Guia da Libertadores 2023: Racing x Boca Juniors

Na segunda das quatro analises da fase final da Libertadores 2023, vamos analisar os pontos fortes e fracos de Boca Juniors e Racing

Vivendo situações bem diferentes, Racing e Boca Juniors farão um clássico eletrizante na Libertadores. Com os Xeneizes tendo a chegada de Cavani como um diferencial para poder retornar a uma semifinal de Libertadores. Já o Racing tem o longo trabalho de Fernando Gago como fator chave — o ex-volante consegue manter o estilo da equipe de Avellaneda independente das peças e sistema utilizados. Porém, do outro lado, Jorge Almirón tem cada vez mais conseguido aumentar o nível de atuações do Boca, tornando esse confronto imprevisível sob diversas óticas.

O RACING DE FERNANDO GAGO

Após o dolorido vice campeonato da Superliga Argentina do ano passado, o Racing de Fernando Gago parece ter estagnado coletivamente, além de ter tido perdas técnicas consideráveis. Ainda assim, é um time bastante organizado e que gosta de construir com a bola no chão.

Apesar de ter alternado o sistema entre 3-4-3 e 4-3-3 ao longo dos últimos jogos, o Racing busca sempre atacar em 3-2-5, pressionando bastante a última linha do adversário e tendo Piovi como principal zagueiro construtor. A chegada de Roger Martinez aumenta o poder de fogo da equipe em busca do título da Libertadores. 

As movimentações no meio campo

Tentando ter a posse de bola, o jogo do Racing passa muito pelo meio campo da equipe. É neste setor em que a bola fica retida até ser passada para os atacantes ou realizar uma inversão para colocar os extremos/laterais em boas condições de 1×1. Para seguir mantendo a bola e progredindo do ataque, os jogadores de meio e ataque da equipe se movimentam bastante para gerarem espaços dentro do campo. 

Dentro desta estratégia, os atletas sempre se movimentam com o intuito de abrir espaço para o companheiro em outra zona do campo, fazendo com que o time tenha domínio territorial. O volante Aníbal Moreno é o principal responsável pelos passes progressivos, enquanto Nardoni buscar tocar sempre na bola, dando maior dinamismo. Já Gomez, busca acionar mais os jogadores abertos, com algumas inversões. Sendo atletas bem complementares e que se enquadram bem no modelo de Fernando Gago. 

Dificuldade em defender as costas dos zagueiros 

Um padrão negativo que se repete na equipe de Fernando Gago independente do sistema utilizado é a dificuldade em defender bolas nas costas dos zagueiros. Na verdade, pode-se dizer que é tudo um efeito cascata. Se inicia na dificuldade em tirar o espaço do adversário pelo meio, quando o mesmo consegue conduzir, ou em cenários de transição, passa pela defesa normalmente em linha alta e com posicionamento incorreto no momento e finaliza na dificuldade dos zagueiros do time em se recuperarem. 

Neste último caso, todos os zagueiros da equipe se enquadram. Com o problema da última linha em defender esse passe em profundidade e de conseguir se recuperar, o time de Fernando Gago passa a ser um alvo claro da dupla Merentiel e Cavani. Os atacantes do Boca, sobretudo o uruguaio, tem muita facilidade em conseguir o desmarque em cima dos zagueiros rivais, sendo um perigo constante para o Racing nos 180 minutos. 

Anibal Moreno: o líder da orquestra de Fernando Gago

Ligado ao Palmeiras na última janela de transferências, Aníbal Moreno é possivelmente o grande termômetro do Racing. O volante tem grande importância na primeira fase de construção recuando entre os zagueiros ou ficando a frente deles — nesse caso quando o Racing atua com três defensores. 

Aníbal tem boa postura corporal ao receber a bola e consegue encontrar o passe rapidamente dando o menor número de toques possíveis. O atleta de 24 anos também é importante quando a equipe de Avellaneda está no campo de ataque, encontrando seus companheiros em zonas entrelinha. Sem a bola, demonstra qualidade ao pressionar no campo adversário, ajudando muito quando seu time sobe as linhas de marcação. 


