A volta dos clubes argentinos na Libertadores
River, Boca, Racing, Defensa y Justicia e Tigre pisaram novamente em um gramado de maneira oficial, deixando impressões positivas em seus confrontos na competição
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Após seis meses sem uma única partida, as equipes argentinas enfim retornaram aos gramados. Com o cenário de pandemia e um calendário indefinido no âmbito nacional, a bola parou no país vizinho. A Superliga Argentina chegou ao seu final em março passado, e com as alterações no campeonato, que agora terá seu período de competição em ano cheio, os times não entraram em campo nenhuma vez de lá até esta semana.
A expectativa nesta volta era ver River Plate, Boca Juniors, Racing, Defensa y Justicia e Tigre com dificuldades para competir no mesmo ritmo de seus adversários, que vinham atuando regularmente nos últimos meses. Entretanto, não foi o que se viu. Num quadro geral, os portenhos tiveram sucesso e bom rendimento nos enfrentamentos da rodada na Copa Libertadores.
O primeiro a entrar em campo foi o Racing. E apesar da derrota por 1 a 0, a produção dos comandados de Sebastián Beccacece foi superior a do Nacional em boa parte da partida, sobretudo no primeiro tempo. O jogo baseado em uma lógica posicional, com valorização da posse e intensa troca de passes seguiu com a mesma competitividade vista ao final da temporada. A aposta na capacidade individual dos extremas, Benjamin Garré e Héctor Fértoli, para gerar desequilíbrio e criar as jogadas de maior perigo foi a grande arma da Academia. Porém, a finalização deixou a desejar, especialmente nas oportunidades que chegavam a Cvitanich.
A imposição demonstrada acabou sofrendo um duro golpe na segunda etapa. Em questão de minutos, Maurício Martínez cometeu a penalidade que levou ao gol da vitória do Nacional e o meia Augusto Solari foi expulso, deixando o Racing com um a menos em campo. Beccacece mexeu suas peças, tentando devolver o domínio do meio-campo e melhor qualidade de finalização, o que de fato aconteceu, mas deixou o time suscetível às bolas longas que os tricolores exploravam com perigo. O esforço não garantiu o empate, mas a produção vista deixou boas impressões.
Contra o São Paulo, o River Plate experimentou uma dose cavalar do imponderável presente no futebol. Devido a dois gols contra em desvios não intencionais, os millonarios acabaram saindo somente com o empate do Morumbi. Assim como o Racing, ainda que não tenha vencido, o time de Marcelo Gallardo mostrou porque é considerado um dos melhores do continente. Mesmo finalizando menos em comparação ao tricolor paulista, conseguiu se colocar em posições mais favoráveis para levar perigo de maneira mais efetiva. Das 8 finalizações que a equipe teve, 6 aconteceram de dentro da área.
Isso foi possível devido à grande dinâmica estabelecida entre Nicolas De La Cruz, Julián Álvarez, Matías Suárez e Rafael Santos Borré. A movimentação do quarteto desestabilizou os encaixes da marcação adversária, provendo as oportunidades que colocaram os dois tentos no placar. O primeiro gol anotado é o exemplo exato deste entrosamento. Ao receber a bola longa, Borré aciona Matías Suárez, dando o tempo necessário para Julián Álvarez fazer o movimento de ultrapassagem e receber nas costas da defesa. Livre, encontra Borré sozinho para finalizar a jogada no centro da área, tendo ainda a alternativa de De La Cruz entrando na segunda trave e Suárez posicionado atrás para o rebote.
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No outro lado da rivalidade, o Boca Juniors foi até o Paraguai encarar o Libertad tentando espantar a desconfiança diante dos casos recentes de Covid-19 no elenco. Ainda surfando a onda do título argentino conquistado e do altíssimo rendimento apresentado entre o começo de 2020 e a parada geral do futebol, os xeneizes souberam controlar muito bem o confronto, sobretudo nos momentos sem a bola. Encurtar os espaços dos paraguaios em campo defensivo e aproveitar os espaços no terreno para atacar com verticalidade e objetividade foram as chaves do Boca para garantir os três pontos.
Mas nada disto seria possível sem o grande diferencial proporcionado por Eduardo Salvio. Seus movimentos em direção ao centro do campo partindo do lado direito, além de criar associações, o coloca em condição de arrematar cruzado com a perna destra ou colocado com a canhota. E foi com seus dois pés que colocou as duas bolas na rede para decretar a vitória por 2 a 0. Aliás, o 2020 de ‘Toto’ é digno de nota até o momento. Entre Superliga e Libertadores, são 10 jogos com 9 gols marcados. Seu poder de decisão cresce cada vez sob o comando de Miguel Ángel Russo.
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O Defensa y Justicia, por sua vez, segue em plena evolução com Hernán Crespo na casamata. Frente ao Delfín, soube tirar proveito da oscilação rival e criar circunstâncias para aplicar um incontestável 3 a 0 dentro de seus domínios. O jogo posicional do halcón vem ganhando cada vez mais flexibilidade tática, mantendo eficiência independente do esquema selecionado. Na partida da Libertadores, Crespo armou a equipe com uma linha de três defensores e os alas, Eugenio Isnaldo e Ciro Rius, oferecendo total profundidade. A construção com toques rápidos e a boa pressão nos momentos de posse dos equatorianos foram letais, pavimentando o caminho para o primeiro triunfo do time na competição.
Quem acabou sofrendo mais – mas não sem antes oferecer alguma resistência – foi o Tigre. A equipe do segundo escalão argentino saiu na frente e conseguiu competir em pé de igualdade com o Guaraní durante o primeiro tempo e por parte da segunda etapa. Com boa organização e um ritmo variado para agredir os paraguaios sob a batuta de Sebastián Prediger na iniciação das jogadas, o conjunto de Néstor Gorosito esteve próximo de colocar um número maior no placar várias vezes. Porém, a desconcentração após o segundo gol aborígen e o decréscimo físico cobraram o preço, levando a uma contundente derrota por 4 a 1.
A semana reserva novos confrontos pela Libertadores e veremos mais um pouco do que os argentinos apresentam neste retorno. O fato é que as primeiras amostras, de maneira geral, foram bastante animadoras, e numa primeira vista, os efeitos do tempo sem atuar não foram tão sentidos quanto o esperado. Com uma boa janela de recuperação e espaço para treinar entre um desafio e outro, a tendência é vermos essa imposição acontecendo novamente. Se a falta de ritmo não foi problema diante de rivais com mais rodagem logo em suas partidas iniciais, é bem improvável que isso afete de alguma maneira o desempenho dos times hermanos na próxima rodada.
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