Guia do Brasileirão: Fluminense

Atual campeão da Libertadores, o Flu de Diniz chega a 2024 com reforços que dão a profundidade que faltava ao elenco para brigar por títulos em três frentes.

Após uma temporada dos sonhos, com o título da Libertadores, o Fluminense de Fernando Diniz chega para o Campeonato Brasileiro desse ano com o objetivo de ser regular e se consolidar como um dos postulantes ao título. A partir disso, o Tricolor foi agressivo no mercado e trouxe alguns atletas com boa experiência no Brasil, como Renato Augusto, Douglas Costa e Terans. O plano de trazer maior profundidade ao elenco se alinhou com o perfil de jogador que o jogo de Diniz pede: o bom trato da bola no espaço curto. A priori, mesmo com a importante saída de Nino, o planejamento foi coerente e pode render bons frutos disputando taças em três frentes em 2024. A Recopa já foi conquistada.

Gráfico: Footure PRO

O Fluminense de Fernando Diniz se posta em um 4-3-3, que muitas vezes pode se tornar um 4-2-3-1, principalmente se Renato Augusto estiver em campo. A estrutura da equipe é a mesma que a do ano passado, sofrendo apenas com a saída de Nino para o Zenit. A partir disso, Thiago Santos iniciou a temporada como titular ao lado de Felipe Melo na defesa, mas Marlon tende a brigar pela posição, já que era visto como um possível titular para 2024.

No meio, Renato Augusto chega para, na maioria das vezes, revezar com Paulo Henrique Ganso e trazer uma carcterística nova para essa função. Renato é mais agressivo nas chegadas a área e oferece o arremate de média distância, dois aspectos que não são do perfil de Ganso. Terans pode vir a ser uma alternativa jogando por dentro ou até partindo do lado direito, mas ainda não engrenou. No ataque, o trio é o mesmo, com Arias e Cano como figuras cruciais e Keno ganhando concorrência com as chegadas de Douglas Costa e Marquinhos. John Kennedy é outra figura de destaque e que pode explodir de vez durante a temporada. A base é a mesma, mas as opções são mais fartas.

A saída de bola do time de Fernando Diniz é sustentada, contando com a participação de todos os defensores e do goleiro. Inclusive, durante a última temporada, Fábio evoluiu bastante no jogo com os pés. Além disso, os meio-campistas se aproximam consideravelmente da zona da bola para gerar linhas de passes e superioridade, buscando envolver completamente o adversário. André é o pilar da equipe nessa fase, muitas vezes iniciando a saída entre os zagueiros e próximo de Fábio. A partir desse padrão, a construção se desenrola com passes curtos, tabelas e a busca do homem livre para verticalizar o passe.

A partir da saída com muitos jogadores na zona da bola, quando se destacam as tabelas, os passes no entrelinha, além da qualidade e paciência para reter a posse, o Fluminense constrói com alguns pilares bem definidos. André, Marcelo e Ganso ou Renato Augusto são os jogadores que, em diversas ocasiões, vão mudar o ritmo da construção. O jovem volante tricolor tem ótimos gestos técnicos e bom giro para sair das pressões do adversário. Marcelo tem bastante liberdade quando a equipe tem a posse, já que Keno é quem estará em amplitude pelo lado esquerdo. Assim, o lateral gera apoio para o desenvolvimento do jogo por dentro e acaba por fazer alguns movimentos como um meio-campista.

Já pela direita, Samuel Xavier alterna os papéis com Arias, ora dando amplitude, ora ficando na base da jogada. Em alguns momentos, ambos vão atacar a última linha do adversário, com o colombiano mais próximo de Cano. A aglomeração na zona da bola não se resume à saída e permanece até os terços finais do campo e nesse caso, Ganso é muito importante ao achar passes que poderão se tornar pré-assistências ou uma clara chance de finalização, principalmente quando o alvo é Germán Cano. Algo que Diniz conseguiu aprimorar na equipe é a objetividade ao buscar o passe mais vertical quando há espaço no entrelinha rival e achar os extremos para desequilibrar no um contra um ou atacando profundidade a partir do lado do campo.

O Fluminense de 2024 tem se aproveitado bastante das jogadas pelos lados do campo, em sua maioria originadas de tabelas por dentro e o passe em profundidade nas costas da última linha adversária. Atacando dessa forma, o Tricolor marcou cinco gols no Campeonato Carioca, seja a partir de cruzamentos para o centro da área ou em finalizações cruzadas.

No momento defensivo, o Fluminense se posta em um 4-4-2, com Germán Cano e o meia (Ganso ou Renato Augusto) na primeira linha. A ideia é recuperar a posse o mais rápido possível, com forte pressão no portador da bola e tirando as linhas de passe. Conforme o bloco sobe, é possível observar os encaixes de pressão para induzir o adversário ao erro. Germán Cano é muito importante neste cenário, com boa intensidade e agressividade para exercer essa marcação mais ajustada e fechar linhas de passe, principalmente do goleiro e dos zagueiros.

Sem Nino, a equipe tem sofrido bastante ao defender a área, principalmente no jogo aéreo. Nesse início de temporada, o Tricolor já sofreu cinco gols a partir de cruzamentos, dois na semifinal do Campeonato Carioca, contra o Flamengo. Outro ponto de atenção para Diniz.

Nos escanteios ofensivos, o Fluminense costuma colocar seis jogadores dentro da área adversária. As batidas que vão fechando em direção a pequena área, geralmente de Arias e Marcelo, buscam a chegada dos jogadores mais altos a partir da marca do pênalti. Já nos escanteios defensivos, o time tem seus dez jogadores de linha dentro da área, com alguns encaixes individuais, configurando uma marcação mista.


Desde a última temporada, a evolução de Jhon Arias sob o comando de Fernando Diniz foi exponencial. O colombiano se tornou um pilar ofensivo, oferecendo bom drible, criatividade nos passes, boa intensidade nas fases ofensiva e defensiva, além da ótima capacidade de associação a partir de tabelas. Para esse ano, Arias já chega como o melhor jogador da equipe. No Carioca, se destacou pela média de dribles em ultrapassagem (2,62 por jogo) e de passes chave por partida (1,31). Em dez jogos em 2024, já contribuiu com quatro gols e uma assistência, além de ter sido o herói da Recopa.

Gráfico: Footure PRO

Principal joia do Fluminense desde a temporada passada, André permaneceu no clube para este ano e seguirá como um dos pilares do time. Sua influência na saída de bola e na construção de jogo da equipe demonstram todo o seu talento e sua margem de crescimento. O volante tem gestos técnicos refinados, ótimo índice de passes certos (97,7%), é muito agressivo na pressão ao portador da bola e tem boa imposição física para vencer duelos pelo alto.

Gráfico: Footure PRO

Artilheiro do Fluminense na última temporada, com 40 gols em 59 partidas, Germán cano é o melhor estrangeiro da equipe além de Arias. O início de 2024 do goleador argentino não foi de tantos gols assim, com dois marcados em sete jogos, porém sua capacidade de desmarque curto para se colocar em boa situação de finalização é impressionante, além de sua precisão para arrematar, inclusive com a perna não dominante. A tendência é que os números cresçam com o decorrer da temporada.

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