O BOCA JUNIORS DE JORGE ALMIRÓN

Após um começo de trabalho oscilante de Jorge Almirón, o Boca Juniors parece ter se encontrado no ano. Depois fazer grandes investimentos na janela de transferências, que teve Cavani como a grande jóia da coroa Xeneize, o segundo maior campeão da história da Libertadores chegou em alta para a fase mata-mata.

Tentando construir através de posses mais longas, o Boca alterna bastante seu sistema de jogo, variando muito de acordo com o adversário. Além dos já experientes Cavani, Pol Fernandes, Rojo e Adivincula, os argentinos contam com o talento do jovem Barco, que tem sido ligado a Brighton e Manchester City. 

A facilidade na troca de corredor 

Independente do sistema que Jorge Almiron escolher para iniciar o jogo, um artifício que será bastante utilizado pelo Boca Juniors são as rápidas trocas de corredor. Tendo principalmente Barco como lançador, a ideia é conseguir girar rapidamente o lado do campo, para colocar os laterais ou extremos (a depender do modelo) em situações favoráveis de 1×1. 

Essa troca de corredor acontece em ambos os lados, porém tem mais força quando a equipe Xeneize passa a bola para o lado direito — que tem Advíncula na lateral e pode ter Zeballos na extremidade. Ambos são jogadores bem agressivos e que, cada um a sua maneira, acabam levando boa vantagem em duelos pessoais.

Conforme o Boca vai desestruturando o adversário, obrigando-o a mudar seu balanço defensivo, a equipe vai progredindo naturalmente no campo de ataque, onde busca preencher bem a área do rival, para conseguir igualdade ou vantagem numérico no último terço. 

A dificuldade na saída de bola 

Apesar da nítida evolução nas últimas partidas, o Boca ainda tem um problema muito característico das equipes de Jorge Almiron: a dificuldade em se estabelecer rapidamente e com tranquilidade no campo de ataque. Em muitos momentos, a ideia é tentar atrair os rivais para próximo ao seu gol e usar do espaço gerado no campo ofensivo. 

Porém, em diversos momentos os argentinos não conseguem se estabelecer no campo de ataque rapidamente, fazendo uma transição mais lenta para a outra metade do campo, e tendo que criar com o adversário melhor posicionado. A facilidade de Edinson Cavani em passar ao baixar e receber a bola de costas melhorou mais essa questão da equipe nos últimos jogos. O retorno de Marcos Rojo também pode ser um fator de melhora nessa primeira fase de criação. Contudo, os meio campistas da equipe, principalmente Barco e Pol Fernandez, vão precisar melhorar essa mudança de ritmo (escolhas entre acelerar a jogada ou prender mais a bola) para conseguir destravar o jogo contra o Racing. 

Cavani: a nova velha superestrela Xeneize

Apesar de ter outros grandes destaques, como Barco e o capitão Marcos Rojo, que exerce uma função muito importante de liderança na defesa da equipe, é impossível não citar Edinson Cavani como principal jogador do Boca. Mesmo tendo feito apenas dois jogos no time Xeneize, o segundo maior artilheiro da seleção uruguaia já marca diferenças na forma de jogar dos comandados de Jorge Almiron. 

Responsável por gerar apoios em zonas mais baixas do campo, Cavani tem facilidade para abrir a jogada para os pontas ou meias do Boca com apenas um toque. Porém, o maior destaque do centroavante vai para sua arma mais letal na carreira: o desmarque de ruptura. Cavani tem uma leitura muito boa da linha de impedimento, conseguindo atacá-la com facilidade, além da qualidade para se desvencilhar dos marcadores com bons movimentos corporais, tendo boa velocidade para levar vantagem após sair na frente dos adversários.

Você pode conferir a análise das quartas da Libertadores no podcast Código BR #125:

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