Guia Tático do Brasileirão 2023 | Botafogo de Luis Castro

Após a eliminação cedo no Estadual, a cobrança em cima de Luis Castro e do Botafogo aumentaram numa temporada de oscilação da equipe

Completando um ano a frente do Botafogo, Luis Castro tem novos desafios para a temporada de 2023. A cobrança por um desempenho melhor e a evolução dentro de campo aumentou. Com o objetivo de ser protagonista dentro de campo, independente do adversário, o Botafogo foi se adaptando e ainda busca chegar em sua melhor forma para o início do Brasileirão após a eliminação cedo no Carioca.

ESQUEMA TÁTICO

A equipe mantém o sistema 4-2-3-1 como base — apesar de variações ao longo da partida para o 4-3-3/4-1-4-1 dependendo do movimento do meia central. Assim como na temporada passada, o Botafogo segue buscando protagonismo com a bola e utilizando os zagueiros na saída de bola contando com a participação ativa dos laterais e volantes. No ataque, uma equipe que vai potencializando (e também é potencializada) pela presença de Tiquinho Soares gerando jogo como pivô e ocupando os espaços para finalizar com dois pontas, geralmente, com velocidade para o um contra um.

O Botafogo parte do sistema 4-2-3-1, mas pode ter variações para o 4-3-3 dependendo do movimento do meia centra (Arte: Filipe Borin)

SAÍDA DE BOLA

Com a chegada de Lucas Perri, a concorrência no gol aumentou, mas o ex-goleiro de São Paulo e Náutico consegue ajudar a equipe já construção curta. Quando no próprio campo, mesmo que sem uma pressão mais intensa, o Botafogo inicia o ataque com a saída sustentada (quatro defensores + volantes) sem acelerar tanto a jogada e, a medida que vai chegando na linha de meio, vai liberando mais os laterais ao ataque.

Neste caso, a figura determinante nessa fase acaba sendo Tchê Tchê. O meio-campista pode baixar entre zagueiros para manter uma estrutura com três na defesa em construção ou então receber nas costas da marcação. Sua capacidade de girar para os dois lados e ambidestria em alguns momentos, ajudam o time na saída de bola. Dependendo do jogo (e do ponta/extremo escolhido por Castro), um dos laterais pode ficar mais por dentro também na construção.

COMO A EQUIPE CONSTROI

Adepto de um jogo mais posicional, o Botafogo parte de duas estruturas para atacar: 2-3-5 ou 3-2-5. O zagueiro Victor Cuesta é importante com suas conduções pelo lado esquerdo para construir os ataques ou até mesmo com inversões diretamente ao ponta direita/lateral direito em jogadas de 1 contra 1.

Conduzindo e com chegadas no campo adversário, Cuesta é importante na construção dos ataques do Botafogo (Gráfico do Footure PRO)

Ainda na defesa, outra figura a se destacar em fase ofensiva é Marçal. O lateral esquerdo tem a ótima leitura para receber o passe mais por dentro, atraindo a marcação e liberando o ponta esquerda para a jogada de 1 contra 1 — ou até mesmo buscar cruzamentos de zonas mais intermediárias — e acaba sendo chave não só em saída de bola, mas como no ataque.

O Botafogo gosta muito de construir por lado, atrair a marcação e então trocar de corredor rapidamente para gerar a igualdade numérica no lado oposto. Para isso, precisa que os meio-campistas sejam rápidos trocando passes e ainda utilizando o pivô de Tiquinho para receber de costas e girar ou já tocar de primeira para o ponta.

COMO SAEM OS GOLS

Com 6 gols em 14 jogos da temporada, Tiquinho Soares é quem gera maior expectativa para a temporada. É o alvo dos ataques do Botafogo seja quando o time está sob pressão e busca uma bola longa para ele brigar por cima e fazer o time conquistar a falta ou a posse de bola, ou então nos seus movimentos inteligentes nas costas da defesa chegando para finalizar.

Por outro lado, ainda mais com a presença de Jeffinho no início do ano, o Botafogo sempre buscou muito o lado esquerdo para jogadas de 1 contra 1 e então finalizar o lance. Nas últimas semanas, tem encontrado mais dificuldade com o substituto do agora jogador do Lyon. Mesmo assim, é um time que ataca muito apostando nos lances individuais pelos lados do campo para agredir o adversário.

