A evolução do modelo de jogo de José Mourinho e seus métodos

A história do Special One como treinador: seus conceitos, ideias, sistemas e peças-chave para triunfar como um dos maiores e mais influentes técnicos do século XXI e da história

Um dos maiores técnicos da história e pai do chamado “futebol moderno”. Este é José Mário dos Santos Mourinho Félix, ou, simplesmente, José Mourinho.

Carreira curta e inexpressiva como jogador, intérprete e auxiliar de Sir Bobby Robson, auxiliar de Louis van Gaal, treinador do Benfica, do União Leiria, do Porto, do Chelsea, da Internazionale, do Real Madrid, do Manchester United e do Tottenham. O currículo de Mourinho é conhecido por todos, mas vamos nos ater aqui à evolução das suas ideias.

Metodologia de treinamento

Mou introduziu ao futebol competitivo uma nova metodologia de treino, chamada de periodização tática, criada por Vitor Frade. Ela consiste no ceticismo aos métodos, tradicionais ou não, que segmentavam todos os aspectos importantes para o desenvolvimento individual e coletivo de um time de futebol em treinamentos específicos.

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Em seus estudos e experiência como auxiliar, Mourinho desenvolveu um método que acreditava que qualquer exercício para os jogadores, seja físico, técnico, tático e até mental, era inútil se não simulasse situações de jogo, se não fosse aplicado dentro do modelo de jogo escolhido pelo técnico.

Exercícios físicos, por exemplo, de mudança de direção, velocidade e resistência, deveriam ser pensados para aplicação durante um trabalho que de alguma forma simulasse uma situação de jogo dentro do modelo adotado.

Um treino que visasse explorar a tomada de decisão do atleta em momentos cruciais deveria se dar com a bola, em uma situação de carga física e mental semelhante a de uma partida, não automatizando as ações, mas desenvolvendo exercícios que estimulassem a criatividade do atleta, seja com ou sem bola, de forma que pudesse estar acostumado àqueles contextos quando exigido dentro de uma partida.

Os treinos regenerativos, por sua vez, também precisavam ser com bola, usando o tempo de recuperação física e mental para também exercitar os princípios e subprincípios do jogo da equipe, em especial a parte tática.

Para que trotar em volta do gramado ou ir para a academia se é possível se recuperar dentro do campo, em um treinamento tático leve, em que os jogadores possam descansar e também exercitar aspectos importantes do modelo de jogo? É nisso que a periodização tática acredita.

Tudo isto tem um grande objetivo: usar todo o tempo possível para trabalhar a ideia de jogo da equipe, seja ela qual for. Treinos curtos e intensos, que abordem todas as dimensões de um jogo de futebol dentro do modelo escolhido, propiciam mais tempo para os atletas descansarem e passarem com as suas famílias e amigos, o que também é importante psicologicamente segundo os preceitos de José Mourinho.

Por isso a importância do princípio da alternância horizontal em especificidade, onde os treinos são planejados e executados durante a semana a partir de uma variação da complexidade, de modo que, desde a recuperação até os treinos pensando no adversário seguinte, sejam específicos e numa intensidade que esteja de acordo com o momento físico e mental dos atletas durante aquela semana.

Essa multidisciplinaridade e interrelação entre todas as dimensões do jogo servem porque Mourinho não sabe onde acaba o aspecto técnico e começa o físico e onde o físico se encontra com o mental. Não consegue separar as dimensões do jogo.

André Villas-Boas (D) foi, por muito tempo, o homem de José Mourinho na observação dos adversários e Rui Faria (E), o braço direito, responsável pela elaboração dos exercícios com bola que desenvolvessem os aspectos físicos dos jogadores

Isto é, o atleta pode estar no topo das métricas físicas disponibilizadas pela equipe de preparação, mas ainda assim demonstrar cansaço depois de correr uma grande distância e acabar errando o passe decisivo ou a finalização. O erro pode ser por fadiga mental e não por deficiência técnica ou física e é por isso que tudo, de acordo com a metodologia mourinhista, deve ser trabalhado dentro de um contexto de jogo, para que o atleta esteja tão acostumado a decidir e executar determinados movimentos, que ter torcida ou não, estar fora ou dentro de casa, pouco vai importar.

