Guia do Brasileirão: Internacional

Com reforços estrelados se juntando a Alan Patrick e Enner Valencia, o Inter aposta no trabalho de Coudet para brigar pelo título.

Semifinalista da Copa Libertadores da América, o Inter terminou a temporada de 2023 com um “gosto de quero mais”. Ainda que o desempenho no Campeonato Brasileiro tenha ficado abaixo das expectativas e o time tenha sido eliminado de maneira traumática pelo Fluminense na maior competição do continente, o retorno no meio do ano de Eduardo Coudet reanimou o ambiente no Estádio Beira-Rio.

Nono colocado no último Brasileirão (muito pelo foco da equipe na Libertadores), o Inter de Coudet finalizou a campanha com a sensação de que estava seguindo o caminho correto e que, com os reforços necessários, poderia almejar coisas grandes em 2024.

O Colorado foi ao mercado, reforçou pontualmente o time titular e adicionou muita profundidade ao elenco com as 10 contratações feitas na janela. Entre elas, Rafael Borré, Lucas Alario, Thiago Maia, Alexandro Bernabei, Robert Renan e Fernando.

Gráfico: Footure PRO

Utilizando as mesmas bases táticas de sua primeira passagem no Inter e das demais equipes por onde passou, Eduardo Coudet mantém o seu tradicional 4-1-3-2. Chacho prioriza a busca por sair tocando desde a defesa e propor o jogo. O treinador argentino também gosta que sua equipe circule a bola com fluidez, mescle passes curtos com lançamentos longos, encontre opções na entrelinha e acelere pelos lados do campo com os jogadores em amplitude. Sem a bola, possui um trabalho de pós-perda muito intenso e sobe pressão com ao menos seis jogadores em campo contrário.

Com as diversas incorporações no elenco, é provável que Coudet utilize esquemas táticos diferentes ao longo do ano, como o 4-3-1-2, especialmente visando encaixar Valencia, Borré e Alan Patrick no time titular.

A saída de bola do Inter segue o padrão das equipes por quais Chacho Coudet trabalhou: desenho de saída 3+1 com o time buscando ser propositivo e construindo desde primeira a linha com três jogadores. A grande mudança é a presença do lateral-esquerdo Renê, que alinha junto aos zagueiros em iniciação ofensiva e progride por dentro como um lateral-interior. Na direita, Vitão é importante ganhando metros como o central que conduz a bola quando não pressionado e toma boas decisões na distribuição no campo adversário. O ‘5’ tem a função de jogar curto, ajudar nas progressões e encontrar Alan Patrick e Maurício na entrelinha com passes verticais.

Com a bola em campo contrário, o Inter abre o campo com lateral-direito Fabricio Bustos e o extremo-esquerdo Wanderson em amplitude – comportamento um pouco diferente dos trabalhos do Coudet justamente por conta do papel que Renê exerce em saída de bola. Por dentro, aproxima jogadores como Alan Patrick e Maurício, ademais do “8” (Aránguiz, Bruno Henrique ou Bruno Gomes) que também preenche a entrelinha.

O Colorado de Chacho é um propositivo e gosta de controlar tendo a posse de bola. É um time que gosta de circular a bola com alguma velocidade e troca de passes em um ritmo mais elevado, para gerar vantagens sobre o sistema defensivo adversário. Por isso, as jogadas de aproximações, as tabelas curtas para tocar e aparecer estão sempre presentes na equipe vermelha.

Todo esse dinamismo na construção acaba potencializando, na frente, a agressividade e a hiperatividade de movimentos de um atacante como Enner Valencia, principal reforço do time na última temporada.

O Inter é uma equipe que tem uma facilidade para atacar por todos os lados, seja por dentro com três ou mais jogadores que vão encontrar Valencia nas costas da defesa ou gerando jogo por fora nas dobradinhas pelo setor com Maurício e Bustos.

O time de Chacho Coudet tem naturalidade e recursos para construir em espaços reduzidos por conta da criatividade e visão de jogo de Alan Patrick, ou pelos lados seja pela individualidade de Wanderson e a profundidade que a dupla Maurício-Bustos oferece na direita buscando cruzamentos na área para Enner Valencia.

O Inter de Coudet não abre mão de pressionar alto. Para isso, o desenho dos dois atacantes com os três meias do 4-1-3-2 é importante nos encaixes de pressão e preenchimento de espaços e cortes de linhas de passe. A equipe vermelha também tende a induzir os adversários para os lados do campo (ou setor mais frágil construindo com a bola) para forçar o erro ou conquistar a retomada em um lançamento longo.

Os jogadores que atuam na posição de “5” e na linha defensiva são importantes nas coberturas e na entrega defensiva em situações de inferioridade ou igualdade numérica quando as primeiras linhas de pressões são superadas. Isso explica a busca do Inter por jogadores de perfis como Thiago Maia, Fernando e Vitão.

Nos escanteios ofensivos, o Inter apresenta uma variação dependendo dos adversários. Contra rivais de estatura mais elevada, utiliza com mais frequência os escanteios curtos com o recuo de bola sendo bem elevado para forçar a linha defensiva adversária a ter que subir mais. Visando a descoordenação da defesa, busca cruzamentos na segunda trave ou em dois lances.

Nas bolas paradas defensivas, o comportamento é majoritariamente individual. Alguns jogadores (primeira e além da segunda trave) estarão em uma marcação por zona


Vindo dos melhores números da carreira em 2023, Alan Patrick foi o artilheiro do Inter no ano passado com 16 gols e ainda deu outras 10 assistências. É um jogador muito elegante dentro de campo, com gestos técnicos refinados, com uma visão de jogo ampla e com uma criatividade chave para furar bloqueios defensivos a partir do passe.

Gráfico: Footure PRO

Sua presença entrelinhas e facilidade para criar jogadas encaixaram de maravilha com o atacante equatoriano Enner Valencia. Alanpa deve desempenhar um papel importante ao decorrer de 2024. Coudet já mencionou a possibilidade de utilizá-lo como “8” (o meio-campista centralizado da linha de 3 do 4-1-3-2) quando for necessário para jogar com Valencia e Borré como dupla no ataque.

A última temporada (com 11 gols e 11 assistências) foi de afirmação para o jovem camisa 27. Bastante regular desde a chegada de Chacho, Mauricio exerce um papel importante dentro do sistema ofensivo colorado. Consegue jogar com facilidade no meio-espaço pela direita, trabalhando em espaços reduzidos e sendo importante para combinações rápidas por dentro. Além disso, forma uma dobradinha bastante perigosa pelo flanco destro com Bustos. Ainda precisa evoluir em aspectos comportamentais, mas é muito talentoso e uma arma lançando transições ou criando ocasiões nos metros finais.

Gráfico: Footure PRO

Mesmo chegando na segunda parte da temporada em 2023, Valencia terminou o ano como vice-artilheiro com 13 gols. O equatoriano se adaptou rapidamente ao sistema de Coudet, e foi decisivo na campanha da última Libertadores. O camisa 13 colorado é uma verdadeira ameaça em profundidade nos metros finais e finalizando dentro da área, mas também causa danos jogando pouco mais distante buscando embates individuais e acelerando com a bola conduzida quando tem espaços.

Gráfico: Footure PRO
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