Guia da Libertadores 2023: Palmeiras x Deportivo Pereira
Na terceira das quatro analises da fase final da Libertadores 2023, vamos analisar os pontos fortes e fracos de Palmeiras e Deportivo Pereira
Palmeiras e Deportivo Pereira devem realizar um duelo muito caracterizado pela parte física de ambos os times. Na busca pela classificação, os dois times possuem defesas sólidas e com boas referências, porém, a equipe colombiana tem menos opções para desequilibrar o jogo ofensivamente. Apesar do favoritismo apontado para o Palmeiras, o duelo teoricamente não deverá ser marcado por placares elásticos. Serão jogos mais duros, com as duas defesas tentando se impor sobretudo pelo alto.
O DEPORTIVO PEREIRA DE ALEJANDRO RESTREPO
Tentando seguir fazendo história na competição, o Deportivo Pereira enfrentará o tricampeão Palmeiras apostando muito em sua dominância física. Os colombianos buscam defender em 5-3-2, com alguns gatilhos de pressão, para evitar que seu baixo número de atletas no meio campo gere problemas defensivos.
Com um trio de defesa alto, é esperado que o Pereira ofereça dificuldades ao Palmeiras pelo alto, além de ser um time bastante concentrado em campo. Porém as dúvidas com relação a criação da equipe, podem causar problemas para conseguir criar vantagem contra um adversário bastante dominante defensivamente.
A Pressão no portador da bola
O Deportivo Pereira é uma equipe bastante física, sobretudo em sua zaga e meio campo. Além disso, o treinador Alejandro Restrepo busca fazer com que sua equipe pressione bem o adversário com a posse bola, principalmente no seu meio campo. Com isso, sempre que os rivais dos colombianos chegam nas proximidades da intermediária ofensiva, serão fortemente pressionados.
A ideia é tirar a possibilidades dos adversários de virar o lado do campo rapidamente. Como o Pereira defende com apenas 3 atletas no meio campo, deixar que os rivais fiquem alternado o corredor da jogada seria muito desvantajoso e desgastante fisicamente. Com isso, a equipe busca neutralizar os ataques em apenas um lado do campo. Porém, a pressão não para por aí.
A equipe tem um gatilho de pressão sempre que a bola chega no lateral adversário, fazendo com que o ala do Deportivo suba agressivamente a pressão nele, visando recuar rapidamente a bola para os zagueiros — e após isso, os atacantes sobem pressão nos defensores, para os mesmo devolverem no goleiro, ou se livrarem da posse.
Bocanegradependência
Apesar de ser uma equipe bastante organizada, o Deportivo Pereira tem uma grande dependência em seu camisa 11 para conseguir criar situações de gol. Mesmo com a facilidade dos alas em atacar a linha de fundo e dos atacantes tentando sempre o desmarque, a equipe tem apenas em Bocanegra a figura de um passador em profundidade.
O que por vezes acaba deixando estagnada a construção da equipe. Apesar de Congo (ou Zuluaga) ser um camisa 5 que consegue trabalhar bem em passes curtos, tendo muito peso na manutenção de posse, falta a capacidade de passes mais criativos. Enquanto Murillo é um meio campo mais de chegada a frente. Inclusive, uma saída que acontece em vários momentos, é quando o Pereira tenta “pular” essa linha de meio campo, tentando saídas de bola mais longas, buscando diretamente seus atacantes para realizarem apoios no pivô, ou tentando atacar as costas da última linha.
A criatividade de Bocanegra
Aos 24 anos, o meia colombiano vive o melhor momento de sua carreira, sendo o atleta mais criativo do Deportivo Pereira. Bocanegra pode atuar como meia nos dois lados do campo, e também foi utilizado como segundo atacante. Dono de uma perna esquerda talentosa, o atleta tem um bom drible curto, conseguindo se desvencilhar bem dos adversários, sua condução é boa também.
