Os 12 destaques jovens sub-23 das Séries B, C e D do Brasileirão

Passada metade da temporada 2022, vários jovens nascidos até 1999 tem se destacado ao redor do país nas divisões inferiores e hoje vamos apresentar alguns deles.

*Texto em colaboração com Matheus Soares

Com a temporada se afunilando, alguns pontos vão se destacando no futebol nacional. Até o presente momento, o Brasileirão 2022 vai sendo um dos mais imprevisíveis dos anos recentes. Porém, para além da elite nacional, a Série B vê o seu primeiro turno chegando ao fim. Nas Série C e D, a primeira fase de classificação também tem seu término encaminhado. Decepções, surpresas, várias coisas podem ser apontadas. Contudo, algo a se detalhar são os jovens jogadores que têm ganhado espaço nesses torneios. 

Atletas já citados aqui no Footure como Andrey Santos (Vasco) e Luciano Juba (Sport) tem se consolidado como futuras grandes revelações nos gramados brasileiros e esta coluna vem destacar jogadores sub-23 que estão obtendo destaques nas divisões inferiores do país.

Importante citar que foram considerados apenas atletas nascidos a partir de 1999. O que tira alguns destaques nascidos em 1998, mas que ainda não completaram 24 anos — como Gabriel Poveda, do Sampaio Correa, que já soma 7 gols na segundona e o goleiro Pedro Paulo, do ABC, que é o arqueiro menos vazado da Série C, com apenas 8 gols sofridos em 14 partidas. 

Jogadores atuando na Série B

Zé Ricardo, 1999, volante da Tombense

Foto: Victor Souza/Tombense

Um dos pilares do Tombense na boa campanha que os mineiros vêm fazendo na Série B (6º lugar), o volante qualifica a saída de bola e contribui diretamente na proposta de jogo do técnico Bruno Pivetti. Quando optam pela saída curta, Zé Ricardo encosta nos zagueiros para receber a bola e faz bem o giro para acionar os laterais ou avançar quando o adversário dá espaço. Controla bem os setores que ocupa e sabe o momento certo para tomar decisões com bola. Tem boa visão de jogo e não hesita em tentar passes com alto grau de dificuldade para encontrar algum companheiro na entrelinha.

Quando o adversário sobe os blocos para pressionar, o volante é um dos mais acionados pela capacidade para acelerar o jogo com passes longos e gerar volume. Costuma levar perigo nos avanços, pisa bem na área e tem boa finalização. Sem a bola encurta os espaços para fazer o portador perder tempo e a equipe conseguir recompor as linhas. É muito participativo e atuante em todas as fases do jogo, tem bom físico e mentalidade competitiva para não deixar o ritmo cair. Certamente é um dos melhores meio-campistas da competição e seguirá comandando o time em busca do acesso.

Douglas Mendes, 2004, zagueiro da Ponte Preta

Zagueiro de bom equilíbrio corporal, velocidade e força nos embates. Sobressai em todos os atributos físicos que com a tenra idade ainda deveriam ser fundamentos a serem evoluídos por estar em processo de desenvolvimento, mas demonstra bastante capacidade para defender em duelos individuais e tem senso de cobertura. Na linha de três atua em qualquer posição pela facilidade em criar jogadas desde o primeiro bloco. Tem boa técnica. Sem a bola está sempre atento à linha defensiva para não perder segundos de vantagem e deixar o adversário em condições para tentar a finalização. É um dos bons pontos do atleta, inclusive, o foco e o quanto é concentrado.

Antecipa bem, sobe na linha defensiva com qualidade e vem demonstrando enorme maturidade para defender. Pressionado se comporta bem, com tranquilidade e consciência. Não se perde nas ações e tampouco sofre para tal. Um jogador que tem muito a crescer e certamente será um bom valor no cenário nacional. Potencial absurdo e apresentando muito pela idade que tem. Em alguns anos teremos um zagueiro extraordinário.

Thiago Lopes, 2002, zagueiro da Ponte Preta

Além de DG, o trio de zaga da Ponte Preta conta, também, com o competente Thiago Lopes (2002). Bom nos duelos corporais, forte e com boa mobilidade. É um zagueiro que passa bem e tem visão para romper blocos atuando pelos lados. Dá fluidez na saída de bola, seu passe longo é bom e encurta bem os espaços quando aciona o próximo portador da bola. Tem inteligência para ler as jogadas. Forte no jogo aéreo, posiciona bem o corpo para não ficar em desvantagem e afastar a bola com segurança.

Jogadores atuando na Série C

Eduardo, 2000, meio-campo do Vitória 

Foto: Pietro Carpi/EC Vitória

Apesar da campanha abaixo do Vitória na Série C, o meia Eduardo começa a ter o nível que sempre se esperou dele. Com as atenções atraídas para si desde a base, o meia mostra muito fundamento técnico. Com Fabiano Soares foi como primeiro homem na saída no 3+1 ou 4+2 do time. Atuando numa faixa mais longe do gol e diminuindo sua influência no terço final, mas atuando em zonas menos pressionadas conseguia encontrar bons passes entrelinhas e inversões, fazendo o jogo da equipe andar. Eduardo tem um ótimo controle orientado e consegue girar bem para os dois lados.

