O impacto de Léo Ortiz atuando como volante no Flamengo

O zagueiro pode entrar no seleto grupo de jogadores que começam improvisados em uma nova função e acabam se firmando na posição.

O Flamengo realizou a contratação de Léo Ortiz no inicio desta temporada, tornando-o, inclusive, o terceiro zagueiro mais caro da história do clube. O atleta foi comprado do Red Bull Bragantino por cerca de 7 milhões de euros (R$37,6 milhões de reais na cotação atual), e poderá custar mais 1 milhão de euros de bônus, caso o zagueiro conquiste algum dos três títulos que a equipe está disputando em 2024.

Após se tornar uma das grandes referências técnicas da equipe paulista durante os cinco anos que atuou pelo clube, Léo Ortiz chegou ao Flamengo com a missão de disputar posição em um setor que já entregava ótimas alternativas ao técnico Tite: Fabrício Bruno, Léo Pereira e David Luiz.

Com a consolidação da dupla de zaga composta por Fabrício Bruno e Léo Pereira e o alto número de lesões no elenco rubro-negro, Tite observou a possibilidade de utilizar Léo Ortiz como primeiro homem de meio-campo de sua equipe. Nos últimos 12 jogos do Flamengo, o camisa 3 jogou em 11 e foi utilizado como volante em nove desses duelos.

Em entrevista realizada recentemente pelo GE com Léo Ortiz, o zagueiro citou que vem atuando mais como volante do que zagueiro desde que chegou ao clube carioca, mas mantém a sua posição de origem. “Acho que já estou me acostumando com a função. Lógico que mantenho a minha função de origem, que é zagueiro, mas hoje já estou mais adaptado ali”, avaliou.

Neste caso do Léo Ortiz, a velha discussão entre posição x função entra à tona. O jogador do Flamengo modificou sua posição ou função? Para tentar descomplicar este tema, podemos pontuar que a posição está relacionada diretamente aos nomes já conhecidos, como: goleiro, zagueiro, lateral, volante, meia, extremo e atacante. Dessa forma, a posição é o que o jogador fala o que ele é – a famosa posição de origem. Por outro lado, a função está ligada ao movimento que o jogador irá executar dentro dos jogos.

Sendo assim, na temporada passada, tivemos um exemplo claro no futebol brasileiro que ajudará a exemplificar este tema. Alisson, do São Paulo, identificou que não estava mais rendendo em sua posição de origem – atuou como meia-atacante na maior parte de sua carreira – como gostaria. Dessa forma, ele compartilhou com a comissão técnica de Dorival Júnior, na época, o desejo de atuar em uma nova função dentro da equipe.

Ao saber dessa vontade de Alisson, Dorival – que já tinha o conhecimento das principais características do jogador – começou a testá-lo como segundo homem de meio-campo nos treinamentos. O então meia-atacante de origem iniciou o processo de adaptação na nova função. A cada jogo disputado por Alisson como segundo volante, a evolução era visível. O coletivo da equipe, inclusive, acabou sendo potencializado com a ótima capacidade de saída de bola demonstrada pelo jogador.

A mudança de função de Alisson dentro do São Paulo acabou resultando na modificação de sua posição dentro do futebol, visto que o atleta conseguiu se firmar como titular absoluto na equipe campeã da Copa do Brasil do ano passado e tornou-se um dos principais nomes atuando nesta função no país.

Ao comparar com o caso do Léo Ortiz nesta temporada, o defensor mantém seu desejo de atuar em sua posição de origem, mas demonstra estar cada vez mais adaptado para se quiser, no futuro, tornar-se um grande primeiro volante.

A capacidade de passe de Léo Ortiz sempre foi um dos seus diferenciais atuando como zagueiro. Agora, como volante, acaba sendo potencializado, pois consegue executar ótimos passes para encontrar seus companheiros tanto na entrelinha – nas costas dos volantes adversários -, como na profundidade. Segundo os dados da plataforma Wycout, o jogador do Flamengo possui uma taxa de 87% de acerto na realização de seus passes e 61,8% de assertividade nos passes longos.

Além disso, possui facilidade para executar passes longos, visando inverter a bola para o corredor oposto. Essas inversões acabam sendo importantes para acionar os companheiros em situações de 1×1 contra seu opositor ou para rapidamente tirar a bola de uma zona pressionada e encontrar o lado oposto para progredir ofensivamente.

Outro diferencial de Léo Ortiz é a capacidade para utilizar sua perna não dominante. No setor de meio-campo, os espaços são cada vez mais escassos, com isso, ao utilizar as duas pernas, Léo consegue obter vantagem, por exemplo, quando executa um domínio com a perna mais distante da pressão executada pelo adversário.

Na parte defensiva, Léo Ortiz utiliza-se muito de sua leitura como zagueiro para realizar interceptações, vencer os duelos de 1×1 no corredor central e efetuar bloqueios, impedindo a finalização de seu opositor.

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