Porém, sua maior qualidade fica nos passes em profundidade. Apesar de errar bastante, normal para o número de tentativas, o colombiano consegue encontrar bem os alas em ultrapassagem ou os atacantes ao realizarem movimentos de ruptura. Em muitos momentos, nota-se Bocanegra baixando para a linha de Congo, tentando começar a criação da equipe desde a base da jogada.
O PALMEIRAS DE ABEL FERREIRA
Após viver um período de instabilidade, sobretudo no Brasileirão, o Palmeiras parece ter se reencontrado na atual temporada. Mesmo com as críticas acerca da montagem de elenco do Porco, o alviverde consegue ter em sua maiores referências portos seguros para esses confrontos de grande nível técnico.
Com Veiga retornando ao bom nível, a equipe brasileira conseguiu melhorar no aspecto criativo — um dos principais defeitos desses últimos meses. Ainda assim, a marcação na frente da área é uma preocupação para o andamento da temporada. Apesar disso, a equipe de Abel Ferreira mantém suas bases das últimas temporadas, tendo um forte jogo pelos lados na tentativa de conseguir seu quarto título da Libertadores.
O caminho é pelas laterais
Não é novidade que o Palmeiras tem um jogo muito forte pelos lados do campo. A chegada de Artur para o Brasileirão só ratificou isso. Mesmo com a equipe abusando, sobretudo de cruzamentos na área, nos momentos de instabilidade nessa temporada.
O Verdão conta com opções muito qualificadas seja nas extremidades ou nas laterais — tendo Dudu e Artur como as maiores armas. O ídolo alviverde costuma ser o atleta mais criativo, gerando muito volume de jogo e vencendo duelos de 1×1, enquanto o ex-atleta do Bragantino entra mais na área para finalizar, inclusive fazendo gols em bolas alçadas na grande área.
Pelo lado esquerdo, Piquerez (ou Vanderlan) se aproveita dos movimentos de Dudu para atacar a linha de fundo. Os desmarques que Rony provoca também ajudam na criação de oportunidades para o Palmeiras, sobretudo quando o jogador ataca o primeiro pau para receber a bola pelo alto. Mesmo com baixa estatura, sua impulsão e velocidade, o ajudam a se antecipar aos marcadores e assim marcar gols.
Os problemas na entrada da área
Um problema que já se tornou recorrente no Porco é a dificuldade em defender a entrada da área, algo que se persiste desde a saída de Danilo em janeiro. Sem a chegada de nenhum atleta para repor a saída do jovem, Abel Ferreira acabou por testar algumas situações no setor. A mais recorrente tem sido a dupla Zé Rafael e Gabriel Menino, com Zé fazendo essa função mais recuado.
Porém, o time sente muito com a bola para sair jogando, mas a maior perda é defensiva. O Verdão tem mais problemas em defender sua entrelinha, além da dupla ter dificuldade em preencher espaços em alguns momentos, tornando o Palmeiras mais vulnerável próximo ao seu gol. A chegada de Richard Rios, fez com que Abel testasse algumas frentes, conseguindo melhorar a parte física do meio em alguns momentos, contudo, ainda abaixo do nível alcançado nas últimas temporadas.
A retomada de nível de Raphael Veiga
Com a saída de Gustavo Scarpa, Veiga passou a ter um papel diferente no Palmeiras em 2023. Mais responsável pela construção e rodando mais no campo, afetando diretamente a sua participação em gols. O meia teve um momento de instabilidade na temporada, o que afetou diretamente no rendimento do Palmeiras. Contudo, nas últimas semanas, Veiga voltou a atuar em bom nível, além de ter voltado a marcar gols.
Dono de uma boa finalização, o meia agora consegue ser influente em outras áreas do campo, deixando seu jogo mais completo e imprevisível. Recebendo bastante a bola em zonas entrelinhas, o meia tem bom posicionamento corporal, conseguindo tomar decisões rápidas. Voltando a pisar bem na área, Veiga tem agora tem mais armas para decidir jogos para o Verdão.
Você pode conferir a análise das quartas da Libertadores no podcast Código BR #125:
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