GUIA DO BRASILEIRÃO 2025: VASCO
Com Carille no comando e novos reforços, o Cruzmaltino busca ser mais competitivo nesta edição de Campeonato Brasileiro.
Após uma temporada de recuperação em 2024, com quatro treinadores diferentes na campanha do Brasileirão, o Vasco escolheu Fábio Carille como novo comandante do time principal. A chegada de Carille se alinha ao objetivo da diretoria, encabeçada pelo ídolo Pedrinho, de subir mais alguns degraus neste ano, tanto no Campeonato Brasileiro, quanto nas copas.
Diante disso, mesmo com a limitação orçamentaria, o Cruzmaltino trouxe oito reforços para 2025 com esfoques principais na defesa e nas pontas.
- Daniel Fuzato (Goleiro) – sem custos
- Lucas Oliveira (Zagueiro) – sem custos
- Lucas Freitas (Zagueiro) – sem custos
- Mauricio Lemos (Zagueiro) – sem custos
- Tchê Tchê (Meio-campista) – sem custos
- Benjamín Garré (Meia-atacante) – R$ 15 milhões
- Loide Augusto (Extrema) – R$ 9,2 milhões
- Nuno Moreira (Extrema) – R$ 22 milhões
Comparando com as últimas duas janelas de início de temporada, ainda sob a administração da 777 Partners, essa foi a com os menores gastos. Em 2023, no retorno à Série A, o Vasco gastou R$ 116 milhões em 16 jogadores. No ano seguinte, o clube desembolsou R$ 117 mihões em dez atletas.
Com isso, Carille investe na base do grupo semifinalista da Copa do Brasil e 10º colocado no último Brasileirão. O treinador ainda conta com os retornos plenos de jogadores importantes, como Adson, Paulinho e Jair, que estavam lesionados por longo período. Além disso, a aposta é grande em Philippe Coutinho com uma pré-temporada reforçada para ter constância física em 2025. Apesar das boas notícias, o time ainda não engrenou e foi eliminado na semifinal do Campeonato Carioca pelo maior rival, Flamengo.

ESQUEMA BASE

Contrariando as expectativas, Carille iniciou a temporada postando o Vasco em um 4-3-1-2, com uma trinca de volantes. Entretanto, após diversas questões físicas e de desempenho, o treinador retornou ao seu tradicional 4-2-3-1, com dois extremas e Coutinho centralizado. Na linha de defesa, quatro jogadores estão consolidados como titulares: Léo Jardim, Paulo Henrique, João Victor e Lucas Pitón. A disputa para fechar o setor é entre Lucas Freitas, que iniciou o ano se destacando, e Lemos, contratado para ser uma referência defensiva.
No meio, Hugo Moura conquistou a confiança de Carille e a condição de titular. Porém, ao seu lado existe uma grande disputa. Paulinho, Tchê Tchê e Jair são os mais indicados para a função de segundo volante. Na ponta direita, a briga também tende a ser acirrada, já que o jovem Rayan vem mostrando mais regularidade, Adson está retornando de lesão e Benjamín Garré foi contratado com status de peça importante. Nas demais posições, Coutinho, Vegetti e até o português Nuno Moreira estão estabelecidos.
COMO ATACA
Em cenário de posse, o Vasco de Fábio Carille aposta em uma saída de bola sustentada, em 4+1 ou 4+2, à depender da pressão adversária. Hugo Moura tem sido o principal ponto de apoio aos zagueiros no início da construção. Já Paulinho (ou Tchê Tchê) se projeta metros à frente para, quando receber, trazer velocidade e objetividade na organização ofensiva. O meio-campista tem papel importantíssimo na fluídez do Cruzmaltino em campo de ataque e na transição ofensiva, principalmente a partir de conduções e movimentos sem bola para gerar opção de passe.