Mourinho ressignificou, também, a análise dos adversários, dando protagonismo ao setor de observação e scout, representado por quase uma década por André Villas-Boas, que deu a esta área notoriedade e importância fundamental através do detalhamento e informatização das análises pré-jogo dos oponentes, coletivas e individuais, que norteavam a rotina semanal de treinamentos de Mourinho.

O treinador, entretanto, sempre deixou claro que seus times dificilmente alteravam princípios fundamentais de seu jogo visando anular adversários, mas que as informações serviam para saber o que potencializar de seus jogadores e de seu modelo para aquele confronto, bem como quais fraquezas do adversário poderiam ser melhor exploradas.

Após esta síntese da metodologia de treinamento de José Mourinho, que é absolutamente mais complexo, vamos entrar na evolução do seu modelo de jogo, fazendo um recorte a partir do trabalho no Porto até o mais recente e já finalizado, no Manchester United, já que o atual, no Tottenham, ainda é incipiente demais e qualquer avaliação mais profunda seria o pretensiosa.

O modelo de jogo de Mourinho entre 2002 e 2009

José teve passagens rápidas por Benfica e União Leiria, mas vamos nos ater neste momento aos trabalhos em Porto, Chelsea e Internazionale.

O português sempre deixou claro que não gosta de trabalhar com mais de dois sistemas táticos, pois crê na repetição sistemática dos mesmos princípios como fórmula de sucesso em uma ideia e a referência posicional dentro de campo também faz parte disso.

Incialmente, o principal sistema era o que hoje chamamos de 4-1-3-2, descrito por Mourinho como 4-4-2 diamond, o popular losango de meio-campo. Havia também uma variação para o 4-3-3, ou 4-1-4-1 sem a bola.

José Mourinho Modelo de Jogo
Meio campo em losango do Porto na final da Copa da UEFA de 2002-03, contra o Celtic

Estes sistemas foram utilizados em todos os trabalhos de Mourinho até 2009, já que a superioridade no meio-campo era um dos princípios de jogo do técnico. Quando chegou na Inglaterra, por exemplo, deixou claro que seus três homens de meio-campo eram para causar tal superioridade, já que a maioria dos times ingleses jogava no popular 4-4-2 em duas linhas de quatro homens e com apenas dois jogadores centralizados no meio de campo.

A forte presença de wingers em times ingleses fez Mourinho optar mais pelo 4-3-3 em detrimento do 4-1-3-2 no início de sua passagem pelo Chelsea, já que precisava de homens de lado para conter os ataques laterais adversários e não tinha em seu elenco grandes jogadores de último terço que atuassem entre as linhas e tivessem o passe terminal como característica.

José Mourinho Modelo de Jogo
4-3-3 de Mourinho em bloco baixo, altamente compacto, na histórica eliminação do Barcelona da Champions de 2004-05: uma aula de força mental coletiva
José Mourinho Modelo de Jogo
Para encaixar Ballack e Shevchenko no time, Mourinho retomou o 4-1-3-2, em 2006-07

Os auges de Joe Cole e Damien Duff, assim como o surgimento de Arjen Robben, contribuíram para o uso de extremas, apesar de um deles sempre buscar o espaço entrelinhas, enquanto o outro dava opção de profundidade para o passe vertical vindo do meio ou para o jogo de costas do centroavante.

No Porto, ele tinha Deco. No Chelsea, a partir de 2006, teve Ballack. Na Inter, tentou Stankovic, mas a partir da segunda temporada, pediu Sneijder.

Os times de Mourinho deste período se organizavam sem a bola em bloco médio e, circunstancialmente, baixo. A transição defensiva era bastante rápida, iniciando a partir da pressão pós-perda organizada no setor da bola, visando a recuperação rápida da bola ou pelo menos que o restante do time pudesse ocupar suas respectivas posições defensivas com maior tranquilidade. Um arquétipo do que foi aprimorado e popularizado pela escola alemã e ficou conhecido como gengenpressing.

