Guia Tático do Brasileirão 2023 | Atlético Mineiro de Eduardo Coudet

Com a chegada de Eduardo Coudet, o Atlético Mineiro busca a identidade de time rápido, vertical e com forte pressão no adversário para o Brasileirão 2023

Apesar de classificar para a Libertadores, o Brasileirão 2022 do Atlético Mineiro foi de oscilação com a saída de Cuca após o título no ano anterior, a chegada de ‘Turco’ Mohamed e o retorno de Cuca. Neste ano, Rodrigo Caetano apostou em um nome conhecido: Eduardo ‘Chacho’ Coudet. O argentino chegou junto com reforços e com pouco tempo conseguiu implementar seu modelo de jogo. Classificado para a fase de grupos da competição continental e finalista do Campeonato Mineiro, uma equipe a se obervar em 2023.

ESQUEMA DE JOGO

Adepto do sistema 4-1-3-2, Coudet se mantém fiel ao estilo em todas as equipes por quais passou (Rosário Central, Tijuana, Racing, Inter, Celta de Vigo). Sem abrir de sair jogando desde a defesa, prioriza ataques bastante verticais com os zagueiros encontrando os meias atacando as costas da defesa ou então buscando o centroavante. Os laterais espetam como pontas a todo instante com a bola e uma das bases do seu jogo sendo a pressão pós-perda e marcação alta para recuperar e atacar o rival o mais rápido possível.

Utilizado em todos os clubes que trabalho, o 4-1-3-2 é o sistema tático base de Eduardo Coudet (Arte: Filipe Borin)

SAÍDA DE BOLA

Na saída de bola, o Atlético Mineiro já contava com Everson sendo um jogador central para auxiliar os zagueiros em construção. Partindo de uma saída de 3+1, Allan sempre baixa entre os zagueiros para iniciar os passes e liberar os laterais a chegarem no campo adversário. Cabe ressaltar aqui, a importância não só dos passes curtos buscando Zaracho nas costas da primeira marcação, mas também dos zagueiros (Jemerson e Mauricio Lemos) a tentarem bolas longas diretamente para os alas ou nas costas da defesa adversária para Paulinho e Hulk.

COMO A EQUIPE CONSTRÓI

Construindo, o Galo sempre junta muitos jogadores por dentro, criando linhas de passe curto (Zaracho, Edenilson/Pedrinho, Patrick, Paulinho e Hulk) sempre estão próximos para tocar e aparecer, se movimentando contra a defesa adversária. Com isso, os laterais Dodô — enquanto Arana não se recupera — e Saravia são responsáveis por abrir o campo e receber a bola pelo lado. Dos quatro meio-campistas, Patrick é com maior chegada a área e costuma receber a bola mais no meio-espaço entre zagueiro e lateral adversário para chegar ao fundo, uma característica que pode se adaptar com o provável retorno do lateral esquerdo Guilherme Arana.

O meia central acaba sendo um jogador fundamental para o funcionamento da equipe no jogo mais curto. Com diversos testes ainda na temporada, a confirmação deve ser de Zaracho no setor. Ele é quem recebe o primeiro passe na saída de bola e conecta a defesa e ataque da equipe, buscando sempre verticalizar o mais rápido possível.

COMO SAEM OS GOLS

Com a chegada de Paulinho, Hulk encontrou um parceiro ideal para trocar de posição e criar dúvida nas defesas adversárias. O camisa 7 geralmente recebe a bola ao lado direito e busca o passe em profundidade nas costas da defesa para Paulinho se infiltrar — movimento que o ex-Vasco é muito inteligente para realizar. Esse desmarque de Paulinho que gerou gols com lançamento dos próprios zagueiros.

Hulk é importante finalizando e construindo as jogadas com Paulinho no ataque (Gráfico do Footure PRO)

Por ser um time muito vertical, cria volume de jogo num jogo direto com os alas chegando ao fundo e Patrick, neste início de temporada, sendo importante nos movimentos pelo lado esquerdo para cruzar. É um time que, pelas características dos jogadores titulares nesse ano, não busca tanto jogo por dentro (apenas com a dupla de ataque), mas sim jogadas pelo lado.