Contudo, o jovem tem alguns graves lapsos de desconcentração que o faz perder bolas em zonas perigosas. Além disso, tem dificuldades em usar sua perna esquerda. Seu porte físico não lhe favorece em embates que exijam mais força física — não conseguindo levar vantagem nesse tipo de lance. O atleta tem boa quebra de pescoço, mapeia bem o redor antes de receber a bola. Outro destaque é sua capacidade em temporizar as jogadas, principalmente para acionar os laterais ou pontas atacando a profundidade. Eduardo tem muita criatividade na hora de passar, achando bem os companheiros na entrelinha e nas bolas longas. Também consegue ocupar bem o costado dos volantes e tem boa velocidade para atacar em transição. Falta ter mais envolvimento direto com gols.

Paulo Vitor, 2001, zagueiro do Botafogo/PB 

Titular desde o início da temporada, o zagueiro de 20 anos já havia sido destaque na Copa do Nordeste, mantendo uma ótima regularidade durante o torneio. Paulo Vitor segue em sua crescente na Série C. O defensor, que atua pelo lado esquerdo, mostra uma boa postura defensiva, estando sempre atento e reagindo rápido as situações necessárias. Devido sua altura (1,90m) e bom porte físico, Paulo consegue lidar bem com centroavantes mais fortes fisicamente, conseguindo mantê-los bem afastados de sua meta. Também demonstra uma boa capacidade em controlar a profundidade. Tem um bom passe a média e longa distância, mas precisa evoluir no passe curto.

Apesar dos bons atributos físicos, não é um zagueiro veloz. Lidando melhor em situações que precisa defender em linha média ou baixa. Tem uma forte rebatida, conseguindo mudar bem a bola de direção e a afastando completamente do seu gol. Contudo, demonstra dificuldades em realizar movimentos defensivos com sua perna direita. 

Kauan, 2002, meia-atacante do Mirassol

Foto: Marcos Freitas/Agência Mirassol

É um meia de boa técnica e grandes participações seja construindo ou definindo jogadas. Pisa bem na área e se posiciona com inteligência, tanto é que tem números consideráveis em finalizações de dentro da área – principalmente de cabeça, que não é o seu forte e nem o favorece pela altura (1,72). Vem sendo um dos importantes nomes do Mirassol na campanha positiva coroada com a liderança e um dos melhores ataques da Série C.

Bem nas conduções, avança com qualidade e tem bom controle. Além disso, acelera bem o jogo para ganhar duelos individuais. Gera bastante volume saindo da ponta para atacar os espaços pelo meio. Um jogador interessante e que vem evoluindo para desempenhar seu futebol nas divisões de cima. Possui grande margem para evolução e demonstra muita maturidade em situações de pressão.

Jogadores atuando na Série D

Ítalo, 2002, zagueiro do São Bernardo 

Foto: Gabriel Goto/São Bernardo FC

Com apenas um gol sofrido em 13 partidas da Série D, o São Bernardo tem um jovem de 20 anos como um dos pilares de sua defesa. Atuando pelo lado esquerdo no sistema de 3 zagueiros, Ítalo tem ótimas amostras na competição. O jogador é bem veloz, conseguindo atuar bem em linha alta e tem boa capacidade em saltar para pressionar. Com uma passada larga, consegue realizar boas coberturas e corre bem para trás. Utiliza bem sua altura (1,91m) para intervir em situações de jogo direto. Uma característica marcante de seu jogo são as tentativas de antecipações e a busca por sempre interceptar rapidamente a bola.

Contudo, em algumas situações, o jovem erra o tempo da bola, fazendo com que os adversários recuperem a bola e tenham espaço para correr. Também mostra momentos de desconcentração. Porém, são pontos que podem ser trabalhados com o tempo. Ítalo tem uma boa saída de bola, participando ativamente no momento ofensivo, como ponto de retorno na intermediária ofensiva. Mas tem pouco recurso de passe com a perna direita. 

Werik Popó, 2001, centroavante do Oeste 

Destaque na Copa São Paulo deste ano, quando marcou 8 gols na competição, Werik Popó virou titular do Oeste e vem mantendo o bom nível na Série D. Com 4 gols e 2 assistências em 12 jogos, o centroavante tem sido a maior referência ofensiva do Rubro-negro. O jogador de 1,90m se destaca muito pela capacidade de receber bolas longas, conseguindo escorar para os companheiros receberem a segunda bola.

Popó também possui um bom jogo de costas, protegendo muito bem a bola no pivô. Werik precisa aprimorar mais seu domínio, além de necessitar de algum refino com relação ao passe. Apesar do seu tamanho, o jovem possui boa velocidade e realiza bons movimentos diagonais. Levando vantagem contra os defensores. Apesar disso, não é um centroavante com capacidade de vencer duelos no drible. 

