Guia do Brasileirão: Grêmio

Com um novo ataque após a saída de Suárez, o Grêmio renovou suas esperanças para 2024, mas ainda sofre na defesa.

Após ter feito um Campeonato Brasileiro de 2023 surpreendente pela regularidade ao longo da competição, o Grêmio de Renato Portaluppi chega para esse ano com o objetivo de ao menos tentar repetir o desempenho da campanha que foi liderada por Luis Suárez. Agora sem o histórico atacante uruguaio, o Tricolor Gaúcho precisou montar um ataque praticamente novo para a disputa do Brasileirão em 2024. Entre os principais destaques, estão as chegadas de Diego Costa, Cristian Pavón e Yeferson Soteldo, além da ascensão de Gustavo Nunes, jovem da base que ganhou espaço depois das boas atuações pela Copinha e Campeonato Gaúcho.

No entanto, os reforços não estão somente atrelados ao setor ofensivo. Os meio-campistas Du Queiroz e Dodi chegaram com o experiente goleiro argentino Agustín Marchesín. O ponto negativo do mercado gremista foi não ter buscado reforços para o miolo de defesa, o ponto fraco do time que sofreu 56 gols na campanha do vice-campeonato no ano passado.

Gráfico: Footure PRO

Para 2024, Renato mantém o 4-2-3-1 como esquema tático base. O retorno da presença de extremos puros pelos lados é a diferença em relação a 2023, quando, por diversas questões, precisou utilizar meias na linha de 3 do esquema. Os comportamentos seguem similares, com a equipe buscando aproximações no setor da bola, mas sendo mais vertical nos metros finais por conta das características das novas peças. O 4-1-4-1 tem sido utilizado durante o decorrer dos jogos, especialmente nas retas finais das partidas, quando o time busca povoar o setor do meio-campo.

Mantendo o padrão do ano passado, o Grêmio utiliza uma saída de bola sustentada, na qual pode contar com a presença de sete jogadores. O Tricolor Gaúcho prioriza sair por baixo e tocando curto, por mais que seus zagueiros não sejam especialmente construtores. E diante disso, a chegada de Diego Costa tem sido uma solução interessante pela garantia que o centroavante oferece recebendo jogo direto, especialmente quando os centrais ou o goleiro estão pressionados e buscam lançamentos para bater linhas adversárias pelo alto.

Mas saindo curto e pelo chão, os volantes Pepê e Mathias Villasanti alternam entre os mais próximos dos zagueiros na base da jogada para fazer a saída de bola do Grêmio funcionar. Os laterais também são importantes nas progressões conduzindo e recebendo a bola desde aproximações da dupla de meio-campistas.

Em campo ofensivo, o Grêmio conta com um comportamento convencional dentro de padrões de movimentos de equipes que atacam no 4-2-3-1. No entanto, segue sendo um time que visa criar superioridade numérica no setor da bola. Villasanti é o meio-campista da dupla que joga um pouco mais solto e tem a tarefa de fazer a bola circular com poucos. Ainda nas fases iniciais de construção, Franco Cristaldo é um mediapunta que desce bastante em apoio e se aproxima da dupla de meias principalmente quando os espaços estão muito fechados por dentro.

Os laterais atacam por fora ou por dentro (zonas intermédias), também dependendo do contexto e do adversário, mas o comportamento mais vertical da equipe neste ano com Gustavo Nunes e Cristian Pavón tem feito com que os laterais façam mais ultrapassagens por fora do campo, principalmente na esquerda com Gustavinho realizando diagonais e conduzindo a bola para finalizar ou abrir o jogo no lado oposto. Na direita, as dobradinhas acontecem alternando com Pavón atuando a pé natural e com os movimentos de dentro para fora do lateral-direito João Pedro para aparecer nas costas dos defensores.

Na frente, Diego Costa é a peça fundamental para o funcionamento do ataque. O centroavante hispano-brasileiro tem sido chave descendo em apoio e trabalhando de costas por toda extensão da frontal da grande área, participando da circulação ofensiva e colocando de frente os companheiros que chegam da segunda linha, em especialmente Franco Cristaldo, que está sendo um verdadeiro complemento e preenchendo os espaços que o camisa 19 gremista acaba gerando.

