Guia do Brasileirão: Athletico Paranaense

A chegada de Cuca traz novos padrões ao Furacão, principalmente no momento ofensivo.

Após finalizar o Brasileirão de 2023 na oitava colocação, ficando assim fora da Copa Libertadores da América, o Athletico Paranaense começou a atual temporada tentando se reforçar visando retornar a busca pela Glória Eterna. Porém, com a saída de Vitor Roque para o Barcelona, o Furacão também precisou se ajustar para funcionar sem a sua principal estrela nas últimas temporadas. 

O escolhido para guiar a equipe no começo da temporada foi o colombiano Juan Carlos Osório. Várias contratações foram feitas por parte do Furacão, destacando o centroavante Mastriani e o lateral direito Leo Godoy, vindos de América Mineiro e Estudiantes, respectivamente. A direção do CAP optou por demitir Osório devido as más atuações da equipe nesse começo de temporada, e Cuca foi o escolhido para comandar o Furacão. Assim, os paranaenses chegarão na Série A com um trabalho ainda prematuro. 


Nas primeiras partidas do Furacão sob o comando de Cuca, o Athletico tem atuado em 4-2-3-1, usando Christian como meia pela direita, com Bruno Zapelli e Cannobio completando o trio. Outro detalhe, é o volante Felipinho, que tem atuado como lateral esquerdo. Antes, com Osório, o Rubro-negro atuava bastante com três zagueiros, utilizando Cannobio como ala pela esquerda em diversas situações.

O Furacão opta por uma saída sustentada, preenchendo seu campo com vários jogadores, atraindo seus rivais e usando o espaço gerado no campo ofensivo. A equipe sai em 4+2, com os volantes se juntando ao quarteto defensivo nessa primeira fase de construção. Fernandinho é muito importante nesse momento, recebendo a bola de costas e girando diante dos marcadores. O volante é o jogador mais talentoso da equipe, sendo a principal arma para a saída pelo chão funcionar, principalmente levando em conta que a dupla Kaique Rocha e Thiago Heleno não é especialista saindo curto. Assim, o capitão do Furacão aciona bastante os homens de frente com bolas longas, principalmente Mastriani. 

Ao se colocar em campo ofensivo, o Athletico tem alguns padrões bem claros. Primeiramente destacam-se os laterais bem abertos com o corredor livre. Madson, Godoy e Esquível mostram naturalidade para aproveitar dessa condição e avançar para a última linha, contudo Felipinho ainda está se adaptando a função de lateral, e em alguns momentos acaba perdendo esse timing de atacar. Outro ponto a se notar é o posicionamento de Christian, o outrora volante, começou a era Cuca atuando como um meia pela direita, ocupando mais a faixa central do campo quando o Furacão está construindo. 

A dupla de volantes, Erick e Fernandinho, fica mais na base da jogada, servindo como ponto de retorno, com ambos os jogadores, principalmente o ex-City, encontrando a bola na entrelinha, na tentativa ativar Christian ou Zapelli – este apesar de talentoso ainda encontra alguns problemas de ser regular durante as partidas. O camisa 10 mostra ótimos flashes, contudo, ainda sem conseguir manter o desempenho durante os 90 minutos. 

O Furacão tenta chegar ao gol de forma rápida e eficaz, usando em muitos momentos passes mais longos de Thiago Heleno, buscando os laterais em projeção. Porém, quando a equipe não consegue acelerar o jogo, a construção do time é bastante lenta, o que é normal para um trabalho ainda em fase inicial. 

O Furacão explora muito bem as costas dos laterais adversários, com seus extremos e laterais atacando o espaço. Para isso acontecer, Thiago Heleno, Fernandinho e Zapelli são fundamentais com passes mais longos. O volante Erick também é importante, infiltrando e marcando gols. 

Nos escanteios, o Athletico busca ter um jogador na pequena área próximo ao goleiro e outros três (aqui ficando a dupla de zaga), próximos a marca do pênalti. No momento da cobrança, esses quatro atletas atacam a primeira trave, enquanto outro jogador do Furacão ataca no lado oposto, no espaço gerado com as movimentações na área adversária.

No momento contrário, ao defender os escanteios adversários, o Athletico opta por uma marcação individualizada, com exceção de Kaique Rocha. O defensor fica parado na linha da pequena área sozinho, visando cortar bolas que são alçadas de forma mais fechada, próximas ao gol de Bento.

O Athletico ainda está se encontrando defensivamente. A equipe busca ter encaixes mais setorizados, com Erick, em muitos momentos, subindo para tirar espaço dos volantes rivais. A ideia de ter uma equipe mais agressiva e combativa sem a bola ainda precisa ser ajustada, principalmente na questão do constado da linha de meias. Os adversários nessas primeiras partidas tem encontrado esse passe em zonas entrelinhas, gerando uma desestruturação na equipe. Em pressão, o principal fator de correção imediata é o fato da última linha não acompanhar a marcação, gerando um enorme buraco entre meio campo e a defesa, algo a ser explorado pelos adversários. 

Ao longo da temporada, a equipe athleticana demonstrou algumas fragilidades para recompor rapidamente, tendo sofrido alguns gols em transições, com os adversários explorando sobretudo o lado esquerdo da equipe. O Furacão também, na era Osório, tinha dificuldade para realizar linha de impedimento, gerando chances aos rivais quando os mesmo atacavam a última linha de defesa. 


Goleiro da seleção brasileira, Bento é um dos principais jogadores em sua posição atuando no país. Tendo recebido proposta do Benfica nas últimas janelas, segurá-lo foi mais uma demonstração de força do Furacão. Debaixo das traves, trata-se de um goleiro bastante seguro, que busca simplificar suas defesas – utilizando de seu bom posicionamento. Bento também vai bem em lances de 1×1 contra os atacantes.


O camisa 10 do Furacão ainda demonstra momentos de irregularidade, porém Bruno Zapelli tem muito talento. O meia mostra boa qualidade em passes em profundidade, encontrando os companheiros atacando a última linha. Zapelli também tem boa qualidade para inverter a bola, trocando bem o corredor da jogada, achando o companheiro livre no lado oposto. O jogador tem um bom giro de pescoço e técnica apurada para girar bem e rapidamente após receber a bola. Porém, precisa participar mais do jogo, esperando bastante a bola na intermediária. 


Principal contratação da equipe na temporada, o centroavante uruguaio tem a árdua missão de substituir Vitor Roque no comando de ataque do Furacão. Porém, é importante destacar que os dois são atletas diferentes. Mastriani é um jogador mais adequado para receber a bola de costas e fazendo pivôs rápidos para acelerar o ataque. O centroavante também busca definir as jogadas com poucos toques, precisando de pouco para marcar. Sua participação dentro do jogo não é das mais altas, mas o jogador marca boas diferenças nos momentos em que toca na bola.

Com Osório, Mastriani, em muitos momentos, atuou em dupla de ataque ao lado de Pablo, podendo vir a ser uma opção para o técnico Cuca. Em 2024, são nove gols marcados em oito partidas. Além disso, foi um dos destaques do último do Brasileirão mesmo com o rebaixamento do América-MG, atingindo uma média de 0,51 gol/jogo.

Gráfico: Footure PRO
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