Guia da Libertadores 2023: Fluminense x Olímpia

Na última análise das quartas de final da Libertadores, vamos falar dos pontos fortes e fracos de Fluminense e Olímpia

Em busca do título inédito da Libertadores, o Fluminense chega em boa fase após jogos duros contra o Argentinos Juniors. A equipe de Fernando Diniz, também técnico da Seleção Brasileira, aposta em um jogo de aproximação, tabelas curtas e rápida movimentação para atacar os adversários. Do outro lado, a fisicalidade e jogo aéreo do Olímpia comandado por ‘Chiqui’ Arce e que na fase anterior eliminou o Flamengo.

Com dois modelos opostos, a promessa de dois grandes jogos se aproxima na Libertadores da América 2023.

O FLUMINENSE DE FERNANDO DINIZ

Uma das principais equipes da temporada, o Fluminense teve um pequeno período de oscilação nos últimos meses, mas nunca se desgarrou da parte de cima da tabela no Brasileirão e sempre competiu na Libertadores. Agora na Seleção Brasileira, Fernando Diniz tem consolidado seu modelo de jogo no clube a partir da potencialização de jogadores como Fábio, Samuel Xavier, André, Arias, Ganso, Cano e cia.

Tabelas e superioridade no setor da bola

Priorizando uma saída curta e jogo de toques mais curtos, o Fluminense tem como base a aproximação de seus jogadores desde a primeira fase de construção. Não é raro, inclusive, ver os volantes mais próximos do goleiro Fábio em relação aos zagueiros — que abrem o campo —, enquanto os laterais podem buscar um jogo por dentro. É bem verdade que, como explicamos em nosso canal do YouTube, essa é apenas uma variação.

Chegando mais a frente, e como podemos observar no mapa de posicionamento médio dos jogadores, o foco é a bola. Quando ataca pelo lado direito, junta os jogadores no setor e apenas o lateral esquerdo ou Keno (quando é titular) fica “sobrando” do lado oposto para uma jogada ofensiva. Entretanto, interessante observar que quando a jogada ocorre do lado esquerdo, é mais comum termos praticamente os 10 jogadores de linha mais próximos.

Os regentes das jogadas são Paulo Henrique Ganso e André. O camisa 10 participa de todas as fases do jogo com passes em profundidade, tabelas curtas e está mais próximo da área; enquanto o camisa 5 é que conduz a bola desde a defesa, aparece nos pequenos espaços vazios e tabelas. Por isso, se torna tão difícil marcar o Fluminense. A movimentação, troca de posição e forma como chega no gol adversário é desnorteante.

As transições defensivas

Ao mesmo tempo que a forma de atacar traz muitos benefícios e criatividade ao time, existe um problema quando o Fluminense perde a posse de bola. Por não se tratarem exatamente de jogadores com as fibras mais rápidas, de explosão para recuperar a bola no pós-perda, o time acaba sofrendo quando o adversário encontra o primeiro passe saindo da pressão e inverte a jogada. É claro que em outros momentos, o time até consegue recuperar no pós-perda, mas a tônica tem sido diferente.

A partir do momento que perde a posse, é mais comum ver os jogadores retornando a sua posição original, tentando reestruturar o 4-4-2 para se defender já próximo da área; são nesses pequenos momentos e espaços, que adversários acabam se aproveitando e criando oportunidades de gol contra a equipe de Diniz.

O artilheiro e decisivo Germán Cano

Com 30 gols (apenas 2 de pênalti) em 2023, o argentino segue como peça fundamental para o Fluminense. É ele o responsável por finalizar praticamente todas as grandes jogadas criadas pelo meio-campo e ataque do Fluminense. Sempre com movimentos curtos e diagonais para área, Cano precisa de poucos toques para garantir seus gols. Inclusive, em chances mais difíceis — não por acaso está 8 gols acima dos expected goals.

O desafio para o jogador será superar fisicamente a defesa do Olímpia que está sempre buscando o contato dentro da área, mas mesmo assim ainda peca defendendo cruzamentos (baixos ou altos), o que pode ser um prato perfeito para German Cano fazer o L.


O OLÍMPIA DE ARCE

A chegada de ‘Chiqui’ Arce no Olímpia após a saída de Diego Aguirre — que mesmo com a boa campanha na fase de grupos, oscilava no Campeonato Paraguaio —, trouxe ainda mais competitividade aos paraguaios. Apostando no jogo direto e vertical a partir de um 4-4-2, o clube eliminou o Flamengo em uma virada histórica no seu estádio e agora mira voos mais altos em busca do tetracampeonato.

O jogo aéreo e a imposição física

Com um time extremamente físico, o Olímpia tem como base do seu jogo os ataques pelos lados do campo para chegar a linha de fundo e realizar cruzamentos para área. O foco dessas jogadas é o argentino Bruera, de 1.94. Sem problemas para “se livrar da bola” na primeira fase, os comandados de Arce optam pelo passe longo e a disputa da primeira e segunda bola com bastante frequência para, aí sim, chegar ao gol adversário a partir dessa verticalidade.

Se com bola rolando o time já busca muitos cruzamentos, as bolas paradas são uma arma desde o período de Aguirre. Faltas laterais e escanteios são sempre batidos mais fechados, no espaço entre goleiro e linha defensiva para gerar a dúvida; ou então na segunda trave com intuito de ganhar a disputa mais física e pelo alto para marcar. Olho nesse tipo de jogada.

Além disso, apesar de não marcar alto todo instante, a pressão no setor da bola é constante. Tentando deixar o adversário desconfortável sempre que tiver a bola — principalmente nos jogos em casa —, o time gosta de se impor com este modelo.

A força é a fraqueza

Ao mesmo tempo que a equipe gosta de um jogo aéreo para atacar, sofre para defender. A maioria dos gols sofridos pelos paraguaios são advindos de cruzamentos — seja na liga nacional ou Libertadores. Defendendo mais o centro do campo no 4-4-2 e com os atacantes tendo maior dificuldade de fechar o passe para os lados e pressionar; os rivais consegue chegar com boa frequência na linha de fundo e a zaga acaba tendo maior dificuldade de proteger a área e cuidar o movimento dos adversários.

Os movimentos de Guillermo Paiva

Apesar de não ter sido titular contra o Flamengo, quando Arce buscava reforçar mais a marcação por dentro, Guillermo Paiva é o segundo atacante que acompanha Bruera na maioria das vezes. O paraguaio costuma se movimentar justamente nos espaços gerados pelo centroavante argentino e já finalizar. Não por acaso, a maioria de seus chutes são dentro da área aproveitando a segunda bola ou se movimentando para receber já os passes em profundidade.

Com 9 gols e 2 assistências na temporada, é um jogador para tomar cuidado justamente pela velocidade na movimentação e ocupação dos espaços as costas dos zagueiros e volantes que geralmente estão focados em Bruera.

Você pode conferir a análise das quartas da Libertadores no podcast Código BR #125:

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