As bases do Bayern 2.0 de Niko Kovac

O Bayern München sustenta uma hegemonia no futebol alemão que dura quase uma década. No entanto, desde a chegada do treinador croata Niko Kovac, a impressão de superioridade já não é mais sentida da mesma forma como em anos anteriores. E são diversos os fatores que fazem com que isto ocorra. Sem ir muito longe, […]

O Bayern München sustenta uma hegemonia no futebol alemão que dura quase uma década. No entanto, desde a chegada do treinador croata Niko Kovac, a impressão de superioridade já não é mais sentida da mesma forma como em anos anteriores. E são diversos os fatores que fazem com que isto ocorra. Sem ir muito longe, os principais motivos passam pela maneira como o Bayern lidou com o final do ciclo da lendária Robbery, pela demora para buscar reforços de primeiro nível e pela própria presença de Kovac, que além de ser um perfil diferente de treinador em relação aos seus antecessores, não parecia à altura do projeto apesar do grande trabalho realizado no Eintracht Frankfurt.

O início fraco na última temporada apenas evidenciou o “downgrade” sofrido pelos bávaros. Porém, a partir do momento que coincidiu com o retorno de Kingsley Coman aos gramados (após um período lesionado), o Bayern iniciou sua reação no final de 2018, recortou uma diferença de nove pontos em relação ao então líder Borussia Dortmund e garantiu o sétimo título consecutivo da Bundesliga. A campanha em 2018/19 também terminou com a conquista da Copa da Alemanha sobre o Red Bull Leipzig.

Mesmo com os êxitos conquistados no ano anterior, os problemas de estrutura e formação de elenco não foram resolvidos. Para 2019/20, o Bayern já não necessitava somente de jogadores de qualidade para competir em noites grandes de Champions League, mas também de peças para oferecer opções para um conjunto curto e sem tantas alternativas. James Rodríguez voltou ao Real Madrid e a tentativa por Leroy Sané foi completamente frustrada, sobretudo após a lesão sofrida pelo ponta alemão. 

Apesar disto, o FCB conseguiu incorporações importantes dentro do cenário doméstico, como as chegadas, por empréstimo, do extremo croata Ivan Perisic e do mediapunta brasileiro Philippe Coutinho, em um movimento semelhante ao que o clube fez com James. Os bávaros contaram, ainda, com a aquisição do jovem meio-campista francês Mickaël Cuisance, que se juntou aos seus compatriotas, os defensores Benjamin Pavard e Lucas Hernández, contratados anteriormente.

Ao final, a análise que pode ser feita é que o time da Allianz Arena acabou por reunir muita versatilidade em diversas de suas peças, especialmente entre os jogadores do setor defensivo. Com isto, Niko Kovac passou a ter muitas possibilidades para dispor em diferentes sistemas/variações táticas e começou a utilizar seus jogadores em distintas funções neste início de temporada. Neste sentido, o caso mais emblemático é o retorno de Joshua Kimmich ao meio de campo. A melhor notícia para o Bayern München até agora.

O retorno de Kimmich ao meio-campo e o impacto que isso representa

O retorno de Joshua Kimmich à sua posição de origem tem condicionado o jogo do Bayern.  O camisa 32 encaixa de maravilha dentro da proposta de Kovac na utilização de um mediocentro com características de passe para lidar com as saídas curtas e elaboradas em iniciação ofensiva – vide o peso que ganhou Thiago Alcântara nesta função no ano passado. O caso é que Kimmich, a partir de sua brutal leitura de jogo, possui enorme capacidade associativa para distribuir e ordenar as possessões ofensivas de sua equipe e representa um upgrade importante atuando em uma zona de influência maior do campo. 

“Nas últimas duas temporadas, Joshua Kimmich registrou 26 assistências na Bundesliga. Na Alemanha, nenhum outro jogador deu mais passes para gol neste período.”

Neste sentido, os primeiros 45 minutos do Bayern München na visita ao RB Leipzig foram paradigmáticos dentro do que jogador de 24 anos pode oferecer. Ao final, Joshua teve protagonismo esperado em saída de bola, ordenou com claridade a circulação ofensiva bávara e foi responsável por fazer o time ter concentrado jogo pelo lado direito, causando muitos problemas para o sistema defensivo rival. Ademais, Kimmich contou com um comportamento sem a bola – lançando pressões e sendo agressivo no pós-perda.

Os números de Kimmich contra RB e Mainz. (Imagem: SofaScore e StatsZone)
Os números de Kimmich contra RB e Mainz. (Imagem: SofaScore e StatsZone)

As variações bávaras 

Neste início de temporada, Niko Kovac tem aproveitado a versatilidade de algumas peças de seu elenco para utilizar diferentes sistemas táticos, como o 4-3-3, o 4-2-3-1 ou até mesmo a recente variação entre o 4-4-2 sem a bola e o 3-2-4-1 / 3-4-2-1 na hora de atacar. Partindo do 4-2-3-1, o desenho mais utilizado até então, Kovac parece focado em deixar com que seus jogadores atuem em zonas onde se sintam confortáveis e podem render mais. 