A mudança que vem acontecendo nos últimos jogos é que, com a entrada de Pedrinho, o time tem ganho pausa e mais construção a toques curtos para encontrar Hulk e Paulinho em zonas mais livres do campo para a jogada individual.

COMO DEFENDE

A premissa da equipe de Coudet é marcar alto. Defendendo em 4-1-3-2, o Atlético se “divide” em dois grandes blocos para recuperar a bola. O primeiro, formado pelos dois atacantes mais os três meias fecham os espaços já na saída de bola rival e tentam induzir a todo instante para o lado do campo — obrigando, muitas vezes, a darem o chutão. Aqui, volta a ser importante o meia central (Zaracho): ele é responsável por fechar o passe por dentro e recuperar a bola para atacar. O argentino usa muito sua leitura e capacidade física para isso.

O outro bloco, formado pelo camisa 5 e a linha defensiva, joga mais adiantada para encurtar o campo e ganhar os duelos pelo alto. Os laterais precisam ser agressivos para marcar o ponta rival neste momento do jogo, enquanto o volante ter velocidade para cobrir os dois lados e não deixar o time em inferioridade numérica.

COMO TOMAM OS GOLS

Hoje, o Atlético Mineiro tem tido um principal problema: a bola aérea defensiva. Um problema recorrente nas equipes de Coudet inclusive. As bolas paradas defensivas, escanteios de maneira geral, fazem a equipe sofrer alguns gols. Porém, um ponto a se observar é a velocidade da linha defensiva. Atuando em linha alta, os atuais titulares não possuem tanta velocidade para coberturas e sofrem em alguns momentos dos jogos. Um risco calculado, claro, pelo treinador.

BOLA PARADA

Nos escanteios ofensivos, o Atlético Mineiro busca cruzamentos mais abertos — na região da marca do pênalti — para os seus zagueiros ganharem pelo alto da marcação, mas até o momento da temporada não tem sido uma grande arma ofensiva com exceção de um ou outro lance. Uma variação que pode acontecer é a cobrança seguir sendo aberta, mas com jogadores buscando se antecipar na primeira trave.

Na parte defensiva dos cantos, marcação predominantemente individual — então o número de jogadores depende mais do rival — e dois atletas defendendo por zona a primeira trave (Hulk + Paulinho) e tentando bloquear os cruzamentos mais fechados.


Uma escolha difícil quando você tem Paulinho na equipe, mas Hulk segue em alto nível no Galo e Eduardo Coudet busca potencializar o jogador cada vez mais. A liberdade dada ao segundo atacante do 4-1-3-2 combina com o camisa 7. São 12 participações em gol (10 gols e 2 assistências) em 12 jogos na temporada.

Com movimentos predominantemente partindo da direita para o centro, Hulk tem sido importante na construção dos ataques com Paulinho, ao realizar passes em profundidade nas costas da defesa ou então com suas finalizações de média/longa distâncias, inclusive já são 3 gols de falta na temporada das mais diferentes posições do campo.

Apesar do início de temporada oscilante devido a uma lesão e questões pessoais, Zaracho segue sendo peça chave para o melhor Atlético Mineiro. Sua capacidade física, aliada a boa técnica com a bola, fazem com que ele desempenhe muito bem função do meia central nas equipes de Coudet. Ponta de origem, foi o atual treinador que mudou sua posição no início da carreira (no Racing) para o centro do campo. Leitura dos espaços para subir a pressão e fechar espaços são armas do argentino em fase defensiva numa equipe que busca pressionar o rival a todo instante.

Com elenco de média idade e poucos jogadores nascidos antes de 2003, um jovem para ficar de olho é Alisson Santana. O ponta da equipe sub-20 é canhoto e atual, geralmente, pelo lado direito. Boa velocidade, drible e condução são alguns predicados do atleta que foi um dos destaques do Galo na Copinha 2023. Apesar de não atuar com pontas na equipe principal, o jogador poderia ser uma espécie de segundo atacante ou meia direita conduzindo para os dois lados e com boa finalização.


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