Quando o time ganha metros após a saída sustentada inicial, os laterais se projetam no campo adversário e são os responsáveis pela amplitude, ocasionando em movimentos diagonais dos extremas, que ocupam o meio-espaço. Entretanto, é possível perceber diferentes mecanismos em cada um dos flancos.
Na direita, Paulo Henrique é um jogador privilegiado fisicamente e aposta muito em sua velocidade e nas conduções, seja em direção à linha de fundo ou até para dentro. De forma complementar ao lateral-direito, as opções de pontas demonstram características destacadas em zonas centrais. Rayan é um jogador que buscará sempre a área, muitas vezes como um segundo atacante. Já Garré e Adson possuem carater mais armador, como “falsos pontas”.
Na esquerda, Lucas Pitón se notabiliza por chegar muito bem à linha de fundo, mas, diferente de Paulo Henrique, via associações. Pitón é um lateral de bom jogo curto e que se beneficia de superioridades numéricas a partir das aproximações de Coutinho e do espaço que o ponta deixa no seu corredor. A formação de triângulos neste setor é bastante comum e natural, já que Nuno Moreira também é um atleta de carater associativo. Inclusive, o português deu um bom cartão visitas nas duas partidas que atuou, mostrando sua capacidade cortando pra dentro e de criação.
Tratando da dupla focal da equipe, Philippe Coutinho tem bastante liberdade para transitar na entrelinha e, inclusive, se aproximar dos volantes em contextos mais difíceis. Vegetti é o jogador alvo da equipe vascaína, seja nas bolas longas dos zagueiros e Léo Jardim ou em situações de pivô, principalmente a partir de tabelas induzidas pelo próprio Coutinho. Ainda assim, o argentino tem como grande característica o cabeceio a partir de cruzamentos, mecanismo utilizado amplamente pelo Vasco de Carille.
COMO MARCA OS GOLS
Como já acontecia na temporada passada, o Vasco segue investindo nos ataques pelos lados do campo com Carille e essa é a grande arma para criar chances, principalmente a partir de cruzamentos. O lado esquerdo é o flanco mais explorado nesse sentido, devido a concentração de talento com Lucas Pitón, Coutinho e Nuno Moreira. Nesse sentido, o alvo será geralmente Vegetti, tanto pelo alto quanto no chão.
COMO DEFENDE
Em fase defensiva, o Vasco aposta em um bloco médio/alto inicialmente. Nesse contexto, o time se posta em um 4-1-3-2, com Vegetti e Coutinho sobrando na primeira linha e Paulinho aparecendo logo atrás como um pilar da pressão. A intenção dessa formação é forçar o oponente a rifar a posse a partir das restrições em linhas de passe ou, na melhor das hipóteses, induzir o passe no volante adversário para que Paulinho exerça uma marcação mais ajustada e recupere a posse próximo a área.

Mesmo assim, esse é um padrão a ser aprimorado, já que foi possível observar um time com linhas espaçadas nesses momentos de subida de pressão, sobrecarregando Hugo Moura. Com as semanas livres antes do Brasileirão, é esperado um Vasco com um bloco mais coeso e entrelinha ajustada. Em bloco baixo, o time utiliza o tradicional 4-4-2, com Paulinho voltando a se alinhar com Hugo. A grande questão está na defesa dos lados do campo, já que os pontas não possuem característica marcante de recomposição e agressividade no combate aos laterais adversários.
COMO SOFRE OS GOLS
Um problema crônico do elenco vascaíno é a dificuldade de defender a entrada da área. Dessa forma, mesmo com Hugo Moura em campo, o Vasco sofreu quatro de cinco gols marcados pelo Flamengo nos três clássicos disputados em 2025. Essa dificuldade está diretamente ligada ao espaçamento das linhas de defesa e meio-campo, muitas vezes deixando o primeiro volante sobrecarregado na entrelinha.
BOLA PARADA
Nos escanteios ofensivos, o Vasco posta seis jogadores dentro da área do adversário. As presenças de Vegetti, os dois zagueiros e Hugo Moura são vitais para criar vantagem física e trazer perigo ao oponente pelo alto. Os cobradores são Philippe Coutinho e Lucas Pitón. Coutinho cobra pelo lado direito e Pitón pela esquerda. A estratégia de Carille é que a bola fuja do goleiro e encontre um dos cabeceadores entre a pequena área e a marca do pênalti.
Já nos defensivos, Carille coloca todos os seus dez jogadores de linha para defender a área. Coutinho e Nuno Moreira possuem menos atribuições nesses momentos, já que são as válvulas para contra-ataques. Em relação à configuração, o Cruzmaltino se utiliza de uma marcação mista, com cerca de três jogadores defendendo de forma zonal a primeira trave. Hugo Moura e os zagueiros são os encarregados de acompanhar individualmente as principais ameaças do oponente.
MELHOR JOGADOR – PHILIPPE COUTINHO