O 3-2-4-1/3-4-2-1 contra o Paderborn. Saída 3 + 2, com Kimmich-Thiago na base.
O 3-2-4-1/3-4-2-1 contra o Paderborn. Saída 3 + 2, com Kimmich-Thiago na base.
O 3-2-4-1 em fase ofensiva do Bayern München sobre o Schalke 04. Essa variação ocorreu em momentos do jogo: Pavard-Süle-Lucas o trio de zagueiros; Kimmich-Alaba os meio-campistas; Coman e Gnabry em amplitude; Tolisso e Thomas Müller entre linhas; Lewandowski no ataque
O 3-2-4-1 em fase ofensiva do Bayern München sobre o Schalke 04. Essa variação ocorreu em momentos do jogo: Pavard-Süle-Lucas o trio de zagueiros; Kimmich-Alaba os meio-campistas; Coman e Gnabry em amplitude; Tolisso e Thomas Müller entre linhas; Lewandowski no ataque

Dentro disto, o caso de Philipp Coutinho é bastante significativo. O mediapunta brasileiro tem sido aproveitado em zonas/funções onde consegue somar aparecendo entre linhas, dando continuidade nas jogadas e participando/gerando ocasiões no último terço do campo com poucos toques.  Neste sentido, Coutinho fez um grande jogo contra o Paderborn, recebendo nas costas dos defensores, girando e tomando boas decisões na hora de soltar o esférico.

Robert Lewandowski mais relacionado com os apoios

Não que seja uma novidade para atual temporada, mas o atacante Robert Lewandowski está bastante relacionado ao jogo fora da área desde a chegada de Kovac à Allianz Arena. Ao final, o avançado polonês acaba se tornando um jogador ainda mais completo e difícil de ser controlado, circulando bastante longe da zona de remate para oferecer constantes apoios para deixar os companheiros que chegam da segunda linha de frente para o lance. Em 18/19, por exemplo, Lewa deu 10 assistências um dos líderes do time no quesito. Mesmo presente em outras faixas do terreno, Lewandowski não perdeu sua brutal capacidade de marcar gols semanalmente na Bundesliga, tanto que já registra incríveis 11 anotações em sete partidas no Campeonato Alemão.

O mapa de calor de Robert Lewandowski na atual temporada. (Imagem: SofaScore)
O mapa de calor de Robert Lewandowski na atual temporada. (Imagem: SofaScore)

Coman e Gnabry no pós-Robbery

Titulares já na última campanha, Serge Gnabry e Kingsley Coman ficaram encarregados de substituir duas lendas do clube bávaro. Ambos possuem importantes virtudes, entretanto suas distintas debilidades geram dúvidas e, ainda, não representem o “seguro de vida” para confrontos pesados fora da Alemanha. Coman, com mais tempo de FCB e em clara evolução após chegada de Jupp Heynckes, se trata de um extremo bastante desequilibrante e um pesadelo podendo acelerar jogadas em situações de 1×1, porém ainda é um jogador com problemas na hora de definir jogadas e traduzir toda sua ameaça em gols. 

Por outro lado, Gnabry possui o “valor gol” mesmo quando registra poucas intervenções (como visto na recente goleada por 2-7 sobre o Tottenham), é uma ameaça podendo atacar com espaços e soma com aparições por zonas intermédias para se associar e produzir nos últimos metros. Porém, não tem a mesma constância do seu colega francês e sofre com alguma irregularidade dentro dos próprios jogos. Contudo, a dupla de pontas alcançou um relevante nível de protagonismo na equipe e os dois marcam diferenças dentro da Alemanha.

Os problemas defensivos

Por mais que tenha investido bastante com as chegadas de Benjamin Pavard e Lucas Hernández, o Bayern ainda não tem sido um time sólido no setor defensivo. Jérôme Boateng tem tido problemas para se impor na área, Pavard não foi bem nos jogos em que atuou como zagueiro ao lado do jovem Niklas Süle, enquanto que Lucas tem sofrido com lesões – não participou da pré-temporada e voltou a se contundir nas últimas semanas. Ao final, o time de Munique não é nenhuma rocha defensiva e segue ainda sofrendo gols mesmo com o adversário fazendo pouco e/ou a partir de erros/perdas individuais, como no caso do primeiro gol do Tottenham em Londres, das anotações no empate contra o Hertha Berlin e nos dois tentos na recente derrota, em casa, para o Hoffenheim.

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2 comentários

  1. Amigos, sugiro vocês verificarem as páginas de matérias do site. As imagens com gráficos e análises táticas não estão carregando. Geralmente carrega somente a primeira imagem da página, porém as imagens subsequentes não chegam a aparecer, só ficando visível as legendas.

    Atenciosamente.

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