Guia Tático do Brasileirão 2023 | O Palmeiras de Abel Ferreira

Atual campeão brasileiro, o Palmeiras chegará para a edição de 2023 com algumas mudanças importantes em seu elenco. Apesar da manutenção não apenas do modelo de jogo dos últimos anos, mas também de uma base de jogador, as baixas de titulares como Danilo e Scarpa causaram dificuldades coletivas e técnicas para a equipe.

Apesar de ter apenas uma derrota no ano, a equipe de Abel Ferreira mostra alguns problemas em saída de jogo e defesa pelo meio. Porém, ainda deve-se esperar coisas grandes do time ao longo da temporada. Com a solidez defensiva mantida e com Dudu, Rony e Raphael Veiga mantendo um alto nível de rendimento. 

ESQUEMA DE JOGO 

De uma maneira geral, pode-se dizer que a equipe de Abel Ferreira posta-se em 4-2-3-1 em campo. Principalmente ao observar os nomes que estão na maioria das escalações. Contudo, com a bola, o posicionamento do Alviverde assemelha-se mais a um 3-4-2-1. Com Marcos Rocha entre os zagueiros e Veiga ocupando uma zona entrelinha. Outro extrema pode ocupar esse espaço com o meia da equipe, porém, nessa temporada, o lateral Piquerez tem ocupado bastante o setor, atuando como um lateral por dentro, enquanto o extrema esquerda dá amplitude. 

SAÍDA DE BOLA 

Mantendo o padrão de outras temporadas, em 2023 o Palmeiras opta por realizar uma saída com 3 jogadores, deixando um dos laterais na linha dos zagueiros. Normalmente sendo Marcos Rocha o escolhido para exercer a função. O lateral direito tem muita importância na bola longa para os extremos. Contudo, algo que era vital para o funcionamento dessa construção, era a participação de Danilo, conseguindo encontrar com facilidade o passe por dentro para acionar os meias. Para seu lugar, Abel tem usado Zé Rafael, o que tem gerado dificuldades principalmente quando este recebe a bola de costas. O jogador acaba tem perdas de posse importantes em zonas perigosas, além de não ter a mesma facilidade que Danilo para achar o passe na entrelinha. 

COMO CRIA AS JOGADAS

A partir do momento que ocupa o campo ofensivo, as jogadas do Palmeiras se dão principalmente pelos lados do campo. Criando situações para ativar seus extremos em lances de 1×1, principalmente Dudu. O ídolo do clube tem atuado pela direita, tendo muita vitória pessoal nos embates contra os laterais dos adversários. Com a chegada de Artur, a tendência é que o camisa 7 passe para o lado esquerdo com o decorrer das rodadas. 

As saídas de Gustavo Scarpa e Danilo trouxeram algumas mudanças no alviverde. Uma delas já citada, o recuo de Zé Rafael para a cabeça de área. Dando menos peso ao jogador em fase ofensiva. E o fato do atleta não ter as mesmas características da sua antiga dupla, tornam a construção pelo meio mais problemática. Atuando como um camisa 8 agora, Gabriel Menino tem sido um dos destaques ofensivos da equipe, já tendo três gols e uma assistência no ano. Menino tem demonstrado qualidade pisando na área, precisando decidir com mais assertividade em alguns momentos. A chegada de Richard Rios vai dar uma maior fisicalidade ao setor. O ex volante do Guarani tem um bom perfil físico e boas qualidades conduzindo a bola, podendo emular algo próximo do que Zé Rafael fez nos últimos anos. 

Já para ocupar o lugar de Scarpa, Abel optou por dar mais peso a Raphael Veiga na construção. Antes focado mais em influenciar no terço final, o meia passa a ajudar na circulação de bola em vários setores do campo, além de ser responsável por encontrar passes mais criativos para levar seu time ao gol adversário. Rony é responsável por dar profundidade as jogadas do alviverde. O atacante usa sua qualidade no desmarque para ser acionado em profundidade, além de levar muito perigo em transição. Contudo, talvez sua maior letalidade venha de jogadas em bola aérea (LINK TEXTO DO MATHEUS). 

COMO SAEM OS GOLS

Uma das jogadas mais perigosas do Alviverde, é a bola parada. Tendo principalmente Rony, Murilo e Gomez como principais alvos. O Palmeiras executa bem ações de bloqueio para permitir que seus zagueiros cheguem em boas condições, enquanto Rony usa sua impulsão e velocidade para conseguir levar vantagem em lances no primeiro pau. E a dominância na bola pelo alto não é apenas em lances de escanteio. Com uma construção que busca levar vantagem pelos lados do campo, é natural que muitas jogadas do time acabem em situações de cruzamento – pelo alto ou por baixo. Gerando ocasiões de gol principalmente em desmarques de Rony. 

COMO TOMAM OS GOLS 

Como completo contraponto ao excelente jogo aéreo defensivo, o Verdão sofre a maioria de seus gols em lances de bola parada do adversário. Tendo dificuldades de vencer duelos pelo alto, principalmente quando o oponente supera a marcação individual e ataca o espaço da parte que marca em zona. Outra fragilidade é a dificuldade em defender após erro na saída de bola. A estrutura do time desestabiliza-se, gerando um efeito dominó e consequentemente, chances para os rivais. 

