Guia Tático do Brasileirão 2023 | Fortaleza de Juan Pablo Vojvoda

Depois de uma temporada de oscilação e que terminou em alta, o Fortaleza volta a gerar expectativa em 2023 para o Brasileirão

Com Juan Pablo Vojvoda iniciando sua terceira temporada no comando do Fortaleza, o Leão do Pici começa o ano oscilando bastante. Após uma arrancada heróica no último Brasileirão, levando a equipe para a segunda participação consecutiva na Libertadores e a renovação de treinador, colocou-se muita expectativa no ano do Fortaleza.

A agressividade na primeira janela também reforçou a confiança, contudo eliminações precoces na pré Libertadores e na Copa do Nordeste frustraram o torcedor do tricolor. Mas o encaixe da dupla Hércules e Caio Alexandre, com Galhardo e Lucero garantindo gols, podem marcar uma virada importante na temporada da equipe.

ESQUEMA DE JOGO 

A equipe cearense alternou bastante seu sistema durante a temporada. Começando a temporada disposto em um 4-1-4-1, Juan Pablo Vojvoda chegou a testar o Leão do Pici com dois centroavantes em um 4-4-2. Mas nos jogos mais recentes a estrutura escolhida é o 4-2-3-1, com Tomás Pochettino atuando atrás do centroavante designado.

Hercules e Caio Alexandre se estabeleceram como titulares na dupla de volantes, enquanto as laterais da equipe ainda são incógnitas com relação a titularidade. Crispim, Bruno Pacheco e Lucas Esteves alternam pela esquerda, enquanto do outro lado, Tinga e Dudu são os principais laterais da equipe.  

SAÍDA DE BOLA

Nas saídas em tiro de meta, a equipe se porta em 4+2. Usando toda a última linha com a dupla de volantes. Quando a saída é feita a partir de bola rolando, com a recuperação da bola, Caio Alexandre baixa para a linha dos zagueiros, formando uma saída em 3. O volante é o jogador chave nessa primeira fase de construção do Leão. Utilizando sobretudo bolas longas para achar os extremas nas costas dos laterais oponentes, ou os centroavantes (Galhardo ou Lucero) para receberem a bola no pivô, em desmarques diagonais no costado dos zagueiros. 

A equipe tenta saídas rápidas, buscando encontrar rapidamente os homens de frente com passes a média e longa distância. Contrariando as últimas temporadas, o Leão do Pici arrisca poucos passes curtos por dentro nessa fase. Os cearenses carecem de zagueiros com maior capacidade nessa bola longa. Tinga é o jogador de maior qualidade do setor com a bola no pé, mas ainda sim, Caio acaba por vezes sendo sobrecarregado. 

COMO CRIA A EQUIPE

Como aconteceu nas últimas temporadas, temos um Fortaleza com diferenças em bases táticas. Principalmente no momento ofensivo. O Leão começou a temporada tendo posses mais longas, buscando conquistar espaço com trocas de corredor. Tentando acionar os extremos em lances de 1×1, tendo em Pikachu o principal homem na fase ofensiva. Contudo, Vojvoda foi mudando a equipe e hoje o Tricolor é bastante diferente. 

Ao contrário do começo de temporada, a equipe nordestina tenta chegar o mais rápido possível ao gol adversário. Tornando o Leão uma equipe de muita tentativa e erro, buscando dominar os oponentes através de alto volume de chegadas no terço final. Arriscando muitas bolas longas durante a partida. Desde a defesa a ideia é sempre acelerar a jogada, principalmente para os extremos – Romarinho e Calebe – visando colocar Galhardo ou Lucero rapidamente em condições de finalizar as jogadas. Quando não consegue na bola longa, o Leão busca passes progressivos em velocidade para conseguir por seus jogadores no terço final rapidamente. Outra forma do time criar, é através de transições, a maior arma ofensiva do Fortaleza nesse momento da temporada. 

Essas sequenciais tentativas de aceleração acabam por fazer a equipe errar em excesso durante as partidas. Deixando claro uma falta de cadência em determinados momentos. Os pivôs realizados por Lucero e principalmente Thiago Galhardo são os únicos momentos de pausa ofensiva do Fortaleza. Para conseguir acionar esse homens de frente, Caio Alexandre é a principal arma dos cearenses no passe. O volante utiliza sua boa qualidade na bola longa para encontrar sobretudo Romarinho e Calebe abertos. O outro volante do Leão, Hércules, também é uma das maiores armas ofensivas de Vojvoda. O jovem pisa bastante na área, finalizando várias jogadas. Sendo, inclusive, o jogador da posição na Série A com mais gols nas últimas duas temporadas (10). 

Romarinho e Calebe tem suas responsabilidades mais atribuídas a vencer duelos, ganhando metros e ajudando nessa transição rápida para o gol adversário. Já citados, a dupla Lucero e Galhardo combina para 18 gols na temporada. A fase dos dois e a opção de Silvio Romero fez com que Vojvoda em determinados momentos optasse por uma escalação com dois centroavantes. 

COMO SAEM OS GOLS

Inicialmente vale destacar que normalmente as jogadas de ataque do Leão acabam nos pés de Thiago Galhardo ou Lucero. A dupla soma 18 gols na temporada, sendo responsável por 41% dos gols da equipe no ano. Para além da dupla, vale destacar a quantidade de gols produzidos através de transições. Conseguindo percorrer o campo rapidamente, após recuperar a bola, a equipe chega ao gol em 4 ou 5 toques. Utilizando muitos passes para os extremos, que buscam fazer o movimento de ruptura nas costas dos laterais. Romarinho tem se destacado nessa situação neste começo de temporada. 

