Guia do Brasileirão: Fortaleza

Apresentando um mau futebol nesse começo de temporada, o Tricolor busca a chave para o Brasileirão, tentando encontrar sua melhor versão.

Na quarta temporada de Juan Pablo Vojvoda sob o comando do Fortaleza, têm-se um dos momentos de maior instabilidade do argentino desde que assumiu o Leão do Pici. Após o vice da Copa Sul-Americana em 2023, a equipe cearense caiu bastante de rendimento, terminando o Campeonato Brasileiro de forma um pouco melancólica. 

Em 2024 o tricolor fez uma janela discreta, com poucas chegadas, apostando mais na manutenção da base, com as principais chegadas sendo a do goleiro Santos e o retorno do extremo Moisés. Contudo, o conjunto ainda não conseguiu manter regularidade nas atuações. Tendo uma série de jogos ruins, sobretudo contra os adversários de maior nível técnico, o que deixa muitas dúvidas sobre o Brasileirão do Fortaleza.

Gráfico: Footure PRO

O Tricolor vai a campo com um 4-2-3-1, que na função do camisa 10 já teve alguns jogadores diferentes nesse começo de ano. Jogaram por ali: Calebe, Kervin Andrade e, recentemente, o extremo Imanuel Machuca foi deslocado para realizar a função. Outra faixa do campo que tem causado muita rotatividade na equipe titular, é a volância. Com a saída de Caio Alexandre e Hércules ainda se recuperando de lesão, Vojvoda testou algumas opções, com Zé Welison sendo o atleta mais regular. Ao lado dele, o jovem Kauan ganhou muitos minutos como titular, sobretudo nas últimas partidas. Porém, Pochetino, Sasha e Pedro Augusto também jogaram por ali.

O Fortaleza busca uma saída em 4+2, usando os dois volantes a frente da defesa. O Tricolor tem apresentado problemas para sair sob pressão, perdendo a bola em zonas perigosas ou apostando muito em bolas longas buscando Lucero. Kauan é um nome importante nessa saída, sendo o volante da equipe com mais naturalidade no passe, conseguindo encontrar bem os companheiros em boas zonas do campo. Porém, todos os volantes da equipe mostram dificuldades para receber a bola de costas e girar sob os adversários. 

Ao chegar no campo de ataque, a falta de Caio Alexandre fica mais notória na equipe, com o Tricolor tendo muita dificuldade para conseguir acelerar as jogadas com eficiência. Kauan é o atleta que mais se aproxima do agora volante do Bahia em características. O jovem é o principal ponto de retorno da equipe e é o atleta que mais arrisca passes para a frente. Ficando mais posicionado na base da jogada, junto a Zé Welison – contudo Zé ainda consegue aparecer mais no último terço em alguns momentos. 

Tinga acaba ficando mais próximo aos defensores nesse momento de construção, formando uma linha de três, com Pikachu ou Marinho mais abertos pela direita. O Fortaleza busca bastante inverter o corredor da jogada a todo momento, tentando criar cenários favoráveis para seus extremos em lances de 1×1. Inclusive, a maior parte da construção do Leão vem dessas vitórias pessoais dos jogadores de lado, conseguindo conduzir a bola e ganhar metros no campo. Moisés é o principal responsável nesses contextos. Marinho acaba gerando bastante volume também, contudo, precisa aumentar sua eficácia. 

Lucero acaba descendo para participar do jogo recebendo a bola de costas e escorando para quem estiver entrando pelo meio. O Tricolor acaba tendo um jogo entrelinhas discreto, colocando poucos jogadores nas costas dos volantes adversários. O jogo por dentro da equipe acaba variando de acordo com o escolhido para atuar por trás de Lucero. Machuca oferece mais drible por dentro, enquanto Kervin é um jogador mais criativo, já Calebe traz mais entradas na área. Este cenário deixa Vojvoda com opções variadas a depender do contexto, porém, sem tanta regularidade dos escolhidos. 

Uma das jogadas mais letais do Tricolor acontece quando a equipe consegue acelerar a jogada e ataca as costas dos laterais adversários, deixando seus extremos com liberdade próximos a área, para buscar a finalização ou o cruzamento. Cruzamentos esses que tem Lucero como alvo, com o centroavante se posicionando normalmente no costado do defensor mais baixo dentro da área. 

Defensivamente a bola parada do Leão é defendida de maneira mista. Com três jogadores fazendo marcação individual e outros quatro (ou cinco) fazendo uma defesa em zona na pequena área. 

Atacando, os cearenses colocam seis jogadores na área rival. Ficando um jogador mais próximo a cada trave, dois próximos a marca do pênalti e outros dois na entrada da área, que correm para o centro no momento da cobrança. Inclusive, é comum observar alguns bloqueios sendo realizados para que um desses jogadores mais afastados possa aparecer sozinho na área. 

Defensivamente o Fortaleza se porta em 4-4-2, com Lucero e o Machuca (ou a opção escolhida para ser o “10”) na primeira linha. Os zagueiros sobem bastante para tirar espaço dos atacantes adversários, quando os mesmos baixam para participar do jogo. Apesar dessa caça da última linha de defesa, o Tricolor tem uma marcação bastante passiva, permitindo que os rivais tenham tempo para dominar e decidir a melhor jogada em zonas intermediárias do campo. Outro ponto falho é a transição defensiva. A equipe tem muita dificuldade correndo para trás, além de também permitir que os adversários consigam carregar a bola com espaço. 

A bola parada defensiva tem sido um problema para a equipe de Vojvoda, seja dos próprios problemas em defender quando os adversários arrancam para o meio da área, ou da dificuldade da equipe em conseguir os rebotes após afastarem a bola, gerando chances a média ou longa distância para os rivais. A transição defensiva também gerou alguns gols sofridos pelo Leão, sem conseguir defender as infiltrações na área pelo adversários, além do espaço que o portador da bola acaba tendo para conduzir e tomar a melhor decisão.  


Após seis meses no Cruz Azul, Moisés retornou para o Fortaleza e sua importância fica muito clara em campo. Principal responsável por ganhar metros para o Tricolor em campo, o extremo tem uma ótima capacidade no 1×1, vencendo muitos duelos. Uma característica interessante, é que o jogador consegue “sair” para os dois lados no momento do drible. Também possui um bom biotipo, aguentando contato em velocidade. Porém, por vezes acaba segurando muito a bola, perdendo algumas oportunidades de finalizar mais rapidamente os ataques. 

Gráfico: Footure PRO

Após uma campanha muito boa na Copinha, o Fortaleza subiu alguns atletas do sub-20, como Kervin Andrade, que chegou a ser convocado para a seleção venezuelana. Porém, Kauan é quem teve maior impacto no jogo da equipe. Sendo o volante da equipe com mais qualidade no passe, sendo influente na saída de jogo e na construção em campo ofensivo, invertendo o lado das jogadas e conseguindo acionar com eficiência seus companheiros mais próximos ao gol. 

O chileno foi uma das poucas contratações que o Leão do Pici fez nesse começo de ano, e acabou tendo um impacto imediato. Kuscevic melhorou a defesa de área do Tricolor, mostrando boa postura dentro da área e realizando cortes de maneira correta próximo ao gol. Tem sido mais designado a encurtar a distância para os centroavantes, quando os mesmos se afastam um pouco da área. Mostrando boa agressividade para subir a linha e tirar o espaço dos adversários nessas situações. 

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