Mapa do gol: veja como e onde alguns dos artilheiros do futebol Sul-Americano marcam

No futebol, para se obter sucesso é necessário capacidade para fazer gols. É unânime que atletas que podem adicionar gols as suas equipes são valiosos. Porém, para além do gol em si, existe um contexto para que as bolas parem no fundo da rede. Onde eles finalizam mais? Tem mais tendências a definir com um ou mais toques? Qual a capacidade em terminar as jogadas com as duas pernas? São várias questões a serem observadas para tomar decisões sobre alguns jogadores.

Tentando elucidar um pouco sobre o tema, trazemos neste texto uma avaliação de alguns artilheiros pela América do Sul. Fazendo uma análise acerca de como são usados, suas maiores características, onde seus gols costumam sair e outras coisas. 

GABRIEL POVEDA – SAMPAIO CORRÊA (BRASIL)

Artilheiro da Série B e principal nome do Sampaio Correa na temporada, Gabriel Poveda tem sido um dos principais nomes mais comentados da atual segundona. 2022 tem sido o ano mágico de sua carreira, para se ter ideia o atacante possui mais gols na atual temporada do que nos anos anteriores de sua carreira somados. O centroavante possui um número impressionante: marcou ao menos uma vez nas últimas 7 partidas da Bolívia Querida em casa. Poveda se movimenta bastante no campo ofensivo e o treinador Leo Condé tira bom proveito disso. Fazendo com que seu atacante participe bastante do jogo, recebendo a bola de costas em diversas partes do campo, fazendo pivô e dando continuidade as jogadas. Algo interessante de se observar é que todos os gols do centroavante na Série B foram apenas com um toque na bola.

Gabriel tem uma dificuldade grande em conduzir a bola, principalmente quando precisa usar seu pé esquerdo. Apesar de se mover bastante, é um jogador para dar poucos toques na bola durante a construção. Não é um jogador para receber jogo direto, sua altura não favorece vencer muitas disputas pelo alto (1,83). Interessante observar no seu mapa de finalizações que boa parte de seus gols dentro da área saem próximos a marca do pênalti. Com o jogador recebendo a bola “frente”, infiltrando na área. Outra questão interessante é sua parceria com o jogador Pimentinha, dos oito gols com bola rolando feitos por Poveda, três contaram com assistências do extremo. 

FACUNDO BRUERA – NACIONAL (PARAGUAI)

O gigante atacante paraguaio de 24 anos é o máximo goleador da liga nacional. Atuando pelo Nacional, Bruera já marcou 13 vezes em âmbito nacional na atual temporada. O atleta emprestado pelo Brown de Adrogué, se destaca principalmente por sua altura. Usando seus 1,94 o atacante é colocado na partida pelo seu clube principalmente por lances de jogo direto. Levando vantagem pelo alto em várias oportunidades. Além de conseguir usar o corpo para fazer bem o pivô. Seu jogo aéreo também fica em evidência nas conclusões. Dos 13 gols que fez, três foram em jogadas aéreas. O tornando um alvo claro em situações de bola parada (marcou duas vezes nessas situações). 

Bruera é um jogador que se movimenta pouco. Sua participação fica bem retida ao último terço do campo. Também é bastante lento, demora muito para completar movimentos com a bola. E não é bom em situações de 1×1. Por isso sua participação dentro do jogo é bastante limitada. Dos seus 13 tentos, três foram marcados dentro da pequena área. Algo que vale destacar é sua capacidade em finalizar com as duas pernas. Facundo tem a mesma quantidade de gols feitos com as duas pernas, quatro para cada (excluindo situações de pênalti). Sendo o número mais alto dos jogadores nesta lista.

FRANCISCO FYDRISZEWSKI – AUCAS (EQUADOR)

Descendente de poloneses, o centroavante argentino Francisco Fydriszewski vem de boas temporadas no futebol equatoriano. Chegando na atual como seu principal da carreira tendo marcado 10 vezes em 14 partidas pelo campeonato nacional. Apesar de ser um jogador muito alto (1,89), o polaco tem uma boa movimentação. Rodando por todo o campo ofensivo e participando da circulação de bola. Não é necessariamente um grande passador, mas mostra bom nível ajudando a equipe a reter a posse de bola. Francisco mostra grandes problemas ao usar sua perna esquerda, tendo dificuldade em realizar movimentos básicos com ela, e isso pode ser visto nos seus números. O centroavante não marcou nenhuma vez usando sua perna canhota. 

