)

Essas movimentações trazem maior profundidade para o grupo atual e resguardam o Fluminense em relação à competições simultâneas, já que terá Copa do Brasil e Sul-Americana nessa temporada. Assim, a expectativa para 2025 é animadora e o Campeonato Carioca transparece um pouco disso, com o Tricolor alcançando à decisão e duelando contundentemente nos clássicos. Mesmo assim, ainda é um trabalho em evolução e formação.

Gráfico: Footure PRO

Partindo em um 4-2-3-1, Mano Menezes vem consolidando sua equipe titular com uma ausência importante: Paulo Henrique Ganso. O meia foi diagnosticado com uma miocardite, inflamação do músculo cardíaco, no início da pré-temporada e ainda não ficou à disposição do treinador. Até por isso, podemos considerar que Ganso demorará um pouco mais a recuperar ritmo de jogo e, consequentemente, espaço no time.

Pensando no onze ideal, a linha de defesa possui vagas em aberto. É possível dizer que apenas Fábio e Thiago Silva são titulares absolutos. Nas laterais, Guga e Samuel Xavier lutam por vaga na direita, enquanto que Fuentes e Renê devem “duelar” na esquerda. O parceiro de Thiago também é uma incógnita, com Ignacio, Freytes e Thiago Santos como principais opções. Entre os volantes, Otávio chegou assumindo rapidamente a condição de titular, que antes era de Facundo Bernal. Ao lado do volante ex-Galo, a disputa é entre Martinelli e Hércules, recém-contratado junto ao Fortaleza.

Tratando do quarteto ofensivo, Jhon Arias passou a jogar por dentro com a ausência de Ganso, abrindo espaço para Serna no lado direito. Nesta função, Rúben Lezcano pode ser uma ótima opção mediante a sua adaptação ao futebol braileiro. Na canhota, Canobbio é a preferência de Mano Menezes, assim como Cano no comando do ataque.

Abordando a construção tricolor, o time de Mano Menezes utiliza uma saída de bola sustentada, em 4+1 ou 4+2 a depender da altura do bloco de pressão adversário. Geralmente Otávio é quem vai se postar como o primeiro apoio nessa situação, com boa capacidade de girar e sair para o jogo com rapidez. Algo interessante a se destacar é a relação entre lateral e ponta nesse Fluminense. As responsabilidades entre amplitude e ocupação do jogo por dentro são bastante dinâmicas entre estes jogadores, dependendo diretamente da característica de cada um.

Na direita, por exemplo, Guga tem por característica compor a construção em base de jogada e, em situação de ultrapassagem, atacar profundidade em zona interior. Samuel Xavier é o contrário, preferindo se aproximar da linha lateral. A escolha do ponta também é importante. Enquanto Serna oferece possibilidades por dentro e por fora, Arias e Lezcano são jogadores de armação e recebem a alcunha de “falsos pontas”.

Outra situação que se tornou notável no Fluminense de Mano Menezes é a busca por potencializar novamente Germán Cano, com situações variadas para atacar linha de fundo e buscar um cruzamento/passe rasteiro para o centroavante argentino. Algo que corrobora bastante com essa estratégia é a movimentação de Arias na posição de 10. O camisa 21 transita bastante na entrelinha, originando situações de superioridade a partir da dinâmica de terceiro homem nos lados do campo, bem como realiza desmarques para se apresentar como um segundo atacante.

Neste início de temporada, é possível identificar dois padrões que geram gols com alguma frequência para o Fluminense. Um deles tem sido o desmarque em diagonal de Canobbio, saindo da esquerda para dentro da área para finalizar a gol ou servir um companheiro. O outro tem por finalidade buscar linha de fundo para achar Germán Cano, geralmente em cruzamentos rasteiros.

Sem bola, o Fluminense de Mano Menezes se posta em um 4-4-2, com Cano e Arias sobrando na primeira linha de pressão. Ainda assim, a dupla é bastante ativa em fase defensiva, fechando linhas de passe e congestionando a área ocupada pelo volante oponente. Além disso, o compromisso dos pontas, principalmente de Canobbio, para recompor é um ponto que torna ainda mais difícil penetrar a defesa tricolor, permitindo aos laterais que se preocupem menos com a amplitude.

