ABALO SÍSMICO

Por Valter Júnior A Copa do Mundo é um terremoto futebolístico que faz tremer 32 países a cada quatro anos. A relação do evento com os abalos sísmicos é mais profunda do que esta analogia barata. Em 1960, dois anos antes de o Chile receber o torneio, o Sismo de Valdivia causou grandes estragos no […]

Por Valter Júnior

A Copa do Mundo é um terremoto futebolístico que faz tremer 32 países a cada quatro anos. A relação do evento com os abalos sísmicos é mais profunda do que esta analogia barata. Em 1960, dois anos antes de o Chile receber o torneio, o Sismo de Valdivia causou grandes estragos no país. Apesar dos grandes problemas estruturais causados pelo maior terremoto já registrado na Terra, com quase 6 mil mortos, os chilenos viram que se unir para organizar o maior evento de futebol do planeta era a melhor maneira de fechar as rachaduras abertas. “Porque não temos nada, vamos fazer de tudo para reconstruir o que perdemos”, sentenciou Carlos Diitborn, presidente do Comitê Organizador da Copa.

Não foi a única vez que os tremores de terras causaram problemas às vésperas do Mundial. Vinte e cinco anos depois, foi a vez de a Colômbia sofrer com um terremoto. Eleito a sede da Copa, o país sul-americano precisou abrir mão do Mundial. Acostumado a vivenciar terremotos em seu território, o México, na emergência, abrigou a Copa do ano seguinte.

A última vez que os mexicanos foram abalados por um forte terremoto foi no ano passado. No primeiro domingo da Copa do Mundo, o Instituto de Investigações Geológicas e Atmosféricas A.C. detectou um vibração no solo equivalente a um abalo sísmico. Não foi um abalo, mas uma alegria sísmica. O terremoto foi causado de forma “artificial” devido às efusivas comemorações simultâneas do gol da Seleção Mexicana na vitória por 1 a 0 sobre a Alemanha.

Não há outra invenção além da Copa do Mundo capaz de criar um terremoto de felicidade espontaneamente. São milhões de pessoas, independente de classe social, visões políticas e clubísticas, extravasando alegria juntos no mesmo lance. Os problemas não desaparecem, eles apenas ficam suspensos por algum tempo.

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É que a Copa do Mundo traz consigo o suspense de que a cada partida algo histórico pode emergir. Em quatro dias de competições até aqui quantas histórias extraordinárias surgiram para serem contadas? Quantas ainda estão por ser testemunhadas até a última partida? São jogos que mais do que jogados, são sentidos. O choro dos jogadores mexicanos ao final do confronto contra os atuais campeões mundiais comprova isso. A história e até a eternidade podem estar no próximo chute, na próxima defesa, na falha inesperada, na vitória inimaginada, ou na derrota sofrida.

Foi uma vitória que será eterna para o apaixonado povo mexicano, mesmo que o México seja eliminado das oitavas de final pela sétima vez seguida. Uma partida capaz de fazer o Seu Barriga perdoar os meses de aluguel atrasados do Seu Madruga.

No futuro, os jovens mexicanos de hoje serão avós e contarão aos seus netos que aquele gol de Lozano causou um terremoto espontâneo. Será um jogo que permeará o imaginário coletivo por décadas. Algumas distorções podem ocorrer, é claro. Talvez dirão que Chicharito Hernández foi maior que Hugo Sánchez. Talvez algum sábio ancião se revoltará e dirá que isso é uma mentira. Mas retrucarão, Sánchez provocou algum terremoto? Mesmo sendo o dono da razão, o velho mexicano terá que se calar.

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