25 ANOS DO TETRA - BRASIL 1X1 SUÉCIA - FERROLHO SUECO TRAVA O BRASIL, MAS ROMÁRIO RESOLVE
Por Rodrigo Coutinho No dia 28 de junho de 1994, o Brasil entrava em campo no já extinto Silverdome, em Detroit, para encerrar a sua participação da 1ª fase da Copa do Mundo contra o bom time da Suécia. O empate por 1×1 garantiu a liderança do Grupo B ao selecionado canarinho, e confirmou os […]
Por Rodrigo Coutinho
No dia 28 de junho de 1994, o Brasil entrava em campo no já extinto Silverdome, em Detroit, para encerrar a sua participação da 1ª fase da Copa do Mundo contra o bom time da Suécia. O empate por 1×1 garantiu a liderança do Grupo B ao selecionado canarinho, e confirmou os suecos como segunda força da chave. Romário mais uma vez foi o destaque individual da Seleção em um jogo marcado pelo bom trabalho defensivo dos europeus. Na outra partida da rodada, a Rússia surpreendeu e enfiou um acachapante 6×1 em Camarões. Insuficiente, porém, para se classificar como um dos terceiros colocados.
O adversário
Um time tipicamente sueco! Seguindo as tradições locais, jogava em um 4-4-2, com propensão ao estilo de jogo baseado em contra-ataques e ligações diretas. Tinha um centroavante muito alto, Kenneth Andersson, que atuava no Lille, e um outro de mobilidade, mais técnico, a referência da equipe, o baixinho Tomas Brolin, atleta do Parma. O qualificado volante Schwarz, do Benfica, o dinâmico Thern, do Napoli, o seguro zagueiro Patrick Andersson, do Borussia Moenchengladbach, e o lateral Ljung, do Galatassaray, eram alguns dos destaques do time comandado por Tommy Svensson.
Tommy treinou a Suécia em todo aquele ciclo. Conseguiu construir um time organizado e com modelo de jogo claro. A equipe havia chamado a atenção já nas Eliminatórias, quando liderou um grupo com Bulgária, França, Áustria, Finlândia e Israel. Curiosamente venceria a decisão de terceiro lugar do Mundial de 1994 contra a própria Bulgária, conseguindo a segunda melhor colocação de sua história em mundiais. Um time marcante para o futebol local. Na Euro de 1992, foi eliminada apenas na semifinal para a Alemanha. Havia mandado pra casa a França e a Inglaterra. Sete jogadores que iniciaram o jogo contra o Brasil, foram titulares na campanha da Euro.
O Jogo
Das três equipes que o Brasil enfrentou na 1ª fase, a Suécia era de longe a que poderia causar mais danos. E de fato conseguiu fazer um jogo equilibrado durante boa parte dos 90 minutos. Como esperado, a Seleção tomou as rédeas da posse de bola. A equipe foi a mesma que iniciou contra Camarões e o padrão não se alterou. Dunga como principal distribuidor de passes iniciais. Mauro Silva preso aos zagueiros, Laterais com liberdade, Raí e Zinho flutuando do lado pro centro, e Bebeto e Romário com a já conhecida movimentação na frente.
Os suecos marcavam com encaixes e perseguições dentro do setor, mas não se afastavam de suas áreas originais, fazendo com que o posicionamento do time se mantivesse intacto. Recuava bem o bloco de marcação. O primeiro combate era dado pela dupla de ataque na intermediária defensiva, antes da linha média. Havia muita disciplina e intensidade, concentração para fechar os espaços. O Brasil consequentemente teve muita dificuldade para superar esse cenário.
A Seleção não conseguia ter velocidade na troca de passes. Girava o jogo de forma lenta e o pior: afunilava grande parte das jogadas. Leonardo e Jorginho eram presença constante no último terço do campo, mas havia pouca movimentação pelos flancos. As ações se concentravam no meio, local mais congestionado e muito bem defendido. Dunga chegou a finalizar três vezes de fora da área na primeira metade da etapa inicial, mas nenhuma delas com real perigo.
Pra completar, a Suécia achou o seu gol aos 23 minutos. Quando retomava a bola, não hesitava em buscar a dupla de ataque nos contragolpes. Fez a bola chegar de forma direta a Kenneth Andersson. O grandalhão raspou de cabeça, Brolin dominou com toda a sua técnica e tirou Aldair da jogada. O lançamento curto encontrou novamente o centroavante dentro da área, que foi rápido para dominar e finalizar sem ângulo, marcando um gol improvável e contando com um tempo de reação ruim de Taffarel. Mesmo assim, um golaço!
Os chutes de fora da área seguiram sendo a principal arma brasileira. Apenas Raí conseguiu uma ação contundente dentro da área, ao dividir com o goleiro Ravelli um bom cruzamento de Jorginho. Romário, que saía mais do seu ”habitat natural” e gerava boas construções, acabou chegando mais perto de marcar aos 37 minutos. Aproveitou bola retomada no campo de ataque e chutou rente ao poste esquerdo. Um prenúncio do que viria.
No intervalo, Parreira sacou Mauro Silva e pôs Mazinho. Recuou Dunga e a ideia era ganhar mais qualidade no passe. Não deu nem tempo de fazer efeito. Romário conseguiu um espaço quase ‘’espírita’’ ao receber na intermediária, girar, e arrancar no meio de quatro suecos. A finalização saiu certeira, com o padrão de qualidade do Baixinho, de bico, no canto esquerdo de Ravelli.
Depois do empate, o Brasil chegou a ter 20 minutos de pressão forte. Mazinho deu mais dinâmica ao time, retomou uma bola no campo de ataque, deixou com Raí, que serviu Romário dentro da área. O camisa 11 bateu no canto esquerdo, mas Ravelli fez milagre com a perna. O mesmo Romário cabecearia uma bola com perigo aos 19’, mas logo depois o Brasil perdeu o ímpeto.
O jogo novamente foi às 11h da manhã, horário local, mas desta vez o estádio era coberto e climatizado, o que facilitou a manutenção da intensidade de parte a parte, o problema não foi esse, mas talvez um certo receio de se expor. Além, é claro, da própria característica da equipe. O Brasil de 94 não era um time de aceleração constante, de ‘’amassar’’ o adversário. Era muito mais uma equipe de controle e paciência. Trocava passes incessantemente até o espaço aparecer. Se não conseguisse fazer isso com rapidez e se não variasse o raio de ação das jogadas, tinha problemas.
Romário e Bebeto ainda finalizariam com certo perigo na reta final da partida, mas os suecos reequilibraram as ações e também assustaram com Kenneth Andersson e Mild. Por mais que o Brasil tenha sido um pouco melhor ao longo dos 90 minutos, o empate não foi totalmente injusto, e aguçou uma partida ainda mais importante entre as seleções, que aconteceria alguns dias depois… Papo para um capítulo futuro desta série… No próximo episódio: a vitória sobre os Estados Unidos
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