Com o time já posicionado, eram realizados encaixes curtos nos adversários e a pressão ao portador da bola era sempre intensa, assim como havia um foco grande nas divididas, que eram os principais momentos de roubada de bola, evidenciando a força física e mental dos atletas desenvolvida durante os treinamentos em especificidade, além do tempo de bola como uma potencialidade muito importante para um jogador se dar bem em um time de José Mourinho.

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A organização ofensiva, por seu turno, se dava muito através das bolas longas para o centroavante segurar e tabelar ou dar a casquinha para o atacante de profundidade. Estes dois atletas sempre existiram nos times de Mourinho a partir do Chelsea.

No Porto, costumava atuar com dois atacantes mais móveis que revezavam este papel de disputar a bola longa com os zagueiros, que era muito menos utilizada, por óbvio. A partir do Chelsea, o atacante de referência e o de profundidade formaram duplas marcantes, como Drogba e Duff/Robben, Ibrahimovic e Balotelli, Milito e Eto’o, Benzema/Higuaín e Cristiano Ronaldo, Diego Costa e Hazard, Ibrahimovic/Lukaku e Rashford.

A saída por baixo era rápida e sempre buscava nos médios interiores a opção de desafogo para lançar aos laterais, sempre posicionados em amplitude – o que ficou ainda mais constante após a contratação de Ashley Cole pelo Chelsea e se manteve nos trabalhos seguintes –, ou para progredirem em direção ao terço ofensivo na busca por associação com os atacantes ou o meia que se posicionava entre as linhas. O chute de longe também sempre foi um expediente forte dos times de Mourinho desta fase, com destaque para Lampard, Essien, Stankovic e Sneijder, além dos atacantes.

As características dos que compunham a predominância dos times titulares de Mourinho sempre foi semelhante. Cito-as e dou exemplos: um lateral mais posicional (Ferreira, Gallas, Chivu, Arbeloa) e outro de amplitude e profundidade (Valente, Ashley Cole, Maicon, Marcelo), zagueiros dominantes por cima (Terry, Lúcio, Pepe, Ramos) e rápidos e intensos por baixo (Carvalho, Samuel, Pepe, Ramos), um volante de distribuição responsável pelo movimento adversário entrelinhas (Costinha, Makélélé, Cambiasso, Alonso) e outro de chegada no terço ofensivo e transição defensiva e ofensiva rápidas (Maniche, Lampard, Zanetti, Khedira), um meia com passe vencedor para trabalhar entre as linhas rivais e chegar na frente(Deco, Gudjohnsen, Ballack, Sneijder, Özil) um meia atuando na trinca ou pelo lado que se aproximasse dos volantes, fosse forte no 1 contra 1 e abrisse corredor para o lateral (Alenichev, Robben, Joe Cole, Essien, Stankovic, Pandev, Di Maria) um centroavante para brigar entre os zagueiros e referenciar o jogo direto, mas que também oferecesse profundidade (Drogba, Ibrahimovic, Milito, Benzema, Higuaín) e um atacante forte no 1 contra 1 e de profundidade para as transições, que podia atuar aberto ou lado a lado com o 9 (Derlei, Duff, Robben, Balotelli, Eto’o, Cristiano Ronaldo).

O modelo de jogo de Mourinho entre 2009 e 2015

Mourinho sempre foi um técnico marcado pela velocidade e objetividade nas transições ofensivas de seus times, mas isto não era tão estigmatizado no primeiro período de sua carreira. O famigerado “ônibus estacionado” como metáfora para uma defesa sólida e compacta e a letalidade das transições ofensivas como predicados principais do modelo de jogo do português ganharam proeminência a partir da segunda temporada na Inter, marcadamente nos duelos épicos pelas semi-finais da Champions contra o Barcelona de Guardiola, que ressignificou o jogo de posição e monopolizou a bola, servindo de resposta ao jogo predominantemente direto que era regra naquele momento, estimulado pelo sucesso de Mourinho.

