25 ANOS DO TETRA – BRASIL 3X2 HOLANDA – O 'CANHÃO DA SUPERAÇÃO' E A GRANDE ATUAÇÃO

Por Rodrigo Coutinho Em um dos jogos mais memoráveis da história recente das Copas, o Brasil vencia a Holanda por 3×2 no dia 09 de julho de 1994, em Dallas, no estádio Cotton Bowl. Exatamente 25 anos depois vamos relembrar, dentro da série que retrata o Tetra, os detalhes daquela partida repleta de símbolos marcantes […]

Por Rodrigo Coutinho

Em um dos jogos mais memoráveis da história recente das Copas, o Brasil vencia a Holanda por 3×2 no dia 09 de julho de 1994, em Dallas, no estádio Cotton Bowl. Exatamente 25 anos depois vamos relembrar, dentro da série que retrata o Tetra, os detalhes daquela partida repleta de símbolos marcantes para uma geração de brasileiros. O placar apertado mostra a qualidade do adversário, mas a Seleção fez, talvez, a sua melhor exibição naquele Mundial. O duelo marcou a redenção de Branco, que fez o gol da vitória superando uma lombalgia crônica e o problema que teve com Zagallo na semana anterior.

 

Branco corre na direção do banco de reservas ao comemorar o gol da vitória
Branco corre na direção do banco de reservas ao comemorar o gol da vitória

 

O adversário

Certamente a seleção mais qualificada ofensivamente que o Brasil pegou na Copa. Além de toda a tradição e o histórico de jogos complicados contra a Seleção, os holandeses tinham uma equipe com nomes como Bergkamp, Overmars, Rijkaard e Winter. Os jovens Ronald e Frank de Boer no banco, Jonk no meio-campo e Koeman na linha de defesa. Mesmo perdendo para a boa seleção belga na 1ª fase, passou em primeiro lugar no Grupo F, que ainda tinha Marrocos e Arábia Saudita, oponentes que bateu pelo placar de 2×1. Nas Eliminatórias se classificou em segundo num grupo que teve a Noruega como líder, mas superou ainda Inglaterra, Polônia, Turquia e San Marino.

 

Bergkamp e Overmars eram os principais jogadores da seleção holandesa em 1994
Bergkamp e Overmars eram os principais jogadores da seleção holandesa em 1994

 

O time atuou num 3-4-3 contra o Brasil, com Rijkaard se adiantando no momento ofensivo, pontas bem abertos, liberdade de movimentação aos alas e zagueiros pelos lados. Ronald Koeman era o homem da ‘’sobra’’. O time marcava muito forte, basicamente de forma individual, com alvos pré-definidos, e adiantava o bloco constantemente, algo incomum no futebol da época. Com a posse, não elaborava tanto as jogadas, era vertical. Tentava passes em profundidade explorando a velocidade dos pontas e a os movimentos inteligentes de Bergkamp. Tinha muita força na bola parada/aérea. O treinador era Dick Advocaat, que tinha 47 anos na época. O holandês trabalha até hoje, classificou o Utrecht para a Europa League na última temporada.

O Jogo

Branco pela primeira vez entraria em campo na Copa dos Estados Unidos. Sem Leonardo, banido do Mundial após a cotovelada e a expulsão no jogo anterior, o experiente lateral e titular no time-base ‘’original’’ de Parreira ganhou espaço. Vinha de muitos problemas lombares, fato que o afastou da titularidade, mas também superou um desentendimento com o coordenador técnico Mario Jorge Lobo Zagallo. Branco havia reclamado de ser preterido por Cafu, improvisado no 2º tempo das oitavas de final. O técnico da Copa de 70 não gostou da forma como a manifestação foi feita e houve uma discussão, apaziguada posteriormente.

 

As escalações de Brasil x Holanda. (Arte: Filipe Borin)
As escalações de Brasil x Holanda. (Arte: Filipe Borin)

 

Além de superar a parte física e mental, Branco teria pela frente um dos melhores atacantes da Copa de 94 jogando em seu setor. Com apenas 21 anos na época, Overmars era a sensação dos holandeses. Rápido, habilidoso e ambidestro, gerava muitas ocasiões de gol ao seu time, e era bastante explorado no modelo de jogo elaborado por Advocaat. Mas o camisa 6 se saiu bem! Extremamente concentrado e bem posicionado, não deu chances ao adversário. Sua grande atuação seria coroada de forma bem especial.

A Seleção como um todo mostrou ao Mundo que estava preparada para ser campeã daquela Copa de forma bem contundente diante da Holanda. Havia ganho muita confiança depois da vitória sobre os Estados Unidos e entrou em campo leve, mesmo contra o seu adversário mais forte até aquele momento. Tanto que se impôs desde o início. Teve Mazinho e Zinho muito móveis, gerando opções de passe na intermediária ofensiva e mexendo no posicionamento da defesa holandesa. Eram acompanhados individualmente por Witschge e Winter, respectivamente. Valcx grudava em Romário, Wouters em Bebeto. Rijkaard vigiava Mauro Silva e Jonk era implacável com Dunga. Van Vossen travava Jorginho e Overmars seguia Branco. Bergkamp se dividia entre Aldair e Marcio Santos.

