Guia Tático do Brasileirão 2023 | Coritiba de António Oliveira

Ativos no mercado de transferências em busca de reforços praticamente em todos os setores, o Coritiba tentará com António Oliveira uma melhor colocação neste ano.

Livre do rebaixamento na temporada passada somente nas rodadas finais, ficando na 15ª posição, o Coritiba não quer repetir os maus desempenhos e a fragilidade demonstrada principalmente fora de casa, onde somou apenas cinco pontos em 19 partidas. Para mudar essa e outras marcas negativas neste ano António Oliveira terá um desafio enorme pela frente. Dentro de seu modelo de trabalho, com saídas curtas e a busca pelos pontas para duelos individuais, o novo comandante poderá variar o esquema e potencializar jogadores em seu estilo intenso de trabalhar no último terço do campo.

ESQUEMA DE JOGO

Alternando entre 4-4-2 e 4-2-3-1, o Coritiba concentra a maioria de suas jogadas pelos lados com jogadores de velocidade e força no 1×1 em busca de espaço para chegar ao gol. Além disso, geram bastante volume na última parte do campo trocando passes e movimentando os homens da frente.

O 4-2-3-1 é o esquema tático base do Coritiba (Arte: Filipe Borin)

Construindo desde a base da jogada, com o goleiro, a saída de bola sustentada predomina e os zagueiros arriscam bolas na entrelinha adversária para obter vantagem ao progredir. Se necessário reiniciam, assim os companheiros recuam para dar opções de passe. Mas também, caso o adversário suba as linhas, saem com bolas longas acionando os pontas ou o homem de referência no ataque para tentar reter a bola e aguardar aproximação dos demais jogadores.

SAÍDA DE BOLA

Utilizando os zagueiros na saída curta e apoiados pelo volante para dar mais opção, o Coritiba costumeiramente inicia as jogadas com um dos defensores. Os laterais já avançados dão profundidade para que os extremos consigam atacar os espaços com mais liberdade. Nota-se que a equipe por vezes verticaliza e aciona seus jogadores de melhor índice nos dribles e confrontos individuais, como Alef Manga. Seja construindo pelo chão ou na bola longa, é quem dita o ritmo no setor ofensivo e não encontra dificuldades na utilização do pé não dominante, ou alternando posição com o extremo do lado oposto. Portanto, optam pela ofensividade e rapidez na chegada à frente.

COMO A EQUIPE CONSTRÓI

Acionando com enorme frequência os atacantes pelas beiradas, como mencionado acima, é a partir dali que a equipe gosta de criar suas chances de perigo e tem mais efetividade. Fortes na transição ofensiva com os dois homens atacando as costas da linha defensiva e progredindo para gerar espaços pelo meio, têm em Alef Manga e Kaio as principais investidas com bola. Seja afundando a marcação ou controlando para trocar de direção com passes na intermediária aproveitando a chegada dos homens de meio-campo. Pacientemente vão ganhando metros e chegando ao gol. Para além da troca de passes e preenchimento do campo ofensivo com superioridade, há jogadores que chutam bem de média/longa distância. Não hesitam em arriscar nas brechas cedidas pela marcação.

COMO SAEM OS GOLS

A força ofensiva de Alef Manga principalmente em campo aberto para progredir e usar seu repertório de dribles é convertida em gols. Um dos principais nomes da equipe desde que se firmou como titular, o lado esquerdo vem sendo uma grande arma para balançar as redes. O uso de um homem de referência para se movimentar dentro da área facilita o trabalho dos extremos, que vão ganhando espaço e conseguem tomar alguma decisão.

Toques rápidos, ações pelas beiradas e inversões. Com intensidade levam perigo às defesas e utilizaram bastante os pontos fortes para marcar no Campeonato Paranaense. Tecnicamente e fisicamente podem mais, o que deve ocorrer em níveis maiores, mas é uma característica interessante de se observar. Potencializa os atacantes e induz os meias a jogarem com toques curtos, além da boa chegada ao ataque.

