A IMPREVISIBILIDADE EM MEIO AO CONTROLE: AS OPÇÕES DE LOPETEGUI

Por @IgorJuni0 Mesmo em seu ciclo mais precioso, onde dominou o cenário de competições de seleções vencendo a Eurocopa duas vezes, além de uma Copa da Mundo, a Espanha sempre demonstrou certa dificuldade para lidar com alguns cenários. Na África do Sul, por exemplo, uma campanha na conta do chá e com mudanças significativas na […]

Por @IgorJuni0

Mesmo em seu ciclo mais precioso, onde dominou o cenário de competições de seleções vencendo a Eurocopa duas vezes, além de uma Copa da Mundo, a Espanha sempre demonstrou certa dificuldade para lidar com alguns cenários. Na África do Sul, por exemplo, uma campanha na conta do chá e com mudanças significativas na escalação durante a campanha: início com David Silva titular, depois uma sequência com Fernando Torres e David Villa formando dupla de ataque, para terminar com Pedro Rodriguez entre os 11 iniciais e Jesus Navas sendo figura importante ao entrar na metade final.

Alguns fracassos depois, a Espanha agora possui uma mescla de gerações: Pique, Sergio Ramos, Busquets, Iniesta e David Silva ainda são grandes nomes da Fúria, mas atletas como Isco, Koke, Saul e Thiago pedem passagem para seu protagonismo. O que esses nomes têm em comum: todos também meio-campistas, posição que já havia em fartura na geração de ouro do futebol espanhol. Dessa forma, o dilema segue: como conseguir triunfos acumulando tantos talentos de funções parecidas dentro de um contexto tático favorável? Del Bosque conseguiu o sucesso, mas o futebol já mudou novamente e Lopetegui precisará observar novos caminhos para encaixar a melhor e mais competitiva seleção para a Espanha.

O resumo do que foi dito até aqui e do que será tratado daqui adiante é: por melhores que sejam os meias espanhóis, pode se tornar um déficit escalar todos juntos apenas por controle e talento puro, deixando outras vertentes vulneráveis. Você pode me retrucar dizendo que é perfeitamente normal para algumas equipes usarem apenas os laterais para ocupar o corredor, defensiva e ofensivamente, ainda mais se tratando de Dani Carvajal e Jordi Alba, mas esse modelo oferece um grande perigo na transição defensiva. Em uma Copa do Mundo, em jogos de maior exigência, vale o risco? É duro perder um jogador como Thiago ou Isco do time titular, mas ganhar em troca um pouco de profundidade, agressividade, drible e trabalho físico pode ser o que falta ao sistema de Lopetegui, até para aproveitar melhor os movimentos de Diego Costa. Vamos às opções:

Aspas-OK

As duas últimas temporadas de Iago Aspas pelo Celta são sublimes. Epicentro do sistema ofensivo, o jogador deixou de ser apenas um atacante de lado de campo e adicionou bastante jogo interior às suas virtudes. Liderando contra-ataques, distribuindo dribles e com muito trabalho no pressing, é um atacante que pode oferecer o meio termo que conquiste o treinador: não só agressividade pelos lados, mas total capacidade associativa e uma pitada de Griezmann para dialogar com Diego Costa

Rodrigo-OK

Aqui uma opção menos provável, por se tratar propriamente de um atacante – o reserva de Diego Costa, provavelmente -, mas sua temporada faz justiça à menção. Rodrigo Moreno está voando no Valencia como um atacante móvel e é nome quase certo na Copa. Oferecendo apoios para progressão do time em campo, Rodrigo é peça chave do time de Marcelino e tem excelente capacidade de finalização. Comparando com uma variação semelhante ao Barcelona de Valverde, por exemplo, onde Iniesta ocupa o lado esquerdo dialogando com Alba e um jogador mais incisivo joga na entrelinha, Rodrigo pode ter mais minutos do que se é esperado na Copa do Mundo caso corresponda.

Asensio-OK

Ainda vivendo de altos e baixos no Real Madrid – com os altos sendo momentos extremamente impactantes -, o destino parece reservar para Marco Asensio o papel de ser o melhor jogador de segundo tempo da Copa do Mundo. Não apenas drible e profundidade pelo lado esquerdo, mas também leitura de jogo para se posicionar por dentro oferecendo linhas de passe e o corredor para o lateral em momentos circunstanciais. Marco Asensio é o nome para a função tratada no texto, mas talvez ainda seja cedo demais para uma titularidade. Cabe a ele mostrar também na Seleção a personalidade que mostrou nas últimas semanas com o Real Madrid.

Vazquez-OK

Ainda um jogador de mais dúvidas que certezas, Lucas Vazquez ganhou sua primeira convocação nas vésperas para a Copa do Mundo. Sempre alargando o campo e buscando o fundo pela direita, é um dos preferidos de Zidane por tentar quebrar o ritmo de uma partida com sua agressividade. Seu entrosamento com Dani Carvajal pode ser um diferencial, mas David Silva vem sendo o melhor jogador da Espanha sob o comando de Lopetegui e tem na ponta-direita sua posição inicial.

Vitolo-OK

Antes da explosão de Iago Aspas, Vitolo parecia o nome para a função. Sempre causando desequilíbrios partindo da esquerda para dentro, o atual atacante do Atlético de Madrid parece ter pagado por algumas escolhas em sua carreira e não foi lembrado na última convocação, pelos minutos limitados na atual temporada. Mesmo com tempo curto em campo, Vitolo acumula em 17/18 uma média de sete dribles por partida (Aspas tem apenas quatro, por exemplo). Não é um nome ainda a ser descartado caso ganhe um pouco mais de protagonismo com Simeone nos meses finais pré-Copa.

Outro ponto a ser levado em consideração é o fato de Diego Costa ainda não ter mostrado desempenho de jogador de elite enquanto jogador da seleção espanhola. Durante sua inatividade na primeira parte da atual temporada, Lopetegui não testou apenas Morata – agora nem convocado -, mas também uma variação para uma formação sem jogador de referência. No grande jogo do atual ciclo até aqui, diante da Itália no Santiago Bernabéu, uma grande atuação de Isco, que revezava a função de falso 9 com David Silva, para coroar bela vitória. Na ocasião, Marco Asensio foi titular trabalhando pela esquerda, contando com muitas aproximações de Isco e Iniesta por aquele setor, enquanto David Silva ocupava as entrelinhas italianas e Carvajal disparava pelo flanco direito. Aliás, houve até alguns períodos de uma Espanha mais reativa no segundo tempo.

Falando do elenco como um todo, pode até seguir faltando um pouco de profundidade e jogo pelos lados com os jogadores de frente, mas mesmo assim, o elenco da Espanha se mostra versátil e recheado de boas opções e variações. Se Sergio Ramos e Piqué mantiverem o nível que mostram em seus clubes, é uma das favoritas para a Copa e conta com jogadores sem mídia que também podem fazer a diferença.

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