Por mais que a manutenção da posse da bola nunca tenha sido um traço marcante dos times de Mou até aquele momento, o português entrava em contradição ao basear seu jogo ofensivo basicamente nas transições rápidas, tendo dificuldade ou até mesmo desdém por manter a bola inclusive para defender o placar, já que “descansar com a bola” sempre foi um subprincípio dos seus times, tendo em vista um bom jogo posicional, a ocupação racional dos espaços, a posse de bola sem profundidade e sem prolongar os desgastes físicos e psicológicos. Dito isto, não parece possível dizer que algum time de Mourinho a partir de 2010 tinha por hábito descansar com bola. Pelo menos não em jogos grandes.

Superficialmente falando, Guardiola deu uma resposta a Mourinho e Mourinho ofereceu a tréplica. E ambos alcançaram sucesso e polarizam as discussões menos profundas sobre modelos de jogo até hoje: defesa vs ataque, ação vs reação, posse de bola vs contra-ataque… São estereótipos que geralmente geram debates inócuos, mas que partem da premissa correta, de que são estilos claramente antagônicos.

SUGESTÃO DE LEITURA: Mourinho, porquê tantas vitórias?

A ida de Mourinho para o Real Madrid potencializou esta guinada na carreira do português e a falta de adversários à altura que não fossem o Barcelona durante as três temporadas na Espanha contribuiu para que o foco fosse em desenvolver o antídoto para bater o jogo de posição blaugrana e isto foi possível em uma La Liga, duas Copas do Rei e uma Supercopa, enquanto houve uma derrota na Champions League, uma na Copa do Rei, duas em La Liga e uma na Supercopa.

Ou seja, Mourinho terminou à frente do Barcelona em competições que se enfrentaram quatro vezes, enquanto o contrário ocorreu em cinco oportunidades. Nada mal, tamanha era a hegemonia culé no futebol espanhol naquele momento.

Com uma ou duas mudanças a cada temporada, a escalação do Real Madrid de 2010 a 2013 esteve na ponta da língua de qualquer apaixonado por futebol. Casillas; Arbeloa (Ramos), Pepe, Ramos (Carvalho), Marcelo (Coentrão); Khedira, Alonso; Di Maria, Özil, Cristiano Ronaldo; Benzema (Higuaín).

A trinca de meio-campo já não existia, ou existia de maneira invertida, com a troca do pivot defensivo pelo pivot ofensivo, como chamam em Portugal. Enquanto antídoto para o Barcelona, era o ideal a ser feito, mas exigia um comprometimento defensivo brutal de Özil, que nem sempre conseguia dar, mas, quando conseguia, o jogo blaugrana ficava completamente prejudicado, como no duelo do Camp Nou pela liga, em 2012, com os merengues sagrando-se campeões, quando os encaixes característicos de Mourinho beiraram a perfeição.

O jogo posicional de Guardiola, atacando no 3-2-5, foi praticamente anulado. Cristiano e Benzema se dividiam no combate à saída de três culé, enquanto Di Maria e Özil encaixavam em Thiago e Busquets, respectivamente. Khedira era o responsável por encurtar o espaço de Iniesta e os laterais batiam nos pontas, Daniel Alves e Tello.

A grande questão dos encaixes do Real Madrid contra o Barcelona foi explicada por Xabi Alonso, a pedra angular do sistema defensivo madridista, em um vídeo do canal The Coaches Voice. O volante explicava sua função, que consistia em reduzir o espaço de Xavi na organização ofensiva barcelonista. Isto enquanto Messi estivesse entre os zagueiros, quando atuava de falso 9, ou próximo do lateral-esquerdo, quando atuava na ponta. Assim que o camisa 10 fizesse seu movimento tradicional buscando o espaço entre as linhas madridistas, Alonso mudaria seu foco para o argentino, deixando Xavi fora da zona de pressão. Desta forma, o Barcelona teria mais controle, mas com o espaço de Messi reduzido, seria menos perigoso. E esta era maneira que José Mourinho acreditava ter mais chances de competir com o Barça.