COMO DEFENDE

A equipe defende em 4-2-3-1, com os homens da frente preenchendo os espaços em bloco médio/alto. Na medida em que a defesa se fecha e se posiciona de maneira adequada os volantes avançam para ajudar na pressão. Encurtam os espaços e obrigam o adversário a tomar decisões mais arriscadas para sair da defesa.

Algo que precisa ser acertado dentro do contexto defensivo da equipe é a pressão pós-perda e recomposição. Ainda carecendo de intensidade nas ações defensivas para não sofrer o ataque e consequentemente o gol, seguem com problemas neste quesito. As principais chances dos adversários saem na faixa central em transição e com superioridade numérica, pegando a defesa desorganizada.

COMO TOMAM OS GOLS

Um dos grandes problemas da equipe é na circulação da bola na faixa central, que em algumas situações se torna perigosa pela pouca movimentação e preenchimento dos espaços para receber e dar continuidade na construção. Quando o adversário sobe as linhas e faz a pressão, a defesa do Coritiba fica em desvantagem numérica e demora a se recompor. Assim, são superados e a bola chega na área com facilidade.

Outra fragilidade defensiva é a bola aérea. Mesmo quando colocam mais homens na área para defender, o posicionamento inadequado ainda é um risco ao gol de Gabriel Vasconcelos. E quem chega de trás fica com bastante liberdade para surpreender os zagueiros.

BOLA PARADA

Geralmente, nos escanteios ofensivos, o Coritiba leva entre quatro a seis jogadores, porém cinco avançam para atacar a bola e um aguarda a sobra na entrada da área. O cobrador concentra a batida em sua maioria próxima à marca do pênalti onde três companheiros arrastam a marcação e dificultam a saída do goleiro.

Já nos defensivos, marcação mista. O que dificulta a vida do sistema defensivo, é bom frisar, pois no momento em que a bola chega na área ainda existe uma dificuldade para compreender os movimentos. Até mesmo nos escanteios curtos, demoram para sair da área e se posicionam deixando espaços para o ataque oponente se desvencilhar da marcação.


Como já pudemos perceber, Alef Manga sem sombra de dúvidas é o cara do time. Cobrador oficial de pênaltis, com ótimo índice de acerto, é quem chama a responsabilidade e desafoga o time quando o adversário está melhor no jogo.

Dribles rápidos, com passadas largas e muita intensidade. É incisivo no campo de ataque e tem muita personalidade para arriscar em cada situação que pode levar perigo. Alto, forte e suporta bem os embates, segura a bola na frente como poucos. Já são seis gols e duas assistências até aqui na temporada, em 13 partidas.

Recém-chegado, Marcelino Moreno tem ótimos atributos técnicos para contribuir em fase ofensiva. Bola longa, visão de jogo e bom chute. Um camisa 10 em seu verdadeiro estado. Cadencia, organiza e acelera quando possível e chega bem na entrada da área. Além disso, assumiu as bolas paradas. Pode ser mais participativo sem bola, dando mais intensidade e apoio nas transições para melhorar a circulação da bola junto aos volantes. O que pode ajudar no seu crescimento na equipe é a forma como baixa as linhas para ajudar na organização desde o primeiro terço do campo. Por vezes é quem inicia e dá o passe para progredir. Tenta ditar o ritmo ao seu modo e sua qualidade no passe fica evidente.

O Coxa apresenta mais um extremo ao futebol brasileiro. Kaio César tem enorme potencial para se firmar na equipe antes de um salto na carreira para grandes centros europeus, se confirmar o desenvolvimento na equipe principal.

O jovem gera bastante jogadas pelo lado direito e sua atitude com a bola no pé chama a atenção. Das boas atuações ao gol no clássico Atletiba, ganhou o carinho da torcida e se tornou um dos pilares ofensivos. Qualidades de quem chegou para ficar e não vai abrir mão da titularidade. Com a transição sendo um dos pontos fortes da equipe de António Oliveira, é uma opção interessantíssima para chegar ao gol com perigo e volume. O camisa 37 já marcou três gols em dez partidas neste ano.


Você pode assistir a vídeo análise completa, aqui:

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