Guia do Brasileirão: Corinthians

Buscando melhorar após uma temporada ruim em 2023, o Corinthians aposta em Rodrigo Garro e na recuperação de Yuri Alberto para alçar voos mais altos.

Com uma temporada 2023 bem abaixo das expectativas, o Corinthians começou 2024 sob nova gestão e buscando ter uma melhora no rendimento esportivo. Porém, de início o rendimento seguiu próximo ao do ano anterior, fazendo com que o treinador Mano Menezes fosse demitido ainda do início da temporada. O escolhido para substituí-lo foi António Oliveira, que estava no Cuiabá. 

O português promoveu algumas mudanças no modelo de jogo, melhorando o rendimento alvinegro, porém, não foi o suficiente para conseguir a classificação para fase mata-mata do Paulistão. Além do treinador, os paulistas investiram forte no mercado, com destaque maior para os meias Igor Coronado e Rodrigo Garro, escolhidos para suprir a lacuna deixada por Renato Augusto. 

Gráfico: Footure PRO

ESQUEMA DE JOGO

O Corinthians vai a campo em um 4-3-3, apostando bastante na velocidade da equipe. Com uma linha defensiva praticamente nova, tendo apenas Fagner de remanescente, fazendo companhia aos novatos Felix Torres, Gustavo Henrique e Hugo. Seguindo o padrão da defesa, os alvinegros tem Garro e Raniele de recém-chegados, ao lado de Maycon no meio-campo. No comando de ataque, o jovem Wesley ganha cada vez mais protagonismo, enquanto Yuri Alberto tenta melhorar o rendimento, sendo acionado de uma forma diferente sob a batuta do português.

SAÍDA DE BOLA

O português António Oliveira busca uma saída em 3+1, ou às vezes em 4+1. Na primeira opção, o lateral esquerdo Hugo fica entre os zagueiros, com Raniele a frente da defesa. Mas outra opção, é Fagner também ficar junto da linha defensiva, formando uma linha de 4 atletas. O zagueiro Felix Torres é o defensor com mais peso na construção. O equatoriano acaba por vezes carregando a bola até o meio-campo, outras vezes opta por tentar mais passes na entrelinha. Uma opção bastante usada pela equipe também são os passes em profundidade buscando Yuri Alberto nas costas da defesa. Esses passes, na maioria das vezes, são tentados por Rodrigo Garro. O camisa 10, em determinados momentos, baixa um pouco para ajudar nessa primeira fase de construção.

CONSTRUÇÃO DE JOGO

Atuando com três atacantes, a equipe alvinegra tenta criar suas chances rapidamente, passando pouco tempo trocando passes antes de finalizar as jogadas, com Yuri sendo o principal alvo das jogadas. O centroavante corinthiano vive boa fase, com três tentos marcados desde que António Oliveira assumiu o clube. O atacante faz desmarques sobretudo com a defesa adversária em meia altura, buscando diagonais curtas atrás dos zagueiros. 

O posicionamento dos laterais também é algo a se destacar, com Hugo e Fagner participando bastante da construção por dentro, principalmente o lateral-esquerdo, que fica mais na base da jogada, deixando a beirada toda para Wesley. O jovem extrema da equipe é bastante acionado em lances de 1×1, sendo responsável por ganhar metros conduzindo a bola. 

Pelo meio, Garro é a peça de maior destaque, participando ativamente do jogo em várias partes do campo. Desde os momentos em que baixa na defesa para lançar Yuri Alberto, até quando infiltra na área. O novo camisa 10 do Corinthians também é o responsável pela bola parada da equipe. Dos pontos a melhorar, o jogo por dentro ainda é um fator que preocupa na construção dos paulistas. Com a grande maioria das jogadas realizadas pelos lados do campo, o meio acaba sendo esvaziado em alguns momentos, o que pode gerar problemas em determinados contextos. 

COMO SAEM OS GOLS

Os gols do Corinthians saem principalmente devido a duas peças: o extremo Wesley e o atacante Yuri Alberto. Os desmarques do camisa 9 geram não apenas gols para ele (três nesse início de trabalho de António Oliveira), mas também para seus companheiros que se aproveitam do espaço gerado. Enquanto Wesley consegue muitas jogadas de perigo para a equipe driblando para a linha de fundo, chegando em boas condições de finalização ou passe. O atleta não precisa necessariamente participar diretamente dos gols para influenciar, mas muitos dos tentos alvinegros tem início em seus lances individuais. 

