Guia do Brasileirão: Bahia

Buscando um roteiro diferente da temporada passada, o Bahia fez contratações importantes para a temporada e pode surpreender no principal pelotão do Brasileiro.

Após uma primeira temporada ruim sob a administração do Grupo City, o Bahia começou 2024 tentando fazer diferente para melhorar os resultados esportivos. O Tricolor resolveu manter Rogério Ceni no comando técnico após o término do Brasileirão e além do treinador, a equipe não só conseguiu manter Cauly, que foi bastante procurado na janela, como renovou o contrato de sua principal estrela. 

E para conseguir a melhora dentro de campo, o Bahia fez uma janela de transferências bastante agressiva, entrando em brigas com alguns dos principais times do país e vencendo as disputas. As chegadas de Cuesta, Jean Lucas, Everton Ribeiro e Caio Alexandre elevaram bastante a qualidade da equipe com bola, fazendo o time ter um grande controle de suas partidas nesse começo de temporada. Finalista do Campeonato Baiano e classificado na Copa do Brasil, a equipe de Rogério Ceni também garantiu o primeiro lugar geral da fase de grupos da Copa do Nordeste com uma rodada de antecedência. Uma diferença grande comparada a 2023, quando o Tricolor sequer passou dessa fase. 

Gráfico: Footure PRO

Dentro de campo, o Bahia se posta em um 4-1-3-2, colocando todos os seus principais jogadores em zonas próximas. Caio Alexandre é o primeiro homem de meio, a sua frente um trio com Cauly centralizado, Jean Lucas (esquerda) e Everton Ribeiro (direita) como meias pelos lados. Contudo, o trio tem liberdade para rotacionar e trocar de lugares entre si. No comando de ataque, a equipe usa a dupla Everaldo e Thaciano – este sendo um dos principais jogadores do Tricolor nesse primeiro trimestre. 

O Bahia busca fazer uma saída em três, algo já característico na carreira de Rogério Ceni. Além da dupla de zaga, o terceiro elemento dessa linha, é o lateral esquerdo, seja Rezende ou Juba, que recua para ficar junto a Cuesta e Kanu. A frente do trio, Caio Alexandre completa a dinâmica, formando uma saída em 3+1. Tentando empurrar os adversários para o campo de defesa, a equipe abre o lateral, além da dupla de ataque fixar os dois zagueiros rivais próximos ao gol. O Tricolor prioriza sair curto, tentando encontrar Cauly, Jean ou Everton em zonas entrelinhas. Contudo, também pode-se ver Cuesta fazendo uma construção mais longa, utilizando de sua qualidade para buscar lançamentos para os jogadores mais abertos.

Após superada a primeira fase de construção, a equipe baiana tenta envolver os adversários através de passes curtos. O Bahia tenta reunir muitos jogadores em espaço curto, tendo sempre pelo menos duas opções de passe. Os movimentos entre o trio de meio-campistas facilitam na eficiência dessa manutenção da posse. Além disso, Cauly e Everton Ribeiro vão muito bem em situações de espaço curto. 

Optando por posses mais longas, a equipe tem algumas dificuldades para progredir e atacar a última linha dos adversários devido a falta de atletas atacando o espaço. Dentre os titulares, apenas Thaciano e Arias (quando este é titular) tem essa característica, com o lateral sendo bem acionado por Everton Ribeiro nas costas do lateral esquerdo adversário. Essa falta de movimentos de ruptura e infiltrações, faz com que o Tricolor coloque poucos adversários na área, entrando normalmente com duas ou três opções. 

Caio Alexandre é uma peça importante na construção, sendo o principal ponto de retorno das jogadas e fazendo passes em zonas entrelinhas. Rezende, improvisado na lateral, fica mais na base da jogada, ajudando na circulação da posse, enquanto um dos meia – normalmente Jean Lucas, é quem fica aberto pela esquerda, porém com mobilidade. É normal que em alguns momentos o time não utilize amplitude nos dois lados do campo. Enquanto Thaciano é o principal goleador da equipe, Everaldo fica mais responsável por receber a bola de costas, realizando pivô e ajudando na circulação de bola. 

