Guia Tático do Brasileirão 2023 | O Vasco de Maurício Barbieri

Alinhando o processo de reconstrução com a 777 e o retorno à primeira divisão, o Gigante da Colina já mostra uma ideia clara de jogo com Barbieri

De volta à Série A depois de duas temporadas, o Vasco tem uma nova perspectiva para 2023 com o comando de Maurício Barbieri e a formação de um novo time. O início de ano se mostrou promissor, com boas atuações nos clássicos e peças se consolidando em funções específicas. Principais reforços para a temporada, Léo, Jair e Pedro Raul já se mostram fundamentais na espinha dorsal da equipe com performances destacadas e encaixe rápido. A eliminação para o Flamengo na semifinal do Campeonato Carioca não abateu a expectativa com relação ao desenvolvimento no decorrer de 2023, mas apontou questões cruciais a serem corrigidas para o Brasileirão.

ESQUEMA DE JOGO

Barbieri estrutura o time no 4-2-3-1 que pode variar para o 4-1-4-1, dependendo das peças em campo. Com Marlon Gomes ou Rodrigo entre os 11, o meio-campo passa a ser mais preenchido junto de Andrey e Jair. Já com a opção por Erick Marcus, Alex Teixeira tende a jogar atrás do atacante, com dois pontas mais velozes.

No contexto geral, o Vasco de Maurício Barbieri busca amplitude para atacar, contando com as infiltrações de seus meio-campistas para surpreender a última linha adversária, além de ter sua arma no jogo direto: o pivô de Pedro Raul. A grande questão para o treinador será encontrar equilibrio acomodando Jair, Andrey e Marlon no meio, sem uma peça de maior imposição física e proteção à linha defensiva.

SAÍDA DE BOLA

De forma geral, a saída de bola cruzmaltina reúne principalmente cinco jogadores e é sustentada, contando com algumas variações condicionadas pelos movimentos do capitão Léo Pelé. Nas saídas curtas e diante da pressão, os laterais ficam abertos e o primeiro volante se apresenta para gerar apoio a frente da dupla de zaga. Em situações com mais campo para se projetar, Léo conduz e o primeiro volante baixa para a linha de zagueiros, formando um trio próximo ao meio-campo, com Puma Rodriguez e Lucas Piton dando mais amplitude. Além disso, Léo Pelé possui ótimo passe vertical e tem a capacidade de quebrar linhas, muitas vezes encontrando Pedro Raul como pivô no jogo direto.

COMO ATACA

Na fase ofensiva, o formato é claro: dois jogadores dão amplitude, dois se posicionam entrelinha e Pedro Raul é o alvo da construção. Neste caso, uma das grandes armas ofensivas da equipe é o jogo direto com o pivô do centroavante, seja para girar diante do zagueiro em direção ao gol ou gerando jogo com a aproximação dos companheiros. As duas formas já originaram gols para o Gigante da Colina na temporada.

O time de Barbieri também se destaca pela formação de triângulos nos lados do campo quando a bola chega na lateral. Um jogador fica na base (geralmente com a bola), outro na entrelinha e o terceiro em amplitude. Esse mecanismo origina superioridade nestes setores e traz a possibilidade de atacar as costas dos defensores com poucos toques.

Outro movimento ofensivo destacado no Vasco tem relação com uma virada rápida de jogo e a chegada de um dos meias na área. Nas ocasiões que conseguir essa inversão veloz, cria-se a superioridade por aquele lado, com lateral e extremo contra só um defensor. Com esse gatilho, quando o adversário fizer o balanço para compensar a desvantagem, Jair infiltra no espaço entre zagueiro e lateral.

COMO DEFENDE

Nas situações de pressão na saída adversária, o Vasco busca induzir o erro com sua marcação por zona, fechando linhas de passe e pressionando o portador da bola para recuperar e finalizar o mais rápido possível. Esse mecanismo foi um dos pontos positivos do trabalho de Barbieri em seus primeiros meses em São Januário. Mesmo em bloco médio, Pedro Raul e Alex Teixeira, que são os mais adiantados do 4-4-2 em fase defensiva, possuem capacidade notável de fechar espaços e incomodar os volantes adversários.

