A nova geração de meninas

Por Jonatan Cavalvante A alcunha de “País do futebol” entoada pelos quatro cantos do mundo, por muito tempo se restringiu à modalidade masculina. Aos poucos as pessoas que estão à frente da gestão do futebol brasileiro e mundial, estão compreendendo o fenômeno social e esportivo que abrange a prática da modalidade feminina. Com anos de […]

Por Jonatan Cavalvante

A alcunha de “País do futebol” entoada pelos quatro cantos do mundo, por muito tempo se restringiu à modalidade masculina. Aos poucos as pessoas que estão à frente da gestão do futebol brasileiro e mundial, estão compreendendo o fenômeno social e esportivo que abrange a prática da modalidade feminina. Com anos de atraso, a CBF criou o Campeonato Brasileiro Feminino Sub-18. A primeira competição de base, visa atender as necessidades dos elencos das equipes brasileiras e servir melhor a Seleção Brasileira nas categorias juvenis.

Ao longo da competição alguns mantras e pensamentos arcaicos, tais como ausência do jogar bonito, baixa intensidade e nível de compreensão do jogo, apontados pelo senso comum como impeditivo para o futebol feminino se popularizar foram sendo desmistificados. O Footure monitorou de perto Flamengo, Iranduba, Vitória-BA, Vitória-PE, São Francisco-BA e Santos. E comprovou que o Brasil é rico e plural em material humano no futebol feminino. Algumas atletas foram apontadas como tendo um futuro promissor por nosso Mapping-Footure.


Flamengo

Maria Peck (Geração 2004)

MARIA PECK

Uma camisa 10 genuinamente brasileira! Passes que rasgam defesas, dribles, arrancadas e “faro” de gol. Maria Peck foi a artilheira da 1º fase com 12 gols marcados. O instinto artilheira foi potencializado através do ótimo poder de finalização, posicionamento e leitura das jogadas (inteligência de jogo). Além de “pisar à área”, a camisa 10 se destacou pelos dribles em velocidade, ótima condução, passes rompedores de linhas, controle orientado, geração de apoios e alto poder de criatividade. É uma meia-atacante que no 4-2-3-1, proposto pelo técnico Marcos Gaspar, atua centralizada por ter facilidade de “sair para os dois lados”. Mas que não fica restrita a participar das ações ofensivas na fase de criação e finalização. Através de um mecanismo de troca de posições, Maria Peck afunda pelos corredores laterais para auxiliar na fase de iniciação, enquanto uma das volantes preenche a entrelinha.

 

Tuane (Geração 2003)

TUANE

Outra atleta que possui um futuro muito promissor, apesar da pouca minutagem (203 minutos em campo), é a atacante Tuane. Com apenas 16 anos, apresenta maturação física acima da média. A camisa 19 utiliza a boa estatura e imposição física para vencer os duelos e proteger a bola. Com espaço para progredir, conta com uma explosão muscular capaz de lhe deixar cara a cara com a baliza e executar a finalização ou a assistência. Tuane mostrou capacidade tanto para atuar como referência (explorando as diagonais curtas), quanto como ponteira (explorando o corredor lateral).

 

Thalita (Geração 2001)

THALITA

Geolocalização (posicionamento), inteligência de jogo (interpretação), técnica e velocidade. E foi utilizando essas características que a maioria dos 7 gols no Brasileiro Feminino Sub-18 foram marcados. Assim como a Tuane, pode atuar centralizada ou como ponta. Entretanto, não possui tamanha resistência para realizar apoio nas ações ofensivas e recompor no momento de organização defensiva. No entanto, quando atua centralizada, sempre se posiciona pelos lados e no 1×1 com drible em progressão busca levar vantagem sobre as marcadoras. 

 

Larissa Carvalho (Geração 2002)

LARISSA

Uma “5” com traços de “8”. Assim poderíamos definir a Larissa Carvalho. Uma meio-campista que sem a bola, apresenta ótimo 1×1 defensivo, desarmes, coberturas e leitura de jogo. Quando recupera a pelota, logo auxilia a equipe na fase de iniciação com passes buscando a Maria Peck ou as pontas. Entretanto, Larissa não se restringe a roubar e passar a bola. A capitã do Flamengo busca infiltrações no meio espaço e também utiliza os arremates de média e longa distância para surpreender as adversárias.

 

São Francisco-BA

Lany Alves (Geração 2001)

LANYUma atleta coringa! Atuou com ponta, 1º e 2º jogadora de meio-campo em diversos momentos das partidas em que atuou. Além da capacidade tática de realizar mais de uma função, Lany demonstrou força, velocidade, explosão e uma resistência invejável. Valências interessantes para uma atleta que está em fase de desenvolvimento. Não à toa foi integrada ao time principal que disputou o Brasileiro Feminino A1. No entanto, é preciso evoluir na tomada de decisão e também seria interessante observá-la em uma marcação zona.

 

Bruna Peligrinelli (Geração 2002)

BRUNA

Uma camisa 10 cerebral, com dribles curtos, passes precisos e uma batida na bola diferente. Assim podemos definir o estilo de jogo da Bruna, meio-campista do São Francisco-BA. Nos jogos que atuou, foi utilizada centralizada buscando aproximação e infiltração na área e também como 2º volante para auxiliar e qualificar a fase de iniciação da equipe. No entanto, possui resistência moderada/baixa para manter ações ofensivas e defensivas em alto nível. Além disso, quando fica um período de tempo sem tocar na bola se desconecta do jogo. 

 

Vitória-BA

Emelli Andréa (Geração 2001)

EMILLI ANDRÉA

Explosão, habilidade, frieza e alto poder de definição. Essas são as características que logo surgem quando observa-se a camisa 9 do Vitória-BA em campo. Emelli Andréa é a artilheira da equipe rubro-negra baiana com 8 gols em 7 jogos. Além da boa estatura e presença de área, Emeli se destaca pela mobilidade ao sair da referência para gerar linhas de passe, superioridade numérica no setor da bola e consequentemente abrir espaços para a infiltração de outras atletas. Quando a equipe adversária detinha a posse de bola em seu campo, Emeli realizava uma pressão de alta intensidade no portador da bola. Em alguns casos, cometendo a falta. 

 

Vitória-PE

Marcela Ketylyn (Geração 2001)

MARCELA

Com um desempenho abaixo da crítica coletivamente, o Vitória-PE, deixou a impressão que o individual pode agregar mais ao coletivo. Mesmo estando em uma equipe desconexa, a lateral Marcela se sobressaiu. Iniciou a competição como lateral direita, porém por escolha técnica e tática, atuou na maior parte da 1º fase no setor esquerdo defensivo. Mesmo tendo as limitações naturais de uma adaptação à nova posição, a atleta destoou positivamente das demais jogadoras. Principalmente nas ações defensivas. Com ótima combatividade, posicionamento, cobertura e 1×1 defensivo.

A primeira competição de base do futebol feminino tem mostrado um Brasil rico e plural nas formas de sentir, pensar e executar o jogo. No entanto, é preciso realizar uma mobilização social e financeira de todos os stakeholders (Governo, clubes e sociedade) para que haja o fomento, desenvolvimento e a naturalização da prática esportiva no país. Além disso, faz-se necessário que as peculiaridades das atletas sejam percebidas, compreendidas, respeitadas e potencializadas dentro de uma forma de jogar.

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