Ainda nessa segunda linha, os dois volantes são muito importantes para nortear a compactação e gerir a intensidade do bloco tricolor. Otávio e Martinelli possuem boa capacidade física e leitura para saltar e pressionar os meio-campistas adversários, situação que tende a originar boas oportunidades de contra-ataque para o Flu. Pelo padrão de compactar e tirar o espaço dos oponentes na entrelinha, a linha de zagueiros é bastante protegida, precisando se atentar, de fato, ao controle da profundidade e defesa da área, principalmente pelo alto. Nessa situação, Thiago Silva é um grande líder técnico e vocal para comandar o setor.

Apesar da atenção à compactação, o Fluminense vem sofrendo nas inversões de corredor do adversário, que, com a demora do balanço defensivo, já ocasionou em alguns gols nesse início de temporada. No pirmeiro jogo da final do Carioca, contra o Flamengo, por exemplo, os dois tentos concedidos foram originados desse tipo de situação.

Nos escanteios ofensivos, Mano Menezes opta por cobradores que façam a bola “abrir”, ou seja fugir da pequena área. Na direita, o cobrador tem sido Arias. Na esquerda, Gabriel Fuentes. Em questão de movimentos, o Fluminense coloca seis jogadores dentro da grande área. Três deles se posicionam mais próximos da primeira trave, os dois zagueiros partem da marca do pênalti para atacar a bola e Cano se posiciona em direção à segunda trave.

Já nos escanteios defensivos, os dez jogadores de linha defendem a área em uma marcação mista. As perseguições individuais acontecem nos adversários que se afastam do gol para atacar a bola em velocidade. Ao menos um dos zagueiros marca por zona e outros dois jogadores fecham a primeira trave. Pensando em uma possível transição rápida, Arias sobra.


Junto de Thiago Silva, Jhon Arias é o jogador que mais desequilibra no Fluminense. O colombiano se notabiliza pela diversidade de ferramentas técnicas e de características para atuar em três posições diferentes do ataque tricolor. Por sua mobilidade, o meia-atacante flutua bastante no campo e gera muitas dificuldades para o bloco de marcação rival, desestabilizando muitas vezes setores defensivos com seus desmarques de apoio.

Atuando por dentro, Jhon Arias vem rendendo bem e esse desempenho se converte em números, com cinco participações diretas para gols em nove jogos do Campeonato Carioca. Diante de tudo isso e com a adaptação dos novos reforços, a tendência é que seu rendimento cresça ainda mais.

Gráfico: Footure PRO

Em apenas dois meses de temporada, Germán Cano já superou seu número de gols do ano passado (7 em 42 jogos). Após fase ruim e jejum de gols atípico para os padrões do centroavante argentino, Cano totaliza 10 tentos em 13 jogos no início de 2025. A ótima média de 0,77 gol por jogo reflete a melhora técnica do camisa 14 e a reconexão com o time como um todo.

Mano Menezes é um dos grandes responsáveis por esse “retorno” do histórico atacante tricolor. Primeiro por acreditar no atleta e também por criar mecanismos e dinâmicas que favorecem as características de Cano, como foi exposto anteriormente. A partir disso, Germán Cano volta a ser protagonista e é o principal estrangeiro do elenco ao lado de Jhon Arias.

Gráfico: Footure PRO

Apesar das boas revelações da base tricolor, como Riquelme Felipe, o uruguaio Joaquin Lavega chegou ao Fluminense cercado de expectativa. O extrema, de apenas 20 anos, ainda nem fez sua estreia pelo Flu, mas foi convocado para a Seleção principal do Uruguai, por Marcelo Bielsa. Com versatilidade suficiente para atuar nas duas pontas, Lavega se destaca pela objetividade e inventividade nos duelos de 1×1, além de ser um jogador que demonstra muita confiança no seu jogo, independentemente do contexto.

Somado a essa diversidade de qualidades, Joaquin Lavega tem boa tomada de decisão em terço final, seja para gerar assistências ou nas finalizações. Uma amostra disso é que Lavega era o cobrador de pênaltis do seu ex-clube, o River Plate do Uruguai. Um jovem de prospecção interessante.

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