BOLA PARADA

Defensivamente o Corinthians busca defender em zona, tendo 8 jogadores na sua área, com a maioria preenchendo sobretudo a pequena área. O zagueiro Gustavo Henrique é a maior referência para conseguir afastar a bola. 

Ofensivamente, Yuri Alberto fica próximo ao goleiro. Mas no momento da batida, corre em direção a primeira trave, enquanto outros três atletas se posicionam mais na marca do pênalti. Dentre esses atletas, ficam os dois zagueiros. E um detalhe é que muitas vezes a equipe não tem ninguém atacando a segunda trave.

COMO DEFENDE

O Corinthians busca pressionar bem o portador da bola. A ideia é não só tirar os espaços do adversário, mas também recuperar rapidamente a posse da bola. Falando principalmente em pressão, Raniele é uma peça importante, reagindo rapidamente para recuperar a bola, subindo pressão e cortando linhas de passe. Essa pressão é realizada com os pontas da equipe fechando os zagueiros, enquanto Yuri Alberto pressiona o primeiro volante rival. 

Próximo a sua área, o Timão melhorou sobretudo a bola pelo alto, com Gustavo Henrique sendo responsável por vencer muitos duelos por cima. Felix Torres não apresenta a dominância pelo alto de seu companheiro, mas é uma peça importante cobrindo o espaço em campo aberto. Com o time se portando em campo próprio em 4-1-4-1, com Raniele fazendo uma função não só de proteger a entrelinha, mas de acompanhar infiltrações dos adversários, por vezes se aproximando do comportamento de um terceiro zagueiro.

COMO TOMAM OS GOLS

A equipe acaba tomando gols de bola parada. Usando sua marcação em zona, a defesa alvinegra passa por momentos de desconcentração e dificuldades para atacar a bola em determinadas situações. Outra situação que costuma levar perigo a meta de Cássio são as rebatidas mal efetuadas pela linha defensiva, dando posse para o adversário já no último terço. 


MELHOR JOGADOR – RODRIGO GARRO

Principal reforço da temporada, ao lado de Igor Coronado, Rodrigo Garro é responsável por participar do ataque corinthiano em várias partes do campo. Desde a saída de bola – onde participa em poucos momentos, importante destacar – até a entrada da área. Garro acaba tendo bons momentos com Romero e Fagner pelo lado direito ofensivo. O jogador tem um bom passe em profundidade, além de usar bem sua visão prévia para conseguir acelerar as jogadas. Precisa melhorar defensivamente, tendo dificuldade para vencer alguns duelos mais físicos (algo que se repete no ataque). 

MELHOR JOVEM – WESLEY (2005)

Wesley é a válvula de escape do ataque corinthiano. Recebendo a bola bem aberto pela esquerda, o jovem é bastante acionado, sendo a principal opção de 1×1 da equipe. O extremo carrega bem a bola, mantendo-a próxima ao seu corpo, tendo boa velocidade para longas e médias distâncias. Sua troca de direção é bastante rápida, sem perder velocidade. Precisa melhorar no acabamento das jogadas, tendo dificuldades para encontrar o passe após levar vantagem no drible. 

MELHOR ESTRANGEIRO – FELIX TORRES

O zagueiro equatoriano chegou, a princípio, para ser complementar a Lucas Veríssimo. Porém com a saída do ex-zagueiro da seleção, Felix precisou assumir um papel de maior liderança na defensiva corinthiana. Destacando-se principalmente pela sua velocidade, o jovem tem uma passada larga, conseguindo defender longe de gol. Também tem boa agressividade para se antecipar buscando interceptações em zonas intermediárias do campo. Torres tem peso com a bola, com conduções curtas e passes em zonas entrelinhas. Seu jogo aéreo é uma debilidade, sobretudo ao defender lances de jogo direto. Também apresenta dificuldades contra zagueiros mais físicos. 

Gráfico: Footure PRO
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