Guia da Libertadores 2023: Inter x Bolívar
Na primeira das quatro analises da fase final da Libertadores 2023, vamos analisar os pontos fortes e fracos de Inter e Bolívar
Com o início das quartas-de-final da Libertadores, chegou o momento de analisar as oito equipes restantes no torneio continental e seus enfrentamentos. O Internacional chega após eliminar um dos favoritos da competição (River Plate) e confiante com um elenco recheado de estrangeiros e focados totalmente na competição. Do outro lado, um Bolívar diferente do que o torcedor se acostumou a ver e que, nesta edição do torneio inclusive, teve vitória fora da altitude.
Confira o primeiro dos quatro textos analisando a reta final da Libertadores da América:
O INTER DE EDUARDO COUDET
Em fase de transição após a saída de Mano Menezes e a chegada de Eduardo Coudet, o Inter teve apenas uma vitória sob o comando do argentino — e justamente a que classificou o clube na Libertadores, contra o River Plate. Ainda oscilando em termos de resultado, o desempenho tem sido constante a partir do 4-1-3-2 característico de ‘Chacho’.
A verticalidade do Inter
Desde seu início como treinador, Eduardo Coudet sempre presou pela alta intensidade na forma de marcar os adversários e, em sua segunda passagem pelo Inter, não foi diferente. Marcando forte desde a saída de bola, é assim que o Inter busca recuperar a bola e, com isso, manter a posse de bola ao seu controle pelo maior número de minutos possíveis.
Com o 4-1-3-2 bastante definido em fase ofensiva (e defensiva), Enner Valencia e Alan Patrick iniciam a pressão nos zagueiros, enquanto os meias laterais já sobe fechando o espaço de laterais e passes por dentro; por fim, o meia central (Aránguiz) fica incumbido de marcar o passe ao primeiro volante, que geralmente está de costas.
Além disso, o momento pós recuperação tem sido importante para a equipe ao atacar rapidamente com os espaços gerados para Wanderson e Enner Valencia, ambos caindo mais ao lado esquerdo. Quando se posta em campo adversário, apesar dos meio-campistas gostarem de ter a posse e Alan Patrick como segundo atacante aumenta essa caraterísticas, a troca de passes é rápida, com passes firmes e a tentativa constante de estar na área adversária.
Como um efeito dominó, se erra o passe final, já sobe a pressão e tenta recuperar a posse para voltar a atacar e assim, na verticalidade, tentar buscar criar suas chances de gol.
Dificuldade em manter o ritmo
Ao mesmo tempo que o Inter consegue fazer uma pressão forte e intensa para recuperar a bola rapidamente, a equipe de Eduardo Coudet ainda está com maior dificuldade de manter o ritmo — com exceção do jogo de volta contra o River Plate, no Beira-Rio. Segundo o próprio treinador, são alguns motivos: o primeiro deles, diz respeito ao foco na relação Brasileirão-Libertadores; além disso, no início do trabalho, a mudança de estímulos táticos fez o time ainda não compreender bem e ir se adaptando.
Para o jogo na Bolívia, será fundamental manter a alta concentração ao longo de 90′ e, inclusive, não é de se descartar uma mudança de sistema tático do Inter. O próprio Coudet, citou que jogar na altitude, faz com que o time não tente a pressão alta desde o início — o que torna um sistema com 3 zagueiros possível.
No ritmo de Alan Patrick
O camisa 10 e capitão é o centro dos ataques do Inter desde seu retorno ao clube. Atuando sempre centralizando e auxiliando na circulação da posse de bola — independente do esquema 4-2-3-1 com Mano ou 4-1-3-2 com ‘Chacho’.
Na Libertadores, são 4 gols e 2 assistências em 8 partidas disputadas. O jogador será importante nos dois cenários das quartas de final. Na ida, na Bolívia, segurar a bola e tentar ditar o ritmo para impedir o ímpeto dos bolivianos pode ser fundamental para o Inter respirar e descansar, literalmente, na altitude. No Beira-Rio, é quem vai encontrar os espaços pelos lados do campo ou na entrelinha. A capacidade de jogar em poucos toques auxilia na progressão dos ataques da equipe de Coudet.
O BOLIVAR DE BEÑAT SAN JOSÉ
Desde o início da parceria (e não venda) com o City Group, o Bolívar apostou por um Jogo Posicional como padrão da equipe desde o período com Antônio Carlos Zago. O atual treinador é o espanhol Beñat San José, de 43 anos. Os bolivianos atuam principalmente no 3-5-2, mas com variações para o 3-4-3 ou 3-1-4-2 quando estão atuando na Liga Boliviano. Entretanto, no nível do mar e fora da altitude, com exceção da vitória contra o Cerro Porteño por 4-0, a equipe utilizou o 4-4-2.
Os movimentos na última linha
Atacando principalmente em 3-2-5 e estes cinco jogadores tentando afundar ao máximo a última linha defensiva, os ataques do Bolívar se baseiam muito em encontrar os espaços livres a partir da circulação da posse. Diferente de outros momentos, o time tem mais calma e paciência para atacar com posse. Com a bola circulando principalmente com Justiniano, Bruno Sávio e os apoios de Francisco da Costa; o Bolívar gosta de atacar no momento que se abrem os intervalos (espaço entre jogadores) entre laterais e zagueiros, geralmente com passes em profundidade para chegar finalizando.
Utilizando a altitude ao seu lado para acelerar o ritmo do jogo, esses ataques costumam ser constantes e exaustivos ao longo dos jogos, inclusive contra equipes da liga nacional. Apesar de gostar da bola, é um time que arrisca bastante em terço final.
Espaços nos lados do campo
Apesar de ter 100% de aproveitamento em casa na Libertadores, o Bolívar tem seus problemas defensivos bem claros em jogos dentro ou fora de casa: a dificuldade para defender os lados do campo. Em casa, geralmente nas costas dos alas e pontas, porém, mais do que isso, a equipe de Beñat pode sofrer se pressionada em saída de bola por não ter exatamente jogadores com características de construção apurada — entretanto, essa não deve ser a estratégia adotada pelo Inter e só pude observar em jogos da liga boliviana também.
Atuando fora de casa, principalmente quando jogou no 4-4-2, os bolivianos tiveram dificuldade para fechar o passe dos zagueiros e volantes para os pontas ou laterais mais adiantados. O Palmeiras foi a equipe que mais puniu desta forma. Sem pensar em girar a posse, a equipe de Abel Ferreira tocava rapidamente nas costas dos meias laterais e, em questão de 3 toques, já estavam em zona de finalização.
O impacto de Bruno Sávio
O brasileiro chegou em julho de 2023 e, com apenas 7 partidas, já são 4 gols e 3 assistências pelo Bolívar. Formado pelo América/MG e passagens por Cuiabá, Bragantino, Avaí e Guaraní (apenas no Brasil), estava no Al-Ahly (Egito). Atuando como meia-atacante, mais postado na entrelinha das jogadas, é quem recebe os passes mais na zona de finalização ou para construir os ataques. Com o Bolívar estando posicionado para o ataque na maior parte das vezes, é quem dita o ritmo da equipe.
Partindo principalmente do lado esquerdo, mas podendo estar no lado direito dependendo dos companheiros, tem a leitura para atacar a última linha rapidamente, mas também encontrar esse tipo de passe em profundidade para Francisco da Costa.
Você pode conferir a análise das quartas da Libertadores no podcast Código BR #125:
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