A Seleção Brasileira Sub-20 de Ramon Menezes: o início do novo ciclo

O atual Brasil Sub-20 iniciou sua caminhada com amistosos preparatórios contra as equipes sub-20 do Canaã, do Bahia e do Vitória, em Salvador-BA, sob o comando de Ramon Menezes.

Após a saída de André Jardine do comando da Seleção, que acumulava funções de treinador das equipes Sub-20 e Sub-23, a CBF optou pela contratação de um nome menos badalado e mais questionável para os entusiastas das categorias de base: Ramon Menezes. No qual já possuía trabalhos em equipes profissionais, como no Vasco e no Vitória onde foi ídolo de ambas as torcidas, contudo a desconfiança com o “Reizinho da Toca” era justamente por não conseguir dar continuidade aos seus trabalhos, que outrora começavam bem.

Entretanto os cenários nunca foram tão favoráveis pro treinador do Brasil como agora, com uma geração estrelada e repleta de talentos de atletas nascidos entre 2002 e 2004, onde muitos já atuam nos profissionais de seus respectivos clubes. Com isso, o trabalho de Ramon passará principalmente em não frear o desenvolvimentos dos “pequenos” craques do Brasil e garantir padrões de jogo para que o talento da geração se sobressaia.

E padrões de jogo já podem ser observados durante esse período de amistosos da Seleção, especialmente na elaboração de jogadas do Brasil com posse (cenário que mais se repetiu nos três jogos). Onde na fase de construção notava-se uma saída em 3+2, com um dos laterais baixando a altura dos zagueiros, enquanto o outro era o responsável por ocupar o corredor e dar amplitude, e a dupla de volantes se posicionam atrás da primeira linha de pressão dos adversários.

Os zagueiros Weverton e Robert alinhados com o lateral Cuiabano, enquanto os volantes
Andrey e Juninho se colocam nas costas da pressão

Com a saída mais limpa devido a qualidade em avançar com a posse, quanto a de passar de maneira mais vertical dos defensores, a equipe de Ramon Menezes busca acelerar o jogo seja por dentro com a dinâmica que os médios e os meias oferecem, ou por fora com a habilidade e a capacidade física dos seus extremas que, pelo mecanismo de saída de bola com os laterais na base das jogadas ou no corredor, variam entre a faixa central ou a beirada do campo. Aliado a isso há sempre a presença de um camisa 9 que gere profundidade e seja o jogador responsável por segurar os zagueiros na área, além de ser quem mais tenha capacidade de definir pro time.

Matheus Martins (extrema esquerdo) e Lucas Kawan (lateral direito) dão amplitude, enquanto por dentro há a presença de Giovani Henrique (extrema direito), Matheus França (meia atacante) e Marcos Leonardo (centroavante).

Já no momento sem bola, o Brasil se posta em bloco médio-alto, variando entre pressionar diretamente o portador da bola, ou direciona-lo a uma faixa mais lateral do campo, com dois homens mais avançados e uma linha de 4 atrás subindo a pressão com alguns gatilhos já estabelecidos, gerando menos espaço para o opositor e mais dificuldade em achar soluções. Dessa maneira a equipe conseguiu marcar alguns gols com roubadas de bola em zonas mais avançados do campo durante esses amistosos, principalmente vs a equipe do Vitória, que mostrou mais dificuldade em elaborar essas saídas curtas.

Brasil marcando por zona, postado em bloco médio e orientando a saída do Bahia para uma zona lateral do campo.

Em toda equipe o coletivo é a principal parte da engrenagem, entretanto os indivíduos merecem destaque também, e no Brasil não foi e nem será diferente. Com isso há alguns destaques notáveis desse período de treinos e amistosos da Seleção abaixo:

Marcos Leonardo

O atacante ’03 do Santos é uma das referências da Seleção Sub-20, já que entre todos é o único titular absoluto da sua equipe no profissional e sempre foi um líder dessa geração. Destacável pelo seu entendimento do jogo e principalmente pelo seu faro de gol, o Menino da Vila foi autor de 7 dos 14 gols feitos pela equipe de Ramon Menezes. Além de um dos escolhidos no rodízio da braçadeira de capitão promovido pelo treinador.

Matheus França

O meia atacante ’04 é a principal joia das categorias de base do Flamengo, e assumiu papel de protagonista em seu primeiro ano de Seleção Sub-20, sendo o principal articulador de jogadas da equipe e muitas vezes sendo uma espécie de segundo atacante, em dupla com Marcos Leonardo. Marcou dois gols contra a equipe do Bahia e foi peça chave nas outras duas vitórias do Brasil.

Giovani Henrique

O extrema ’04 do Palmeiras se destacou pela sua capacidade de desequilibrar pelas beiradas do campo, seja com dribles em espaços reduzidos, ou em situações de campo aberto para arrancadas. Não à toa foi o líder de assistências da equipe nesse período, além de anotar dois gols contra a dupla BaVi. Números que exemplificam as vantagens geradas pelo ponta titular de Ramon Menezes.

Andrey Santos

O médio também ’04 do Vasco da Gama foi o dono do meio de campo da Seleção Brasileira, sendo responsável por ditar o ritmo do jogo, sempre visando acelerar as jogadas e gerar vantagens a equipe, em aspectos micros como o perfilamento corporal, toques curtos, uso da perna ruim etc. Além de uma notável capacidade sem bola, nos momentos de subidas de pressão, embates físicos e de leituras de jogada.

Com padrões de jogos, ainda que embrionários, já bem claros, destaques importantes e muito talento nessa Seleção, contando também com jogadores que não fizeram parte dessa convocação como Ângelo (’04) e Kaiky Fernandes (’04) ambos do Santos, Beraldo (’03) e Caio Matheus (’04) do São Paulo, Kayky Chagas (’03) do Manchester City, entre outros, Ramon Menezes tem um início de trabalho animador e sobretudo promissor no comando do Brasil Sub-20.

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