Apesar das poucas infiltrações, uma das jogadas mais perigosas do Tricolor nesse início de ano são os cruzamentos para os jogadores correndo nas costas da defesa. Normalmente executados por Thaciano, que tem sido vital nessa situação, mesmo quando não marca, pois normalmente consegue ao menos finalizar com perigo, ou em outros casos, dar uma assistência. A equipe também tem um número alto de gols advindos de bola parada, mais precisamente escanteios, que contam com boas movimentações na área. 

No momento de defender os escanteios adversários, o Tricolor utiliza uma marcação mista. Com cinco jogadores na linha da pequena área protegendo o espaço, enquanto outros três realizam marcações individuais em atletas adversário pré-determinados antes do duelo. 

Ofensivamente, a equipe tem dois jogadores mais próximos à primeira trave (com Thaciano sendo um destes) e outros quatro mais longe do gol. No momento da cobrança, os dois próximos a trave atacam aquele espaço, enquanto outro três se movimentam para o centro da área. E um jogador fica mais afastado atacando o espaço próximo a segunda trave. 

Principal calcanhar de Aquiles do Bahia em 2023, a defesa ainda preocupa para a temporada. Apesar das chegadas de Cuesta e Arias, o Tricolor ainda apresenta dificuldades, sobretudo quando precisa correr para trás em transição, tendo dificuldades em fechar espaços dos adversários e gerando muitas chances. A defesa se porta em 4-1-4-1/4-5-1, com Thaciano defendendo mais aberto pela direita. Porém, em pressão, o funcionamento é em 4-4-2, com os jogadores buscando induzir o adversário para os lados do campo, fechando as opções de passe por dentro. 

Porém, quando essa primeira linha é superada, a equipe acaba tendo problemas, como citado no parágrafo anterior. Além destes, o Bahia apresenta dificuldades em vencer duelos pelo alto e de defender as costas dos laterais, necessitando ajustes para ser uma equipe mais equilibrada durante o Brasileirão. 

Curiosamente, as jogadas do Bahia que normalmente geram gols da equipe, também são as que geram gols sofridos quando executadas pelos adversários. Com certa dificuldade em defender pelos lados, a equipe acaba sendo atacada nas costas de seus laterais, e a dificuldade de vencer duelos pelo alto (apesar da chegada de Victor Cuesta), faz com que a equipe tome gols vindos de cruzamentos.


Apesar da manutenção de Cauly, que fez uma ótima temporada em 2023, o grande destaque do Bahia nesse começo de ano é Everton Ribeiro. O meia chegou como a principal contratação da temporada e tem correspondido às expectativas. Everton possui grande inteligência dentro de campo, tomando ótimas decisões próximo ao gol. O meia parte normalmente da meia direita, associando-se bastante com o lateral no setor. Contudo, se move para outros setores do campo. Everton tem um bom giro de pescoço, que usa para mapear as jogadas com antecedência, conseguindo acelerar bem as jogadas. O jogador trabalha bem em espaço curto, sendo importante e complementar ao estilo de jogo da equipe.  

Gráfico: Footure PRO

Nascido em 2007, Roger apareceu para o futebol em 2022, ao ser o principal destaque do Bahia na Copa do Brasil sub-17, aos 15 anos de idade. Após a competição, o meia passou a atuar na equipe sub-20, tendo jogado as últimas duas Copas São Paulo. Nesse início de temporada, o jovem já realizou 4 jogos no profissional e seu grande momento foi a assistência para o gol do triunfo do Esquadrão diante do Sport pela Copa do Nordeste. O jovem é um meia bem leve, que busca se mover para próximo da bola, conseguindo se associar bem em espaço curto. Seu drible é de regular para bom. Destro, Roger ainda precisa evoluir no uso da perna esquerda.

Vindo do Botafogo, Cuesta chegou para ser a principal referência defensiva do Tricolor. O defensor argentino melhorou a bola pelo alto do Bahia – mesmo que essa ainda seja problemática. Além disso, é muito importante na construção de jogo da equipe. Com boas valências sobretudo em passes mais longos, o zagueiro é vital encontrando os jogadores mais abertos no campo. 

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