O impacto de Jude Bellingham no novo sistema do Real Madrid

Em poucas partidas neste início de temporada, Jude Bellingham já se tornou uma força motriz no losango do meio-campo do Real Madrid. Dentro do 4-3-1-2 de Carlo Ancelotti, o jovem inglês de 20 anos está jogando como enganche atrás dos atacantes e sendo uma peça chave com suas atuações e gols decisivos.

Em seis jogos realizados até aqui, Bellingham já participou de sete dos 11 gols que o Real marcou na temporada por todas as competições: são seis gols marcados, uma assistência e uma média de 2.5 key passes por jogo. São dados que refletem o impacto imediato que o novo camisa 5 merengue está tendo na equipe de Ancelotti, que alterou o sistema tático para esse ano em mais uma circunstância em que o veterano treinador italiano precisou se adaptar aos jogadores que ele tem a sua disposição.

O 4-3-1-2 acaba sendo um resultado de alguns fatores vão além da adaptação de Carletto. O primeiro deles vem da perda de Karim Benzema e a não chegada de um atacante para o time titular. Outro motivo é que Jude é um meio-campista a mais que surge em uma equipe que já conta com diversos bons nomes no setor (com dois deles praticamente sendo titulares automaticamente). Uma outra razão parte da ideia de Ancelotti em aproximar do gol um centro-campista já muito influente nos metros finais em anotações desde os tempos de Borussia Dortmund.

E essa decisão de utilizar Jude Belligham como enganche está sendo vital nas primeiras partidas do Madrid em 2023/24. Partindo como 10, o sistema acaba potencializando todo o jogo de Bellingham, ofensiva e defensivamente.

Com bola, o camisa 5 está relacionado em todas as fases de elaboração ofensiva do Real Madrid, justamente porque ele conta com muita liberdade dentro do sistema para baixar posição na base da jogada e auxiliar na saída de bola (oferece linhas de passe para zagueiros), participar ativamente da circulação ofensiva em campo contrário dinamizando a posse com poucos toques e nos metros finais buscando key passes ou encontrando soluções criativas para acionar companheiros em situação de gol.

Defensivamente, Bellingham participa ativamente sendo um bom ativo em pressão alta (mantendo o losango) e desativando uma referência no meio de campo do adversário. Em defesa organizada, ele ajuda a fechar a linha de 4 no meio de campo, ficando ao lado de Tchouameni. Esse ponto também está relacionado com a fase ofensiva madridista já que Jude já está próximo da bola nas retomadas, acaba sendo uma das primeiras opções de passe e um iniciador de transições conectando Vinícius Júnior e Rodrygo Goes.

Já o início goleador de Jude Bellingham pode ser explicado através do comportamento da dupla de ataque e das característica de seus atacantes. Vini Jr. e Rodrygo não são jogadores de área e ficam posicionados no meio-espaço de ambos os lados, traçando diagonais e atacando as costas dos defensores. Os dois brasileiros, ainda, participam nos momentos que a equipe alarga o campo e invertem posições com os laterais. Portanto, a faixa central na área, a zona do 9 fica desocupada e Bellingham tem interpretado bem os momentos para atacar espaços e finalizar jogadas no ponto do pênalti.

Os seis gols em seis jogos, sendo cinco da vitória e três depois dos 80′ estão ocultando o desempenho irregular apresentado pelo Real Madrid coletivamente. A concentração desses números em um só jogador pode ser considerado um indício de que o Madrid começa a acusar a falta de gols esperada após as saídas de Benzema e Asensio (que somaram 42 gols na temporada passada).

No entanto, a serenidade, a elegância e os gols decisivos estão sendo chaves para o Real somar pontos e conquistar vitórias que estão guiando o bom início de carreira de Jude Bellingham como madridista.