COMO DEFENDE

A marcação do Botafogo é realizada em bloco médio/alto nos mais diversos momentos. Aqui, é importante ressaltar os movimentos de Eduardo subindo a pressão e a equipe se postando em 4-4-2 na primeira marcação e, depois, em 4-1-4-1 quando está em bloco médio baixo. Para tentar recuperar no campo rival, Tiquinho tenta induzir o passe do zagueiro para o lateral (e já fecha o passe para o goleiro) e então a marcação encaixa com ponta no lateral, lateral no ponta e meia no volante para induzir ao chutão ou erro.

A linha de defesa joga bastante adiantada para evitar troca de passes na entrelinha (espaço entre defesa e meio) com o goleiro precisando estar bem atento a qualquer passe longo para cobrir as costas da marcação. No bloco médio, Tiquinho acaba ficando mais solto para receber o jogo direto e iniciar a transição ofensiva.

COMO SOFREM OS GOLS

O maior problema do Botafogo atualmente acaba sendo a pressão na bola. Apesar de ser uma constante cobrança de Castro, em diversos momentos a equipe não consegue fechar os espaços e deixam o rival conduzir a bola por um tempo considerável para pensar e agir. Sendo assim, a linha defensiva — que joga adiantada — acaba sofrendo com passes nas suas costas.

BOLAS PARADAS

Ofensivamente, o time tem trabalhado com cruzamentos mais fechados buscando a linha da pequena área e tem em Adryelson, Cuesta e Tiquinho como jogadores alvos para receber o cruzamento. O primeiro, inclusive, acaba sendo o mais efetivo nas jogadas. Em outros momentos, pode buscar a segunda trave para o argentino Cuesta chegar cabeceando ou tocar de volta a primeira trave em jogada ensaiada.

Defensivamente, a marcação é predominantemente zonal com cerca de 5/6 jogadores focados na pequena área, enquanto outros dois jogadores ficam encarregados de marcar os principais cabeceadores rivais ou, pelo menos, bloquear suas chegadas com maior facilidade para cabecear.

Desde sua chegada, Tiquinho foi se colocando como melhor jogador do Botafogo. Apesar da altura (1.87), não é apenas um centroavante para esperar cruzamentos ou passes e finalizar. Tem inteligência nos movimentos fora da área para realizar o pivô e acaba sendo alvo do jogo mais direto, no mínimo, disputar a bola e ganhar a falta.

Saindo da área, Tiquinho Soares acaba sendo uma arma para o Botafogo atacar

Sua capacidade de finalização é acima da média. Com média de 2.9 chutes por jogo, cerca de 45% deles vão no alvo e sua expectativa de gols é de 0.5 por jogo. Ou seja, um gol a cada dois jogos. Se o Botafogo pensa em voos maiores ao longo da temporada, o sucesso da equipe de Castro passa muito por potencializar Tiquinho.

Liderança da equipe, Victor Cuesta é muito importante ao Botafogo por sua capacidade de encontrar passes longos (60% de acerto) e inverter as jogadas para o ponta direita ou conduzir a bola ao ataque e buscar cruzamentos na segunda trave. O ex-zagueiro do Inter acabou se adaptando muito bem no que pede Castro ao zagueiro e, apesar de não ser tão rápido, tenta compensar sempre com seu bom posicionamento em fase defensiva, principalmente para antecipar o atacante rival em desmarques mais curtos. A bola aérea ofensiva é outro ponto notável do seu jogo ao receber os cruzamentos na segunda trave.

Apesar de não viver seu melhor momento na carreira e ter passado por uma transição complicada da base para o profissional em termos de expectativa e necessidade do clube, Matheus Nascimento ainda é uma joia do Botafogo e que o clube precisa ter todos os cuidados. Atuando mais adiantado, como 9, não tem sido potencializado e está tocando pouco na bola. Sua boa inteligência para se movimentar e chegar na área finalizando pode ser um trunfo para Castro ganhar variação ao longo das partidas. Boa velocidade para distâncias médias e longas, além do bom equilíbrio em duelos são um ponto importante do jogador.

Precisando de confiança, Matheus Nascimento pode se tornar um reforço em 2023 se retomar seu nível (Gráfico do FooturePRO)

Sem confiança, não tem conseguido repetir atuações de outrora. Resta ver como será distribuída sua minutagem ao longo da temporada e como o treinador buscará fazer o jogador se tornar um reforço ainda em 2023.


Você pode assistir a análise completa em vídeo, aqui:

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