PROBLEMAS DEFENSIVOS

Maurício Barbieri ainda busca o melhor equilíbrio para a equipe, mas alguns erros na defesa ficaram marcados neste início de trabalho. Nos jogos em que o treinador testou uma formação sem um volante como Rodrigo, de maior imposição física, o espaço entrelinha se tornou uma arma para o adversário, como foi observado no primeiro confronto da semifinal do Carioca contra o Flamengo. Naquela oportunidade, Galarza foi o titular.

Outro ponto de atenção é o lado direito da linha defensiva. Em muitas ocasiões, as costas de Puma Rodriguez estiveram expostas, seja pela demora na cobertura ou recomposição do próprio lateral. Além disso, o espaço entre o uruguaio e o zagueiro pela direita, na maioria das vezes Capasso, foi bastante atacado, tornando-se um alvo para os adversários.

BOLAS PARADAS

No escanteio ofensivo, o Vasco de Maurício Barbieri tem uma jogada que tende a gerar perigo sempre que executada. O cobrador faz o passe rasteiro para um jogador próximo à entrada da área que tenha ângulo para tentar o chute de média distância. Quando o escanteio é pela esquerda, o chutador será destro. Quando pela direita, o finalizador deverá ser canhoto. Gabriel Pec quase marcou com esta jogada diante do Fluminense no Campeonato Carioca.

Outra característica que tende a ser uma arma no escanteio ofensivo do cruzmaltino é o ataque à primeira trave e o cruzamento fechando em direção ao gol. Assim saiu o tento de Capasso contra o Flamengo. Já nas cobranças de falta, o lançamento visa geralmente a segunda trave, com a bola abrindo para impossibilitar o goleiro de cortar com maior facilidade.

Pedro Raul é o principal jogador e grande reforço do Vasco para a temporada. Trazendo consigo o grande desempenho pelo Goiás no último Brasileirão, o camisa 9 se adaptou rapidamente e já assume a responsabilidade de ser o desafogo do time de Barbieri. O centroavante é o jogador alvo da equipe, principalmente em contextos de enfrentar defesas fechadas.

Com sua grande qualidade como pivô, Pedro Raul oferece boa imposição física para segurar o zagueiro e ótima tomada de decisão, seja para encontrar um companheiro atacando a área ou girando em direção ao gol. Além disso, o atacante pode ser uma opção em velocidade por sua passada larga, como aconteceu no gol de Alex Teixeira contra o Flamengo. Com a camisa cruzmaltina, são 7 tentos e 2 assistências em 13 partidas em 2023. Apesar de diversas qualidades destacáveis, o artilheiro vascaíno já perdeu três pênaltis na temporada, um deles crucial para a eliminação precoce na Copa do Brasil para o ABC.

Já com convocações para a Seleção do Uruguai no currículo, Puma Rodriguez chegou ao Vasco para ser a solução da lateral-direita a partir dessa temporada. E o uruguaio prontamente se destacou, principalmente por suas qualidades ofensivas. Pumita é inteligente nas descidas ao ataque, seja para chegar a linha de fundo ou jogar por dentro enquanto Gabriel Pec dá amplitude pelo lado.

Além disso, o lateral se destaca por sua batida na bola, com bons cruzamento – na maioria das vezes buscando Pedro Raul -, e até nas finalizações, já tendo marcado dois gols no ano. Defensivamente, Puma Rodriguez possui algumas dificuldades no um contra um. Em contrapartida, sua capacidade de antecipação ao adversário tem sido uma marca para iniciar transições ofensivas da equipe cruzmaltina.

Depois de ser vendido ao Chelsea, Andrey Santos voltou ao Vasco por empréstimo até julho para alcançar a pontuação necessária para ser inscrito no futebol inglês. O seu retorno gera expectitiva por sua capacidade em agregar na continuidade defesiva e ofensiva, além de se tornar peça vital para sair de situações de pressão com a bola nos pés.

Diante do estilo de saída de bola de Maurício Barbieri, Andrey tende a ser o jogador que apoia os quatro defensores e que dita o ritmo da construção, principalmente com sua capacidade de conduzir. Apesar de curta, a passagem do jovem de 18 anos poderá trazer grande contribuição para o Gigante da Colina, sobretudo em um momento crucial como o início do Campeonato Brasileiro.


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