Guia do Brasileirão: São Paulo

O São Paulo de Carpini busca superar as oscilações e as lesões do início do ano para começar bem o Brasileirão

Após conduzir o Juventude para uma histórica campanha de acesso na Série B, Thiago Carpini foi para o São Paulo com a difícil missão de substituir Dorival Júnior. O novo treinador começou o ano com 73% de aproveitamento, mas viu seu desempenho desabar para 43% após a conquistada Supercopa contra o Palmeiras. Nos nove jogos realizados após o título, o Tricolor Paulista venceu apenas duas vezes, empatou três e perdeu em outras quatro oportunidades.

É necessário contextualizar que é neste intervalo que o São Paulo começa a perder diversos jogadores por lesões. Figuras importantes como Lucas Moura, Rafinha e Wellington Rato se contundiram duas vezes só em 2024. Jonathan Calleri foi outra peça essencial que já perdeu tempo neste início de ano.

Naturalmente que os desfalques impactaram no desempenho do clube do Morumbi, mas a equipe passou a jogar pior também porque deixou de fazer certas coisas que estavam dando certo. E para o começo do Brasileirão, o São Paulo terá que superar as dificuldades para reencontrar o bom futebol.

Gráfico: Footure PRO

Utilizando a base consolidada por Dorival Júnior, Thiago Carpini monta seu São Paulo em 4-2-3-1, com o time alternando para uma estrutura 3-4-2-1 em fase ofensiva – com Rafinha alinhando junto aos zagueiros formando a saída com três. O lateral-esquerdo Welington avança em amplitude aberto na esquerda, enquanto o extremo pela direita (que pode ser Lucas, Rodrigo Nestor ou Ferreira) ocupa o espaço por dentro junto ao meia centralizado (Luciano, Galoppo ou James) e o extremo pela direita (Wellington Rato) permanece aberto. Na frente, Calleri se move constantemente e é uma ameaça em profundidade.

Utilizando uma estrutura de saída 3+2, o São Paulo busca sair pelo chão através da relação aproximada entre os zagueiros e os meio-campistas, que se movem constantemente nas costas da primeira linha de pressão. Gosta de progredir com passes curtos com o trabalho de Pablo Maia e Alisson. Eles são importantes alternando entre o mais próximo da base da jogada e o mais solto no meio-campo para conectar com os homens de frente.

Para saída mais longas, o São Paulo busca os lados do campo e utiliza os dois jogadores mais abertos fazendo movimentos de atração. Para induzir ou arrastar os marcadores, W. Rato e Welington não alcançam a profundidade quando em amplitude, mas se aproximam mais na faixa do meio de campo, atraindo o defensor para fora de sua zona inicial. Com isso, o São Paulo na sequência busca os lançamentos na profundidade explorando as costas dos defensores com os desmarques de Luciano e, em especial, de Calleri.

Gosta de construir o jogo desde a primeira linha de elaboração com três jogadores. Progride mais curto por dentro com o trabalho da dupla Maia-Alisson e possui presença entre linhas de figuras como Lucas e Luciano, enquanto W. Rato e Welington alargam o campo, mas sempre fazendo o movimento de ir e voltar para puxar a marcação antes da equipe são-paulina explorar a profundidade. Os jogadores que atuam por dentro atrás do atacante no 3-4-2-1 nas fases com bola são importante para soluções criativas e são os principais responsáveis por colocarem Calleri em situações claras de gol.

Dentro dessa proposta, o São Paulo ainda não contou com boas atuações em sequência de James Rodríguez, e o retorno de Rodrigo Nestor, que sofreu uma lesão ligamentar no ano passado, será importante para tirar Lucas da esquerda e auxiliar o camisa 7 na criação de jogadas nos metros finais.

O São Paulo de Carpini consegue marcar seus gols de diversas maneiras: por jogada construída, roubo após pressão no tiro de meta, em cruzamentos buscando o ponto do pênalti e nas bolas paradas. Os escanteios ofensivos estão sendo uma importante arma do Tricolor para destravar caminhos. A equipe conta com bons cabeceadores no elenco como Arboleda, Diego Costa e Luiz Gustavo. Pelo chão, a principal o principal objetivo é encontrar maneiras de acionar Calleri no desmarque curto.

Sem a bola o São Paulo adota alguns comportamentos mistos. Adianta bastante suas peças para pressionar nos tiros de meta e deixa apenas a linha defensiva mais recuada para se proteger de contra-ataques.

Marca muitos gols desde roubos pressionando em de tiros de meta, pois recupera a bola já próxima da meta oponente e tem bons jogadores pisando rapidamente na área, como o meia Luciano.

Com a bola rolando, defende em bloco médio-alto com os meio-campistas encaixando em adversários específicos do setor e os centrais (especialmente Arboleda) descolando bem da linha de zaga para dar botes, corrigindo jogadas ou preenchendo espaços.

Mesmo em escanteios com cobrador de pé trocado, busca batidas abertas. Não utiliza tanto o recurso do escanteio curto e prioriza cobranças diretas no centro da área para aproveitar a boa impulsão de seus zagueiros. Nos cantos defensivos, se protege com oito ou nove jogadores (vai depender do adversário), mas deixa os jogadores mais baixos fora da área e um pouco distantes para esvaziar a grande área e atrair a atenção de jogadores rivais em tentativas de reposições rápidas.


Desde seu retorno ao Brasil, Lucas Moura rapidamente se tornou peça fundamental dentro do sistema ofensivo são-paulino. Pode partir aberto na esquerda para preencher a entrelinha em fase ofensiva ou já começar na posição de meia-atacante atrás do 9. Apesar das lesões no início do ano, Lucas já balançou as redes duas vezes e deu quatro assistências, participando diretamente de seis gols nas oito partidas que esteve presente. Apesar dos gols que pode marcar, sua importância no São Paulo tem sido na criação de jogadas trabalhando por dentro.

Gráfico: Footure PRO

Jogador de 22 anos, protagonista na campanha do título da Copa do Brasil em 2023, e recentemente convocado para a Seleção Brasileira, Pablo Maia é o meio-campista mais importante no São Paulo pelo que entrega com e sem a bola. O camisa 29 tricolor é responsável pelos passes progressivos de sua equipe em saída de bola, trabalha bem sob pressão e se aproxima constantemente de seus companheiros para poder juntar passes e fazer parte da circulação. É um meio-campista de perfil associativo, mas também é importante sem a bola para buscar recuperações dentro das perseguições que o São Paulo de Carpini exerce defensivamente.

Gráfico: Footure PRO

Apesar de ter sofrido com algumas lesões em 2023, Jonathan Calleri terminou o ano novamente alcançando os dois dígitos em gols com suas 14 anotações em 44 partidas realizadas na última temporada. Muito além de gols, o atacante argentino finalmente encontrou a regularidade almejada atuando pelo São Paulo. É muito inteligente encontrando espaços, busca se orientar de maneira oposta do setor da bola, para ficar longe do campo de visão do defensor antes de atacar a bola após fazer uma ruptura. Esse trabalho de movimentação o ajuda inclusive a marcar muitos gols de cabeça mesmo não sendo exatamente tão alto.

Gráfico: Footure PRO
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