O Grêmio é uma equipe que tem alguma facilidade em produzir ocasiões a partir de muito volume de jogo ganhando disputas de segundas jogadas e iniciando ataques em zonas favoráveis. Dentro disso, a equipe gaúcha busca verticalizar com extremos e laterais. Cristian Pavón é quem tem se destacado neste cenário, produzindo aberto pelo lado direito, jogando a pé natural. Em sete jogos com a camisa tricolor, o argentino já deu quatro assistências, muitas dela vindo de cruzamentos e encontrando Diego Costa ou Cristaldo na área.

O Grêmio de Renato tem uma postura agressiva sem a bola. É uma equipe que prioriza pressionar alto e utiliza uma abordagem arriscada de marcação encaixada por setor. Então os atacantes saltam por dentro sobre os zagueiros e o goleiro, os extremos ficam pelos lados pegando os laterais, o embate acontece no meio entre os volantes e os zagueiros realizam perseguições que podem ser longas contra os atacantes adversários.

No entanto, o setor defensivo é o ponto fraco do Grêmio. E isso se deve muito por conta da postura agressiva da equipe, ademais da atual situação dos principais zagueiros do time. Pedro Geromel e Walter Kanneman já não possuem o rigor físico de outrora. Geromel, sofrendo com diversas lesões nos últimos anos, não consegue ter uma sequência longa e tem sido titular prioritariamente nos jogos como mandante; Já Kannemann vive um período de oscilação, alterna entre boas e más atuações. E os demais centrais do plantel também não são confiáveis.

O Grêmio tem apresentado variações interessantes nas bolas paradas. Dependendo da partida e do adversário, a equipe opta por priorizar escanteios curtos com batidas na segunda trave. Nesses momentos, o time gremista busca deixar outros dois jogadores na entrada da área para tirar efetivos do adversário na hora de defender. As batidas são mais fechadas quando cobradas diretamente.

Nos escanteios defensivos, o comportamento individual permanece. Alguns jogadores preservam o espaços, mas os principais cabeceadores adversários recebem maior atenção com marcações individualizadas.


Contratado para substituir Luis Suárez no ataque gremista, Diego Costa se adaptou rapidamente ao time de Renato e tem um início de 2024 bastante promissor com a camisa tricolor. Em cinco partidas, já anotou cinco gols e coleciona boas atuações com a equipe gaúcha, que evoluiu bastante na temporada desde a estreia do centroavante hispano-brasileiro de 35 anos.

Gráfico: Footure PRO

Ainda seja um perfil distinto ao de “El Pistolero”, o camisa 19 consegue oferecer exatamente o que o sistema ofensivo pede, sobretudo em relação ao jogo de costas e o trabalho de pivô, atraindo a marcação e gerando espaços com seus movimentos longe da área. A fase goleadora acaba premiando uma sequência interessante de partidas onde Diego demonstrou que ainda segue perigoso em desmarques mais curtos nas costas da defesa e letal nas finalizações aproveitando cruzamentos dentro da grande área.

Destaque da campanha do Grêmio na Copinha em 2024, Gustavinho continuou em boa fase atuando pelo time profissional no Campeonato Gaúcho. A lesão de Soteldo contribuiu para a manutenção do jovem de 18 anos permanecer no time titular e ele não desperdiçou as oportunidades. Atuando aberto pela esquerda ou pela direita, Gustavo é um jogador de boa relação com a bola, possui habilidade para jogadas de efeito e seus toques são de qualidade. Se destaca pela capacidade de vencer duelos no 1×1 e por bater adversários na velocidade. É constante dentro jogos para um jogador de sua idade e produz boas ocasiões partindo em diagonal de fora para dentro.

Gráfico: Footure PRO

Peça chave para o funcionamento do meio-campo do Grêmio, Mathías Villasanti vem de uma temporada de 2023 excelente com a camisa tricolor. Os sete gols e as sete assistências são números positivos se considerado que não é um jogador que joga exatamente próximo do gol adversário. Importante com e sem a bola, Villasanti é um perfil de meio-campista praticamente único hoje dentro do elenco gremista. Possui boa pegada para desarmes e agressividade necessária para os encaixes individuais que Renato utiliza na fase defensiva. Com a bola, participa da circulação ofensiva dando poucos toques e tomando boas decisões em campo.

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