OS PONTOS DE EVOLUÇÃO DA SELEÇÃO BRASILEIRA

Análise do jogo contra o Chile e a expectativa pro próximo confronto, contra o Peru.

Comandada por Dorival Júnior, a Seleção Brasileira vive uma fase conturbada em termos de resultados e desempenho, sendo incapaz de emplacar uma boa sequência desde o início de trabalho, com campanha abaixo na Copa América e performances questionáveis nas Eliminatórias para a Copa.

Mesmo passando por um momento de renovação em termos comissão e do grupo de atletas, a expectativa era por uma melhor performance em alguns jogos, como contra o Chile. Ainda que processos como esse não sejam lineares ou constantes, existe uma natural oscilação quando grande parte do grupo está sendo renovado. Com isso, listaremos alguns dos pontos que merecem atenção para que a evolução gradual da Seleção Brasileira aconteça, com o foco na classificação para a próxima Copa do Mundo.


A saída de bola, um dos grandes pontos de reflexão desde o início de ciclo de Dorival Júnior, teve uma evolução gradual neste último confronto contra o Chile, com participação de Ederson que tem excelente técnica para o jogo com os pés e que também consegue ter uma visão muito boa do campo para tomar a decisão do próximo passe, reconhecendo o jogador livre no próximo momento da jogada.

Ederson neste momento reconhece vantagem do volante no entrelinhas e realiza passe que quebra pressão rival.

Para além do goleiro brasileiro, o zagueiro Gabriel Magalhães vem conseguindo influenciar mais no momento com posse, com uma postura mais confiante neste momento do jogo e levando o grande momento vivido no Arsenal para a Seleção Brasileira. O zagueiro consegue, em alguns momentos, acelerar a posse e achar alguns passes para o entrelinhas, que no último jogo ajudaram a equipe a desenvolver os ataques.

A escalação da Seleção, tem passado por mudanças naturais em um ciclo de renovação. Para além disso, tivemos nesse período de convocação muitas lesões, muitas delas de titulares e com isso, a equipe perdeu ainda mais a possibilidade de continuidade em alguns setores.

As mudanças resultaram numa Seleção que começou mal o jogo diante do Chile. Apesar da posse, não conseguia progredir ou criar chances claras. Os volantes, inicialmente, sofreram para criar linhas de passes que desvencilhassem da marcação adversária e quando recebiam, em alguns momentos, não estavam bem perfilados para a próxima ação rápida.

André não fez seu melhor jogo. Vale destacar que Lucas Paquetá, ao atuar em uma função mais recuada, teve alguns bons momentos influenciando o jogo, buscando a bola mais na base da jogada para tentar distribuir passes (muitos deles diagonais) e que, de certo modo, parecem ter funcionado para o Brasil na tentativa de pegar o lado oposto do adversário com mais espaço, visto que o Chile jogava fechado. Essa ideia prosseguiu ao longo do segundo tempo, buscando gerar tempo e espaço pros jogadores abertos.

Volante brasileiro busca a diagonal pro setor direito, onde companheiro tem tempo para jogar.

No intervalo, as mudanças no meio-campo surtiram efeito e o Brasil passou a controlar um pouco o jogo. Os dois volantes fizeram uma partida útil. Bruno Guimarães foi participativo e Gerson conseguiu contribuir, apesar de algumas questões do jogo entrelinhas que podem evoluir em seu jogo, função diferente da que atua muitas vezes no Flamengo. Ainda assim, faltava uma criação mais efetiva de chances na frente e a conclusão das mesmas, mas, é claro, nada disso mudará em um ou dois jogos. É um processo de longo prazo, até porque muitos dos jogadores neste setor estavam jogando juntos pela primeira vez.

Para além do fator entrosamento, a utilização de Raphinha no time fez a equipe se dividir um pouco mais entre os que tentavam construir e os que buscavam atacar espaço ou receber a bola mais a frente, já que o jogador do Barcelona não é um meia-atacante tradicional.

Se por um lado a continuidade foi quebrada, por outro a convocação também serviu para oportunizar jogadores que vivem bom momento, principalmente Igor Jesus, que vem fazendo temporada impactante no Botafogo desde sua chegada e tem sido um dos principais atacantes do futebol brasileiro no ano. A presença do atacante na frente, por apenas um jogo, já deu amostras do que pode oferecer à Seleção, com algumas boas movimentações e mais presença na última linha, seja para empurrar a defesa adversária, fazer jogadas de associação, atacar espaço ou concluir dentro da área, como na jogada do primeiro gol, após cruzamento de Savinho. Faz-se necessária a criação de um volume maior de chances e também um maior aproveitamento ofensivo.

  • Uso dos lados e maior dinâmica de jogo apesar das mudanças:
    A expectativa é de que entrem no time titular: Vanderson na lateral-direita, além de Bruno Guimarães e Gerson no meio. Com isso, o setor direito da equipe deve ganhar mais equilíbrio e espaço ofensivamente, com a possibilidade de vermos Vanderson chegando ao ataque e usando o corredor, para auxiliar o ponta-direita, que provavelmente será canhoto (Savinho). No lado esquerdo contra o Chile, Abner teve partida regular, mas em muitos momentos conseguiu usar o corredor e ensaiou algumas chegadas à linha de fundo. Essa tendência deve continuar, com equilíbrio entre os flancos.

    Um dos principais, se não o principal caminho do Brasil contra o Chile e até mesmo na campanha da Copa América com Dorival, foi através das jogadas com Savinho e outrora também com Vinicius e Rodrygo, pelo lado esquerdo. Tais jogadas, na maioria das vezes, assim como o gol de Luiz Henrique no final da partida, advém da qualidade técnica dos jogadores e movimentos de ataque ao espaço, suporte e outras movimentações para abrir mais espaço ou levar a marcação do oponente (retirando uma cobertura próxima, por exemplo) podem ser mais explorados e treinados. A ver se contra o Peru os posicionamentos de Rodrygo e Raphinha em campo irão se repetir.
  • Cuidado com o jogo aéreo do adversário:
    Grande parte das jogadas de gol da Seleção Peruana ocorrem através do jogo aéreo, um tipo de jogada que o Brasil tem sofrido recentemente, vide o gol no início da partida contra o Chile, onde Vargas consegue cabecear pro gol nas costas de Danilo, que não tem a orientação corporal ótima na jogada e nem mantém o contato com o oponente. Dos nove gols sofridos pela Seleção nas Eliminatórias, seis foram pelo alto.

    A Seleção Brasileira busca um resultado positivo para gerar confiança, aliada a uma boa performance, para se estabilizar de vez na competição e buscar posições mais agudas na tabela.


Compartilhe

Comente!

Tem algo a dizer?