 

Jonk x Dunga, duelo forte e constante naquela tarde no Texas
Jonk x Dunga, duelo forte e constante naquela tarde no Texas

 

Na parte defensiva, laterais mais presos pela agressividade dos pontas rivais, muita concentração e intensidade. A Holanda possuía ótima saída de bola com Koeman, Valcx e Wouters. Winter e Witschge se movimentavam demais para dar volume ao time, Jonk distribuía como poucos o jogo. Um 1º tempo truncado, mas de bom nível técnico. O Brasil foi melhor! Conseguiu produzir cinco boas jogadas. Romário duas vezes, Mauro Silva, Marcio Santos e Aldair finalizaram contra a meta de De Goey. A Holanda levou perigo em duas jogadas de bola parada pelo alto. Bergkamp quase marcou duas vezes.

Na 2ª etapa o predomínio brasileiro prosseguiu e se transformou em vantagem logo aos seis minutos. Rijkaard, em atuação irreconhecível, deu nos pés de Aldair quando a Holanda saía em contra-ataque. O zagueiro fez um lançamento primoroso para Bebeto, que cruzou na medida e viu Romário marcar num ‘’sem pulo’’ genial. Esse tipo de jogada foi muito tentada pelo time de Parreira. Não só em contra-ataques, algo que já era normal, buscar Romário e Bebeto de forma direta, mas também em fase ofensiva. Como a Holanda marcava mais à frente do que a maioria das equipes, a ordem era aproveitar a velocidade de Bebeto e Romário em deslocamentos por trás do trio de zaga europeu.

 

Romário comemora o primeiro do Brasil. O quarto dos cinco gols que fez na Copa de 1994
Romário comemora o primeiro do Brasil. O quarto dos cinco gols que fez na Copa de 1994

 

Advocaat sacou Van Vossen e pôs Roy pela esquerda, um ponta com menos força física, mas ágil. A Holanda saiu para buscar o empate e se abriu muito. Jorginho puxou dois contra-ataques em sequência. Em um deles Bebeto finalizou na trave, e no outro Romário parou em De Goey, após drible desconcertante em Valcx. Aos 16’ não teve jeito, nova desatenção da linha defensiva holandesa. Marcio Santos rebateu de cabeça um tiro de meta e deu uma assistência para Bebeto, que deixou Wouters pra trás, driblou o goleiro e foi comemorar ‘’embalando’’ o filho Matheus, que havia nascido naquela semana.

A vantagem era justa pela superioridade brasileira, mas o tradicional relaxamento pós-gol foi punido severamente e mudou a história de uma partida que poderia ter um desfecho mais tranquilo. Dois minutos depois do tento de Bebeto, Witschge bateu lateral rápido ao lado da área, e Bergkamp se aproveitou da desatenção de Aldair e Marcio Santos para marcar um gol com a sua chancela técnica, finalização no ângulo. A Holanda cresceu e empurrou o Brasil pra trás. Pressionou até conseguir o empate.

Foram pouco mais de dez minutos sem basicamente nenhuma ação ofensiva brasileira. Ronald de Boer entrou no lugar de Rijkaard, Bergkamp foi recuado e passou a infernizar a defesa brasileira. Forçou um erro de Marcio Santos aos 21’ e Jonk chutou com perigo. Serviu Winter aos 26’, que obrigou Taffarel a fazer grande defesa, e criou a jogada que originou um escanteio aos 31’. Overmars bateu no primeiro pau, Taffarel saiu mal, e Winter, livre de marcação, empatou de cabeça.

 

Branco cobra a falta que deu a vitória ao Brasil
Branco cobra a falta que deu a vitória ao Brasil

 

Era a hora da Seleção voltar pro jogo! E assim fez com rapidez e genialidade. Um minuto depois do empate, Branco já cobrava uma falta no ângulo direito de De Goey, obrigando o holandês a fazer grande defesa. Aos 35’, porém, o final foi diferente. Nova descida do lateral para o ataque, invertendo a ‘’ordem’’, fazendo Overmars marcá-lo, deixou o holandês pra trás com um leve tapa no rosto e cavou uma falta na intermediária. O resto é história! A cobrança seca e forte saiu a meia-altura, cheia de efeito e capricho, contando ainda com uma esquiva determinando do baixinho Romário, explodindo na trave esquerda e ‘’morrendo’’ no fundo da rede.

O golpe de misericórdia nos holandeses foi forte demais! Nos 15 minutos restantes, contando com os acréscimos, o Brasil não foi mais ameaçado. O time europeu tentou levantar bolas na área sem sucesso. Raí e Cafu ainda entraram e mantiveram o nível de Mazinho e Branco. Um jogo inesquecível e o retorno a uma semifinal de Copa do Mundo carimbado 20 anos depois… No próximo episódio: o segundo duelo contra os suecos e o ‘’Baixinho Gigante’’.

NOTAS - BRASIL 2X0 RÚSSIA

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