José Mourinho Modelo de Jogo
Encaixes setorizados do Madrid no Barcelona, com destaque para o papel híbrido de Xabi Alonso

Nem sempre dava certo, pois se tratava do jogador mais talentoso do mundo, que vivia sua fase mais esplendorosa e estava rodeado de outras estrelas decisivas, mas era um dos contravenenos usados por Mourinho para anular o Barcelona, que somados à compactação das linhas, aos movimentos coordenados de basculação e à transição ofensiva mais mortal da última década, fizeram frente a um dos melhores times da história por três temporadas e alçaram Mou a um patamar de estrategista ainda maior do que o que já ocupava.

Sequente ao sucesso da segunda, a última temporada do português no comando técnico do Real Madrid acabou marcada por atritos internos e principalmente externos, o que inviabilizou o seguimento do trabalho, como aconteceu na primeira saída do Chelsea.

A primeira demissão de Mourinho por conta de resultados futebolísticos insatisfatórios viria apenas em 2015, na segunda passagem do técnico pelo Stamford Bridge, mas não sem antes reconquistar a Premier League na segunda temporada após a volta, em mais um time com DNA Mourinho, que tinha em Fàbregas, Hazard e Diego Costa as peças fundamentais para uma transição ofensiva quase tão letal quanto a do Real Madrid, além de ótimos momentos de jogadores como Courtois, Ivanovic, Terry, Matic e Oscar, um meia que não gera muita simpatia aos brasileiros, mas viveu sob Mourinho seu momento de maior maturidade coletiva e individual, como podemos ver abaixo:

José Mourinho Modelo de Jogo
Exemplo da tomada de decisão tática de um jogador nos times de Mourinho: Oscar deixa sua posição, a extrema-direita, para pressionar a saída do United. Treinados, seus companheiros de ataque se juntam ao movimento do brasileiro de maneira coordenada, forçando o erro adversário

Pela primeira vez, a reinvenção não veio instantaneamente

Após o título, as coisas desandaram um pouco e o português saiu do Chelsea, indo para o Manchester United ao início da temporada seguinte, substituindo um de seus mentores no início da carreira, Louis van Gaal.

Em Manchester, Mou levou o United de volta à disputa da Premier League entre os primeiros colocados e a levantar taças, mas falhou em algo que nunca tinha sido problema: convencer seus jogadores e o clube acerca de suas ideias. Atritos com o elenco e a direção conturbaram a passagem do português por Old Trafford, que durou dois anos e meio.

No Tottenham, vai tendo dificuldades com um elenco que realizou magnífico trabalho com Mauricio Pochettino, mas que já dava sinais de desgaste antes mesmo da demissão do argentino.

O sucesso de Jurgen Klopp e Pep Guardiola na Premier League, somado à polarização de ideias que causam desde que se enfrentavam no futebol alemão, relegaram Mou a um papel de coadjuvante no futebol inglês nos últimos anos e o desafio agora é se inserir nessa disputa.

PODCAST: The Pitch Invaders #70 | A carreira do Special One, José Mourinho

José Mourinho vive o momento mais delicado de sua carreira. Muitos dizem que precisa se reinventar e que suas ideias estão obsoletas. Difícil imaginar isso de quem permaneceu quase duas décadas entre os principais técnicos do mundo e adaptando seu modelo de jogo a diferentes contextos, sempre com sucesso.

Talvez Mourinho seja vítima de suas próprias ideias, de seu próprio pioneirismo, que se proliferaram tanto a ponto de os melhores métodos de treinamento e gestão de grupo deixarem de ser um diferencial tão relevante.

Outrora contumaz a apenas dois sistemas de jogo, Mou vem tentando readaptar seu estilo desde o United, quando passou a utilizar também a linha de três zagueiros e demonstra inquietude com a própria dificuldade em consolidar seu modelo de jogo nos últimos anos.

Pudera, acostumado com a instantaneidade do sucesso assim que assumia novos clubes, inclusive quando precisou ressignificar o próprio estilo durante as passagens por Inter e Real Madrid.

José Mourinho a gente ama ou odeia, mas não duvida e respeita.

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