O novo meio-campo do Palmeiras em 2023

O lado bom e o lado ruim da entrada de Gabriel Menino no time titular do Palmeiras após a venda de Danilo ao Nottingham Forest.

O Palmeiras de 2023 tem um meio-campo reconfigurado. A saída de Danilo para o Nottingham Forest abriu uma lacuna no setor e até o momento ela não foi preenchida por contratações. O escolhido por Abel Ferreira para integrar os 11 titulares foi Gabriel Menino, um atleta de características totalmente diferentes. Dessa forma, o funcionamento da equipe como um todo foi afetado.

Até 2022, Danilo e Zé Rafael fizeram uma dupla de volantes que ficou marcada na história alviverde. Dotados de uma imensa capacidade física, faziam o time jogar em alta velocidade no momento ofensivo, recuperavam a bola com muita rapidez e presentearam o torcedores com gols em atuações memoráveis nas finais de Libertadores de 2020 e 2021, além da Recopa Sul-Americana e do Paulistão 2022. O atual meio-campista do Nottingham era o primeiro de meio, enquanto o “Trem” tinha maior liberdade para chegar na área e pressionar a saída de jogo do rival.

O que mudou com a entrada de Gabriel Menino?

Após alguns jogos de pouca fluidez ofensiva com Jaílson de 1° volante, Gabriel Menino assumiu a titularidade e melhorou muito o ataque da equipe. A cria da base do Palmeiras passou a atuar como 2° homem de meio, entrando frequentemente na área, realizando infiltrações e finalizações de longe. Assim, marcou dois gols e foi o grande nome da conquista da Supercopa do Brasil há um mês. Diante disso, Zé Rafael foi recuado para a antiga posição de Danilo.

Gabriel Menino Palmeiras Footure
Gabriel Menino avançado e pouca opção de passe por dentro. A intenção é jogar por fora.

Nenhum volante do Palmeiras é tão capaz de encontrar soluções perto do gol adversário quanto Gabriel Menino. Portanto, ele atua bastante avançado na fase de construção, próximo a Endrick e Rony ou abrindo na direita como um verdadeiro ponta para aproveitar seu bom cruzamento. Consequentemente, Raphael Veiga se movimenta mais por dentro e aparece mais para ajudar Zé Rafael na saída de bola. A soma de todos esses fatores resulta em menos opções de passes nas costas dos volantes rivais, agravadas pela ausência de Danilo, quem melhor gerava jogo por dentro no Palmeiras.

Assim sendo, o Verdão versão 2023 é um time mais direto e com jogo ainda mais lateralizado. São realizados muitos cruzamentos, passes longos para Rony, além das triangulações de Gabriel Menino e Marcos Rocha pela direita e Dudu, Raphael Veiga e Piquerez pela esquerda. Já são 20 gols marcados em 11 jogos na temporada.

O que precisa melhorar no Palmeiras?

A parte defensiva é o que deixa dúvidas sobre a longevidade da titularidade de Gabriel Menino e reforça a importância do clube ir ao mercado em busca de um volante. O posicionamento tão avançado do camisa 25 deixa o meio-campo muito vazio no momento da transição defensiva, expondo o time a contragolpes. Ademais, quando o rival tem a posse, Menino não pressiona com tanta intensidade, nem realiza encaixes de marcação tão longos quanto Danilo fazia.

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Espaço no meio é o grande problema do Palmeiras em 2023

Em uma comparação dos primeiras 10 jogos do Palmeiras em 2022 com 2023, o Alviverde cedeu 10 chances claras a mais neste ano do que na temporada anterior. Róger Guedes, no intervalo do Derby contra o Corinthians no dia 16 de fevereiro, citou o espaço por dentro cedido pelo Verdão. Essa marcação mais frágil se transforma em mais trabalho para Weverton, cuja média de defesas por partidas aumentou de 2.5 no Brasileirão passado pra 4.0 neste Paulistão.

Danilo saiu do time com uma média de 2.1 desarmes por partida, já Zé Rafael desarma 2.4 vezes por jogo. Por sua vez, Gabriel Menino possui 1.3 desarme a cada confronto. Além da queda nos números, existe a questão do posicionamento. Até 2022, Zé pressionava e desarmava lá frente, deixando a construção rival quebrada, enquanto Danilo, com todo seu vigor para correr o campo todo, estava sempre próximo da jogada, na “sobra”, recuperando as bolas que ficavam vivas. Agora, Menino não atrapalha tanto a saída de jogo adversário e Zé Rafael precisa correr atrás dos oponentes, que trabalham com liberdade.

A entrada de Gabriel Menino trouxe soluções ofensivas e desequilíbrios defensivos. Evidentemente o ano está no começo e a primeira fase do estadual é, justamente, para identificar e corrigir fragilidades. Com tempo de treinamento, o camisa 25 do Verdão poderá evoluir na marcação. Se não for ele, Jaílson ou Fabinho também podem passar por esse processo de evolução. Seja quem for, o Palmeiras precisa resolver esta questão para ser dominante em mais um ano no futebol brasileiro.

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