O jogador tem uma finalização com a perna direita bastante destacada. Com alguns de seus gols vindo de chutes de alta complexidade, inclusive pode-se notar no mapa de finalizações do atleta, alguns gols com um baixo índice de xG. A forma que seus gols saem também varia bastante. Se destacando a quantidade de gols que saíram em lances de transição ofensiva (3), sendo o maior da lista. O atacante do Aucas tem um bom giro de pescoço e tem uma participação bem efetiva durante os jogos. 

LUCIANO PONS – INDP. MEDELLIN (COLÔMBIA)

Com 32 anos, Luciano Pons está fazendo a melhor temporada da sua carreira em gols. Com 11 gols marcados, o colombiano é o terceiro jogador com mais gols em competições nacionais na atual temporada. O atacante tem uma participação bem limitada durante o jogo, tocando pouco na bola. Suas participações se dão mais por movimentações, caindo muito pelas laterais, tentando arrastar os zagueiros para fora da área. Tem uma boa velocidade, sendo uma boa arma em situações de transição. O mesmo não se pode dizer para lances de jogo direto, onde Luciano demonstra dificuldades em vencer duelos pelo alto. 

Seus gols saem quase que exclusivamente com sua perna direita, apenas um de seus gols saiu de seu pé esquerdo. Outro detalhe interessante é que todos seu gols foram marcados com a bola rolando. Tendo destaque para situações em ataques posicionais – marcou sete vezes assim. Dentro da área, Luciano busca se desmarcar com movimentos no costado dos defensores, mesmo que precisa se afastar um pouco mais da pequena área. 

FERNANDO ZAMPEDRI – UNIVERSIDAD CATÓLICA (CHILE)

Já especulado em vários clubes brasileiros e nome mais experiente dentre os citados, Fernando Zampedri segue com fase monstruosa no futebol chileno. Se encaminhando para a sua terceira temporada consecutiva marcando pelo menos 25 gols pela Universidad Católica. Com 12 gols em 17 partidas pelo Campeonato Chileno, Zampedri se destaca principalmente por precisar de pouco para marcar; O centroavante tem uma participação limitada durante as partidas, ficando basicamente retido a última linha, buscando romper no costado dos zagueiros a todo momento. Tem dificuldades em usar a perna esquerda, tendo marcado apenas um gol com ela e dos seus gols com bola rolando – marcou 4 em cobranças de pênalti – em apenas dois Fernando deu mais de um toque na bola para marcar, um deles sendo o tento anotado com seu pé canhoto. 

Possui dificuldade em dar passes mais elaborados, ficando mais restrito a situações em que realiza o pivô e escora para os companheiros. Tem boa colocação dentro da área, buscando sempre o desmarque para o ponto cego dos zagueiros, realizando diagonais curtas para isso. A Católica é uma equipe que, sob o comando de Ariel Holan, preza muito pela posse de bola. Buscando ataques mais demorados. E isso se reflete na forma que os gols de seu artilheiro são construídos. Dos oito gols marcados com a bola rolando, cinco saíram em situações de ataque posicional.  Zampedri também algo interessante a se destacar: o avançado costuma balançar as redes em partidas importantes. Entrega uma quantidade boa de gols em todos os tipos de confronto. 

GUSTAVO COUTINHO – BOTAFOGO-PB (BRASIL)

O atacante do Belo vem fazendo uma temporada gigante no Belo. Para se ter ideia, Coutinho é um dos atletas com mais gols no Brasil em 2022, tendo balançado as redes 19 vezes até então. O centroavante tem uma boa capacidade de proteger a bola no pivô, usando muito bem sua força. Apesar de se mover bem, suas principais interações dentro do jogo são próximas ao gol. Gustavo demonstra ter bastante dificuldade em usar sua perna esquerda, inclusive não marcou gols com ela na Série C. Mesmo não sendo um jogador muito alto (1,82), o jogador tem um excelente jogo aéreo. Para se ter ideia 57% de seus gols na terceirona foram de cabeça. 

O jogador usa sua qualidade no pivô para conseguir girar bem sob seus rivais. Sua velocidade é normal, mas consegue se destacar em situações sob pressão, contudo, Coutinho tem dificuldade em conseguir se desmarcar. Devido suas características, o atleta tem uma participação reduzida durante as partidas. Gustavo tem demonstrado, aos poucos, melhoras no seu primeiro toque, principalmente quando se compara ao início de temporada. Pela primeira vez tendo sequência a longo prazo no profissional, Coutinho mostra que ainda tem espaço para evoluir seu jogo e pode ser um nome bem falado em divisões superiores em breve.

Após a publicação desse texto, o atacante Gustavo Coutinho acertou com o Sport Club do Recife.