Chacho Coudet em Balaídos
O impacto de Eduardo Coudet no Celta de Vigo.
O Celta de Vigo vive uma verdadeira revolução desde a chegada de Eduardo Coudet. O técnico argentino recuperou o clube galego no aspecto mental, físico e tático. Em seis partidas realizadas pelo Campeonato Espanhol, “Chacho” conta com quatro vitórias, um empate e uma derrota. É o segundo melhor aproveitamento de LaLiga, ficando atrás apenas do líder Atlético de Madrid, considerando somente o período de Coudet no comando técnico da equipe de Balaídos.
Como comentado no mais recente episódio do El Rondo, o Celta é a equipe que mais marcou gols, que fez mais partidas sem sofrer gol, a segunda que mais venceu e a que mais pontuou. Os excelentes números apenas validam o imediato impacto de Eduardo Coudet em uma equipe que não é “sua”, no sentido de montagem de elenco, e na qual precisou adaptar algumas peças para o funcionamento do sistema coletivo.
As primeiras mudanças em Balaídos
Utilizando as mesmas bases táticas de sua passagem no Internacional, Coudet transformou, rapidamente, o Celta em um verdadeiro competidor na LaLiga. Os célticos pressionam mais o adversário, algo evidente desde a estreia de Chacho diante do Sevilla, no Ramon Sánchez-Pizjuán. Essa postura representa uma ruptura na comparação com os últimos jogos de Oscar García na direção técnica da equipe olívica.
O clube de Balaídos vem diminuindo cada vez mais sua média de PPDA (Pass Per Defensive Action/Passes Permitidos Por Ações Defensivas), algo que mostra como o time está mais intenso sem a bola. Antes da chegada de Coudet, o PPDA do Celta era de 9.5, e agora este número é de 7.59. Apenas para efeito de explicação: quanto menor o PPDA, mais o time pressiona o adversário – não indicando o sucesso da ação defensiva.
O Celta em fase ofensiva
Como já foi dito anteriormente, Eduardo Coudet utiliza as mesmas bases táticas de sua passagem no Brasil. Portanto, o seu Celta de Vigo também atua em 4-1-3-2, tendo os laterais oferecendo amplitude e sendo profundos por fora; Renato Tapia ficando entre os zagueiros em saída de bola, enquanto Denis Suárez dinamiza mais à frente, Nolito, Brais Méndez e Iago Aspas oferecem jogo entre linhas ao mesmo tempo que Santi Mina, o centroavante, fixa os zagueiros na última linha.
Em termos de funcionamento coletivo, o Celta parte com Tapia trabalhando com os dois centrais em primeira fase de elaboração, enquanto Denis Suárez ocupa a posição inicial do meia peruano para dinamizar por dentro e conectar os falsos extremos (Nolito e Brais) e Iago Aspas por zonas interiores.
Os laterais estão sendo beneficiados por situações de vantagens táticas construídas pelo Celta. Renato Tapia é o responsável quase sempre pelas viradas de jogo a partir do momento que a equipe galega consegue atrair e acumular jogadores em uma mesma zona para, na sequência, colocar Lucas Olaza ou Hugo Mallo no 1vs1 com o jogador adversário. Neste sentido, o uruguaio Olaza, que registra duas assistências em seis jogos, está sendo ameaçador em projeções em 3/4 do campo.
Por fim, Nolito e Iago Aspas estão sendo importantes para dinamizar a posse céltica. Ambos estão relacionados em diversas jogadas com combinações e ações rápidas/inteligentes em espaços reduzidos, importantes para abrir defesas fechadas. No caso de Aspas, Coudet criou um contexto ao redor de seu camisa 10 ao ponto dele ser o artilheiro da LaLiga (8 gols), o jogador que mais deu key passes (34), o que mais criou ocasiões (10) e o que mais deu assistências (5) no Campeonato Espanhol. Aspas deixou de ser o Messi do rebaixamento, para ser influente em uma esfera macro.
O Celta de Coudet encanta em seus primeiros passos, mas o time precisará de reforços na janela de inverno para sustentar o nível apresentado até aqui. Encorpar o elenco curto será decisivo na busca pela sonhada vaga na Europa League. De qualquer forma, o impacto de Chacho no campeonato de futebol mais forte do mundo já aconteceu.
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