Anderson Chaves, 2001, centroavante do Afogados 

Na briga por uma vaga na fase de mata-mata, o Afogados tem no centroavante Anderson a sua maior esperança individual. Com 6 gols na competição, o atacante paraibano se destaca principalmente por sua mobilidade. Podendo rodar dentro de toda a área ofensiva, Anderson consegue explorar o espaço nos corredores, atraindo os zagueiros para longe do gol, como também oferece apoios com movimentos entre as linhas e laterais. Tem boa finalização com as duas pernas, tendo o pé direito como preferencial.

Precisa evoluir seu primeiro toque, o jogador demonstra problemas para resolver situações com um toque ou realizar domínios quando pressionado. O jogo físico de Anderson também não é seu ponto forte. Tem boa capacidade em gerar volume de jogo e ajudar na rotação da bola. Se destaca bem em situações de transição, aproveitando-se da sua boa mobilidade e velocidade. Possui um bom movimento diagonal. Influencia boa parte dos ataques da Coruja, utilizando sua capacidade de associação e movimentação. 

Arthur, 200, meio-campo do Nova Venécia

O jogador influencia bastante no processo de construção de jogadas da equipe e tem boas capacidades técnicas para tomar decisões que requerem mais imprevisibilidade ao passar a bola seja ela curta ou longa. Tem boa noção de espaço, controle de bola, mas lhe falta corpo para proteger ou suportar os embates físicos com os defensores adversários. Circula bem a bola, com cabeça erguida e usa com facilidade o pé não dominante (esquerdo). Por vezes parece perder a concentração quando a bola fica no setor oposto em que ocupa e precisa melhorar este quesito. Necessita de mais intensidade ao atacar o espaço e buscar o duelo individual para vencer o marcador. Tem capacidade e margem para melhorar os quesitos que ainda lhe são insuficientes.

Tendo atuado com frequência pelo lado esquerdo, cortando pra dentro e buscando entrar na área, produz bastante, mas quando atua centralizado se sente à vontade seja rompendo linhas ou jogando de costas para sustentar e esperar a infiltração dos jogadores de lado. Não há dúvidas de que pode desempenhar um futebol ainda melhor do que vem apresentando e dar saltos maiores na carreira. Muito da boa campanha do Leão do Norte nesta Série D passa pelos seus pés.

Gabriel Fornari, 2001, zagueiro do Azuriz 

Dos bons nomes da jovem equipe do Azuriz, Fornari é um dos destaques e vem fazendo uma boa Série D. Titular absoluto na zaga pelo lado esquerdo, é um jogador interessante no contexto e em tudo que está à sua volta. Promissor, tem margem para crescimento e noção tática para aliar com a boa técnica evidenciada nos passes longos que tenta com frequência. Canhoto, é muito ativo na iniciação das jogadas e demonstra atitude. Quando recebe a bola, já domina indicando para qual direção irá seguir e buscar a progressão. É algo que faz bastante durante os jogos pela facilidade em controlar a bola e a boa passada para ganhar metros até fazer o passe.

Carece de mais equilíbrio e força para melhorar suas valências defensivas pois ainda sofre nos embates com jogadores de maior potência para progredir, mas segue em constante evolução. Desde os primeiros minutos como titular até o presente momento tem deixado para trás algumas deficiências técnicas e defensivas como a bola rebatida. Pode se tornar um jogador para divisões maiores em um futuro próximo.

Giulinho, 2003, lateral direito do Juventude Samas 

Com apenas 18 anos, o jovem tomou a posição da sua equipe e demonstra muita maturidade para sua idade. O maior destaque de Giuliedson é sua capacidade defensiva. Estando sempre concentrado na fase sem a bola, mostra uma ótima leitura defensiva, tomando boas decisões sobre antecipar ao rival ou diminuir o espaço. Além da leitura, seu tempo de entrada nas jogadas é destacável. Chegando na jogada sempre no momento ideal. Falta força para ganhar alguns duelos mais físicos, além de não ser um atleta muito alto.

O lateral demonstra um bom direcionamento nos cortes, conseguindo afastar o perigo por completo na maioria das vezes. Giulinho consegue pressionar bem em campo rival e reage bem para cobrir os companheiros. Seu jogo ofensivo ainda não está polido suficiente. O jogador tem muita dificuldade em usar a perna esquerda. Apesar de ter uma boa ultrapassagem, atua mais na base da jogada pelo funcionamento coletivo do seu time, e não consegue desequilibrar nessa função ainda. Apesar dos belos índices defensivos mostra dificuldades em fechar a linha de 4 na linha grande área e acaba se distanciando do zagueiro pela direita, deixando o meio espaço muito alargado, mas é algo que pode ser trabalhado e ajustado com o tempo. 

Outros jovens que merecem atenção: 

  • Claudinho (2002) – Lateral direito – Criciúma 
  • Luan Sales (2001) – Lateral direito – Aparecidense 
  • Tiago Coelho (2004) – Defensor – Próspera 
  • Gustavo Rodrigues (2001) – Lateral esquerdo – Juventude Samas 
  • Leo Naldi (2001) – Volante – Ponte Preta
  • Ronald Camarão  (2000) – Meio campo – Moto Club
  • Ewerton Ronaldinho (2001) – Extremo – Nova Iguaçu
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