O PROTAGONISMO DE BRAITHWAITE NO GRÊMIO

Nesta análise, destacaremos o impacto que Brahithwate está tendo na fase ofensiva, defensiva e de construção da equipe gaúcha.

Em pouco mais de dois meses atuando no futebol brasileiro, Braithwaite se tornou uma das principais referências técnicas da equipe comandada por Renato Portaluppi. O atacante dinamarquês chegou ao Grêmio com a expectativa de brigar pela titularidade em um setor do elenco que já contava com Diego Costa e Matías Arezo como alternativas.

Martín Braithwate, de 33 anos, aproveitou o período em que Diego Costa estava retornando de lesão e se colocou à frente de Arezo na hierarquia pela titularidade no ataque tricolor. Desde a sua estreia contra o Cuiabá – quando marcou três gols, sendo um deles, contra -, o atacante dinamarquês atuou como titular nos últimos nove jogos disputados pelo Grêmio no Campeonato Brasileiro, e também nos dois duelos contra o Fluminense, pelas oitavas de final da Libertadores.

Nessas 11 partidas disputadas com a camisa do Imortal, Braithwaite obteve participação direta em seis gols da equipe no Brasileirão. Ao todo, foram cinco gols e uma assistência, com uma média de um gol marcado a cada dois jogos. O protagonismo alcançado pelo experiente atacante dinamarquês vai além dos bons números, tornando-se uma das peças-chaves na fase de construção da equipe e tendo um papel significativo nos momentos que o time gaúcho fica sem a posse da bola.


COMO JOGA O GRÊMIO?

Para entendermos o impacto que Braithwate está tendo dentro da equipe, devemos compreender primeiro a estrutura que está sendo utilizada pelo técnico Renato Portaluppi. A equipe gaúcha começou a consolidar uma nova equipe nos últimos três jogos – contra Botafogo, Fortaleza e Atlético MG – com as entradas de Edenilson e Aravena nos lugares de Míguel Monsalve e Soteldo no time titular.

A fixação desses dois jogadores no time titular possibilitou um equilíbrio maior dentro da equipe, que enfrenta constantes dificuldades na fase defensiva. A passividade para pressionar o homem da bola, os problemas de recomposição pelos corredores – deixando os laterais expostos -, a falta de compactação das linhas para controlar os espaços entre os volantes e os zagueiros, são dificuldades recorrentes enfrentadas pelo Grêmio durante a temporada.

A equipe gaúcha marca majoritariamente em bloco médio, utilizando a estrutura do 4-4-2. O meia argentino, Cristaldo, forma uma dupla de ataque ao lado de Braithwate para fechar as linhas de passes dos zagueiros nesse primeiro bloco de marcação.

O técnico Renato Portaluppi mantém sua estrutura habitual quando está com a bola: o 4-2-3-1. Escala dois volantes, tendo um com participação mais ativa com a bola na fase de construção e ofensiva e outro com características mais defensivas. Utiliza um meia central, com um meia atuando pelo lado direito com o pé natural e, no lado esquerdo, um ponta com o pé invertido. No comando de ataque, possui Braithwate com muita mobilidade para sair da referência e gerar opções de passes pelos lados do campo.


INFLUÊNCIA DE BRAITHWATE NA FASE DE CONSTRUÇÃO

O Grêmio é uma equipe que utiliza zagueiros que não possuem o passe progressivo como uma de suas melhores características. Dessa forma, os zagueiros acabam não sendo tão estimulados para quebrar a primeira ou até a segunda linha de marcação com um passe vertical. Neste cenário, Braithwate está sendo fundamental para sustentar as bolas longas na disputa pela segunda bola contra os defensores adversários.

Nas imagens abaixo, podemos observar a importância do uso do pivô de Braithwate para receber esses passes longos, ganhar vantagem no duelo físico e estabelecer a equipe no campo de ataque. Além disso, os apoios frontais executados pelo atacante dinamarquês são importantíssimos para gerar combinações com os meias pelos lados e o meia central, resultando em situações claras de finalizações.

Outro padrão identificado é sua importância nos momentos das cobranças de laterais da equipe, principalmente para receber a bola de costas, girar em cima do marcador, acionar o lado oposto ou conectar um passe para o companheiro por dentro. Essas ações possibilitam que a equipe consiga progredir no campo de ataque.


OBJETIVIDADE COM A BOLA NA FASE OFENSIVA

A compreensão de jogo de Martín Braithwate é acima da média no futebol brasileiro. Um jogador que passou seis anos seguidos atuando no futebol espanhol e disputou Eurocopa e Copa do Mundo pela Dinamarca, era esperado que tivesse um nível superior de entendimento para ler as jogadas, mapear os oponentes, tomar decisões mais rápidas que o adversário e realizar bons domínios orientados para sair de zonas pressionadas do campo.

Com a ótima leitura de jogo adquirida em sua carreira, o atacante dinamarquês está se destacando pela sua objetividade na fase ofensiva da equipe gaúcha. Nos vídeos apresentados abaixo, veremos a forma como Braithwaite impacta realizando poucos toques na bola. É um jogador que antes de receber a bola, executa um movimento importante para identificar as vantagens: quebrar o pescoço para observar os espaços e os companheiros que estão em condições favoráveis para dialogar. Após realizar o mapeamento das jogadas, ele consegue acelerar consideravelmente a construção da equipe utilizando poucos toques na bola.

Além desse movimento, observamos a facilidade que Braithwate transita no último terço do campo, causando desconforto para os zagueiros que gostam de ter uma referência para marcar no comando de ataque. O dinamarquês realiza bem o movimento de ir receber o passe no pé – atraindo o defensor – para atacar as costas da última linha da marcação adversária e também o ataque ao espaço gerado entre o zagueiro e o lateral.


CONTRIBUIÇÃO ATIVA NA FASE DEFENSIVA

A capacidade física de Braithwate permite que ele consiga entregar um envolvimento maior nos momentos que a equipe está sem a bola, tanto quando sobe a marcação para dificultar a iniciação das jogadas do adversário, quanto nos momentos que o Grêmio está estruturado para marcar na zona intermediária do campo.

O atacante possui a característica necessária para saltar a pressão no zagueiro que estiver com o controle da bola e a compreensão para fechar as linhas de passes por dentro, dificultando que a bola encontre o volante ou o meia posicionado em suas costas.

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