MARCAÇÃO ALTA

Quando sobe a marcação, a equipe de Abel Ferreira normalmente põe Veiga encaixado no volante adversário, tirando esse atleta da fase de construção. Enquanto Rony movimenta-se para induzir o passe dos defensores, normalmente para o lado mais fraco de saída da equipe rival, ou forçar a bola longa para Murilo e Gustavo Gomez disputarem a bola pelo alto. Os extremos ficam encubidos de pressionar os laterais e Zé Rafael e Menino ficam mais atrás de Veiga, tentando principalmente interceptar os passes e fechar espaços dos meias adversários. 

FASE DEFENSIVA 

Usando uma marcação em 4-4-2, tentando pressionar os jogadores que se encontram no setor da bola. Com Zé Rafael e Menino por dentro e os extremos complementando essa linha de 4 no meio. Gustavo Gomez tem grande importância encurtando distâncias na entrelinha, pressionando bem os jogadores adversários que receberam o passe no setor. Junto de Murilo, o capitão também demonstra qualidade ao defender a profundidade.

A dupla de volantes ainda busca o encaixe ideal nesse lado do campo. Tendo alguns problemas para encurtar a distância entre eles, além de que, Danilo agregava defensivamente com muita velocidade e capacidade de realizar coberturas. Os laterais Marcos Rocha e Piquerez são peças fundamentais, vencendo duelos defensivos contra os extremos rivais. Duelos esses que o Verdão tem conseguido vencer com frequência, tendo 57,6% de aproveitamento no quesito.

BOLA PARADA 

Atacando o Alviverde tem um padrão claro nas batidas. Rony busca fazer o movimento para a quina da pequena área, buscando um desvio na primeira trave. Usando bem sua impulsão e velocidade para se antecipar a marcação. Outro alvo é a dupla de zaga Murilo e Gomez, responsáveis por 22 gols em 2022. Os defensores se posicionam um pouco atrás da marca do pênalti e atacam a pequena área no momento da cobrança, usando de bloqueios para conseguirem desmarques, ou então atacando a segunda trave, em um local menos movimentado da área. 

Defensivamente a equipe apresenta uma marcação predominantemente em zona. Com três jogadores realizando marcação individual nos zagueiros adversários. A dupla de zaga do Verdão fica mais posicionada no centro da linha da pequena área. 

Convocado para a seleção, Veiga está no seu melhor momento da carreira. Dois anos em que o meia do Palmeiras está entre os principais jogadores do país. Mas para além disso, o jogador está passando por uma mudança de função. Antes, Raphael aparecia para jogo principalmente finalizando as jogadas, seja com a finalização propriamente dita, ou com a assistência. Mas desde a saída de Gustavo Scarpa, o ídolo alviverde passou a ter maior influência na construção da equipe. 

Ficando em zonas entrelinhas normalmente, Veiga busca se movimentar dentro do campo ofensivo para ajudar na rotação de bola da equipe, mas tentando manter a sua participação para terminar as jogadas. A saída de Scarpa fez também com que o camisa 23 fosse designado para as bolas paradas do Verdão. Veiga costuma encontrar bons cruzamentos com a bola rolando, recebendo o passe na linha lateral próximo a área. 

Há alguns anos como um dos principais defensores do país, Gomez segue sendo a âncora da defesa palmeirense. Dono de uma ótima leitura de jogo, Gomez consegue se antecipar bem para interceptar. Quando o Palmeiras está postado em fase defensiva, Gustavo tem uma grande importância encurtando distâncias dos adversários que se posicionam em zonas entrelinha. Tirando o espaço e atrasando as jogadas.

Seu jogo pelo alto é vital não apenas na defesa, mas também na área adversária. Sendo um dos principais alvos em jogadas de escanteio ou falta. Contudo, sua disponibilidade é comprometida em alguns jogos devido a convocações para seleção paraguaia, o que acaba causando danos a defesa alviverde, ajudando a entender toda a segurança que Gomez passa a todos seus companheiros, não apenas defendendo, mas também guiando-os durante as partidas. 

Apesar de ter feito apenas um gol na atual temporada, não havia outra opção para o quadro que não fosse Endrick. O atacante consegue ser muito determinante para o ataque do Verdão mesmo sem entregar tanto em gols ainda. Com 16 anos, Endrick tem boa qualidade para conduzir a bola e força para aguentar o contato, ficando de pé mesmo contra adversários maiores. Seu drible em velocidade é bastante funcional, com capacidade para melhorar com o tempo.

Mesmo não sendo sua maior especialidade, o jovem consegue fazer bem o pivô, usando sua força e equilíbrio para manter os zagueiros afastados da bola enquanto dá prosseguimento as jogadas, seja encolhendo passar, ou girando sob o marcador. Tem boa colocação e inteligência para ocupar os espaço na área, precisando apenas de mais tranquilidade para poder converter as oportunidades em gol. 

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