O que explica a lanterna do Grêmio no Brasileirão?
Dois pontos em cinco jogos, nenhuma vitória e lanterna do campeonato. O que explica o início muito ruim do Grêmio no Brasileirão?
Depois de ver seu time ganhar os nove primeiros jogos sob o comando do técnico Tiago Nunes e ser campeão gaúcho em cima do Internacional, o torcedor gremista não esperava o que vinha a seguir. Nos nove jogos seguintes, apenas uma vitória, um desempenho ruim e a lanterna do Brasileirão. O que aconteceu?
Em primeiro lugar é importante ressaltar que o elenco sofreu com casos de covid-19. Rafinha, Rodrigues, Diego Souza, Pedro Lucas, Luiz Fernando, Ferreira, Brenno e até Tiago Nunes foram atingidos pelo vírus. Inevitavelmente, a doença não só tira os atletas de combate, como os faz retornar aos gramados em uma condição física debilitada. Além disso, Ruan, Maicon, Churín, Elias e Alisson tiveram problemas físicos, enquanto Piñares está à serviço da Seleção Chilena.
Vamos começar a falar dos problemas do Grêmio nos últimos jogos justamente a partir de aspectos físicos, afinal, os desfalques apareceram em um momento de aumento de exigência: fim do Estadual, começo do Campeonato Brasileiro. Falta intensidade ao Tricolor Gaúcho. A equipe apresenta uma dificuldade grande de pressionar a bola, fazendo uma marcação passiva em muitos momentos das partidas.
Pressão na bola não é sinônimo de marcação alta. Pressionar a bola é simplesmente defender de maneira agressiva, “mordendo” e não dando tempo ao adversário que está com a posse. Caso contrário, o oponente encontrará soluções e terá tranquilidade para trocar passes. Até mesmo o Sport, equipe bastante defensiva e que ataca com poucos jogadores, criou jogadas de perigo contra o Grêmio por não ser pressionado adequadamente.
Nessas partidas recentes, a falta de intensidade também se manifestou através da lentidão da troca de passes, especialmente contra o Leão da Ilha. O Tricolor não consegue agredir pelo centro, jogar nas costas dos volantes adversários. Normalmente, Tiago Nunes arma uma saída de bola com os quatro homens da linha defensiva, e o apoio de mais dois meio-campistas. O terceiro jogador de meio costuma avançar um pouco mais, assim como Ferreira se desloca da esquerda para dentro para encostar em Diego Souza no ataque. Contudo, raramente esses atletas são acionados em situação de vantagem.
Por outro lado, não é como se o Grêmio estivesse no fundo do poço. Apesar da lanterna, com dois pontos em cinco jogos, Tiago Nunes parece ter encontrado um norte nas últimas duas partidas, nos empates contra Santos e Fortaleza. Se o jogo interior não flui satisfatoriamente, o treinador aproveitou a velocidade de seus pontas e laterais para acelerar pelos lados do campo. Assim, a equipe melhorou sua produção ofensiva.
A entrada de Victor Bobsin no lugar de Jhonata Robert ajudou o time a ocupar melhor os espaços do gramado em fase ofensiva e dar maior dinâmica ao trabalho com bola para fazer inversões de jogo e acionar os corredores, por onde Rafinha, Diogo Barbosa, Ferreira e Douglas Costa são bastante participativos. Ainda falta ao meio-campo, no entanto, alguém com maior poder decisão e capacidade de jogar perto da área. Jean Pyerre seria esse nome, porém ele precisa ser mais ativo na hora de defender para ser escalado.
De qualquer forma, essa ligeira melhora do Grêmio não se traduziu em vitórias. E uma grande razão para isso é a baixa eficiência do time. Além do pênalti perdido nos minutos finais contra o Fortaleza, foram inúmeras boas ocasiões desperdiçadas nos dois jogos mais recentes. Para se ter uma ideia, Ferreira já finalizou 16 vezes em quatro partidas no Brasileirão, 10 de dentro da área, e não balançou as redes. Ao todo, são quatro gols em 73 arremates do Tricolor no campeonato. Chance de matar esses jogos em contra-ataque não faltou.
Em suma, o desempenho do Grêmio preocupa pela falta de intensidade e dificuldade de jogar por dentro, mas existe luz no fim do túnel. Com o retorno dos lesionados, a adaptação de Douglas Costa e a possível subida de produção de atletas que estão abaixo, como Ferreira, Jean Pyerre e Rafinha e esse “norte” encontrado nos últimos jogos, a torcida gremista pode ter esperança de brigar mais em cima na tabela.
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