COMO TOMAM OS GOLS

Com cinco gols tomados em cobranças de pênalti, o Tricolor é sem dúvida uma das equipes que mais cometeu penalidades dentre os participantes dessa Série A. Para além desse quesito, a equipe sofre bastante em defender passes ou cruzamentos no lado contrário da defesa. Necessitando de maior atenção dos laterais para interceptar a bola e do sistema defensivo como um todo para não gerar situações de bola descoberta para o passador, algo que ocorre com certa frequência. 

MARCAÇÃO ALTA

Em pressão, o Tricolor utiliza uma marcação por encaixes. A ideia principal é induzir o adversário para um lado, e criar superioridade no setor para recuperar a bola. Lucero e Galhardo são vitais para esse estímulo. Porém, o jogador mais importante para essa pressão ser bem sucedida, é Hércules. Conseguindo cobrir grandes faixas de campo e com boa capacidade para pressionar o adversário, o volante consegue desarmar com facilidade no campo do adversário. 

Contudo, a equipe de Vojvoda tem grandes dificuldades quando a primeira linha de marcação é superada. Com a defesa não conseguindo ocorrer para trás, gerando ocasiões de gol para os adversários. A linha de impedimento também não consegue ser bem executada. Tornando essa pressão um all in do Tricolor. Bem executada, a equipe consegue chegar com perigo ao gol do adversário, quando não funciona, é quase certeza de sofrimento defensivo por parte do time. 

FASE DEFENSIVA

O Leão opta por defender em 4-4-2. Com Tomas Pochettino e Lucero atuando na primeira linha. A dupla apresenta um padrão importante, um dos citados é responsável por fechar as linhas de passe para o volante adversário, enquanto o outro tenta atrapalhar a última linha. A medida é para evitar que os rivais consigam começar a construção de suas jogadas pelo meio. 

O Tricolor busca realizar encaixes setorizados, com Hercules e Caio responsáveis por cobrir uma área maior no campo. A última linha do Fortaleza busca proteger mais a entrada da área, permitindo mais ações pelos lados. Inclusive, esta última linha demonstra muita dificuldade para defender as costas. Tendo muitos problemas para se encontrar quando os rivais utilizam passes em profundidade. 

BOLA PARADA

Em cobranças de escanteios ofensivas, o Tricolor busca ter poucos jogadores na pequena área no momento da cobrança. Normalmente, o único atleta a ocupar a zona antes da cobrança é o zagueiro Titi, que se posiciona próximo a primeira trave. Os alvos das batidas normalmente são o zagueiro Benevenuto ou Lucero, ambos ficando posicionados atrás da marca do pênalti. E atacando o espaço no momento da cobrança. Inclusive, o zagueiro é ajudado pelos companheiros que em várias jogadas realizam bloqueios para que o mesmo consiga correr desmarcado para atacar a bola. 

Defendendo, o Leão do Pici é uma das poucas equipes do Brasileirão com marcação predominantemente individual no escanteio. Tendo apenas o jogador da primeira trave fora desses encaixes. 

Hércules subiu para a equipe profissional do Fortaleza na última temporada e desde então tornou-se uma peça importante para o coletivo da equipe. Porém, em 2023 o jogador tem demonstrado uma melhora constante. Tendo facilidade em pisar na área, é utilizado nessa função de área-a-área e acaba finalizando várias oportunidades, inclusive já tendo feito 4 gols em 2023. O volante possui uma passada mais larga e bom arranque para realizar essas infiltrações. Seu passe curto é bem funcional, consegue ajudar em trocas de passe rápidas. O jogador ainda utiliza sua velocidade para ajudar em transições ofensivas, tão importantes no coletivo da equipe.  Hércules é também o termômetro da pressão alta do Tricolor. Conseguindo cobrir uma área grande do campo e se saindo bem pressionando, o jovem consegue recuperar várias bolas no campo de ataque. 

O atleta tem dificuldade em usar sua perna esquerda. Apesar da funcionalidade do passe, Hércules não é um especialista no quesito, sendo mais usado para outras ocasiões. Defendendo em seu próprio campo, precisa melhorar seu tempo de bola. Acaba por tentar muitos desarmes errados, permitindo avanços dos adversários. 

Principal contratação da temporada, o argentino precisou de pouco para cair nas graças da torcida. Com características contrastantes ao demais centroavantes do elenco, destaca-se pela sua altura, mobilidade e jogo de costas. O atacante tem preferência por atuar entre os zagueiros, mas não é um jogador que se movimenta pouco, buscando diagonais curtas nas costas dos defensores, ou situações em que busca receber a bola no pivô. Conseguindo proteger bem a bola e dar continuidade nas jogadas. Com 10 gols marcados na temporada, Lucero apresenta uma boa colocação na área e qualidade para marcar gols precisando de “pouco”. 

Destacando-se na base do Tricolor desde a última temporada, quando ainda estava no sub-17, o meia Amorim (2005) é a grande aposta de revelação do Fortaleza para 2023. Mesmo ainda não tendo tido oportunidades na equipe principal, o jovem já foi relacionado para algumas partidas na atual temporada, uma delas sendo contra o Cerro Porteño pela Libertadores. O camisa tem uma boa leitura da entrelinha, posicionando-se em locais favoráveis para receber a bola. Amorim tem um giro rápido para se desvencilhar dos marcadores, também tem uma boa velocidade para percorrer pequenas e médias distâncias. Sua boa criatividade no passe, podem torná-lo uma boa alternativa para jogos em que Tomás Pochettino não atue ou seja substituído.


Você pode assistir a análise completa em vídeo, aqui:

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