Philippe Coutinho chegou ao Vasco, ainda na metade de 2024, cercado de expectativas para liderar a equipe em objetivos maiores e ser um destaque individual no país. Entretanto, o meia precisou de um tempo para se recondicionar e enfim alcançou uma boa sequência nesse início de temporada. Em 15 partidas do Vasco no ano, Coutinho atuou em dez e contribuiu com quatro gols marcados.
Para além disso, a capacidade do camisa 11 como jogador é indiscutível. Coutinho é um atleta de excelente relação com bola, boa leitura para associações, criatividade no passe e ótima capacidade no arremate de média distância. Neste Vasco, é o desafogo técnico, aproximando-se constantemente da zona da bola, contribuindo prematuramente em organização ofensiva e trazendo pra si decisões agudas. Certamente pode render ainda mais e essa é uma grande esperança para Carille.

MELHOR ESTRANGEIRO – VEGETTI

Um dos principais artilheiros do Brasil em 2024, com 23 gols, Pablo Vegetti é uma referência do Vasco em campo e como líder vocal. O capitão cruzmaltino começou mais uma temporada com bons números e está afiado para o Brasileirão. Vegetti já marcou sete gols em 12 jogos no ano, resultando em uma média de 0,58 gol/jogo.
Além de estatísticas mais marcantes, o atacante argentino é muito importante em outros aspectos, como ao abrir espaços para companheiros atacarem área e nos duelos aéreos, com um aproveitamento de mais de 40% por jogo na última Série A. À primeira vista, este percentual não é tão impactante, mas precisamos lembrar do padrão em que Vegetti disputa esses lances: de costas para o zagueiro e sem referência física. Isso torna o trabalho do alvo da bola longa bastante difícil, por isso o destaque.
Em termos de características, Vegetti é um jogador que deixa um pouco a desejar na relação com bola, mas compensa muito nas ferramentas para finalizar, na imposição física e, principalmente, no posicionamento. O camisa 99 tem uma leitura para desmarques curtos acima da média, o que justifica sua capacidade nos cruzamentos para a área. Mais uma vez é um dos melhores jogadores da equipe e o principal estrangeiro.

MELHOR JOVEM – RAYAN (2006)

Em mais uma temporada, Rayan é a joia do Vasco. Nascido em 2006, o jovem atacante ainda não materializou a expectativa de desenvolvimento que se tinha a curto prazo, mas possui lampejos que demonstram suas capacidades. Neste início de 2025, o camisa 77 conquistou a confiança de Carille e vem ganhando minutos após o retorno do Sul-Americano Sub-20. Em cinco jogos desde então, marcou dois gols.
Principal ativo do Vasco, Rayan se destaca pela sua capacidade de atacar a área com desmarques de ruptura, pela imposição física mesmo com a pouca idade e o bom aproveitamento finalizando com o pé esquerdo. Tem uma curva de evolução bem grande para ser traçada ainda.

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