As perspectivas de Mascherano no Estudiantes

Retornando ao país com um currículo recheado de conquistas, o multifuncional defensor chega para tentar liderar uma nova fase no clube de La Plata

Apesar dos últimos anos não terem sido dos mais auspiciosos para o Estudiantes, 2020 começa com algumas boas expectativas para a torcida pincharrata. Antes de tudo, a volta ao seu tradicional estádio Jorge Luís Hirschi traz ares de esperança não só aos fanáticos das arquibancadas, mas também ao clube. Muitas das dificuldades vividas no lado financeiro tiveram relação direta com a remodelação da cancha, já que a verba era praticamente toda direcionada a isso, restando pouco para a construção de equipes mais competitivas.

Junto a este fator “local”, a chegada de alguns jogadores nesta janela fortalece o grupo neste tiro final de Superliga 2019/2020 e para o restante do ano. Martín Cauteruccio, de boa passagem no futebol mexicano, chega como uma solução para o comando de ataque. Lucas Rodríguez, jovem meia formado em La Plata, retorna após empréstimo ao DC United. Entretanto, nenhum gera tanta empolgação quanto Javier Mascherano.

No alto de seus 35 anos e carregado com a prataria conquistada em seus tempos de Barcelona, El Jefe aterrissa no futebol argentino para tentar liderar o Estudiantes neste novo período com o comando de Gabriel Milito. Mas o que ele pode oferecer ao time a partir de sua chegada?

Para começar, a sua experiência em um dos modelos posicionais mais vitoriosos, eficientes e dominantes da história do futebol influem bastante no seu encaixe com a proposta de Milito, repleta de elementos com tal padrão de jogo. Por óbvio, o ex-zagueiro baseou muito de suas ideias bebendo na fonte de Pep Guardiola, quando orientado por ele em sua passagem na equipe blaugrana. Quando treinou o O’Higgins, já era possível ver essa sua face. No Estudiantes, levou consigo muito deste padrão e ainda busca o melhor ajuste para ter rendimento regular.

Ainda dentro da relação entre jogador e modelo posicional, Mascherano oferece versatilidade dentro do elenco. Volante de origem, passou a atuar como zagueiro em território catalão e voltou a ser escalado no meio-campo no futebol chinês. Sua imagem mais forte junto ao público é de um atleta de alto potencial defensivo, com muito do estereótipo ríspido que os argentinos possuem para peças desta posição. Entretanto, sua qualidade técnica acaba, por vezes, subvalorizada devido a isso.

Com a bola no pé, demonstra boa visão de jogo e tranquilidade para dar início à construção ofensiva em suas equipes ao aparecer em zonas mais recuadas. Além disso, a qualidade de seus passes longos e viradas de jogo não pode passar batida. No último Campeonato Chinês, foi o segundo jogador mais bolas longas precisas (279), acumulando um ótimo índice de 67% de precisão no quesito. Na última temporada, uma versão mais assistente de Mascherano também despertou no Hebei Fortune, totalizando 5 passes para gol na fraca campanha do time da região nordeste da China.

No Estudiantes, os primeiros indícios são de que ele deve ser utilizado como zagueiro no 4-3-3 proposto por Gabriel Milito. Nos amistosos realizados na pausa de verão da Superliga, contra Temperley e Villa San Carlos, apareceu formando a dupla de defesa ao lado de Jonathan Schunke. Dentro do contexto argentino é um dueto que se complementa, em uma cultura de jogo que ainda depende muito de ferramentas físicas e de atletas capazes de serem combativos.

O Estudiantes escalado por Gabriel Milito no amistoso contra o Temperley, com Mascherano na zaga

Obviamente, Javier não entregará nada semelhante ao que demonstrou no Barcelona em regularidade e qualidade. Porém, a Argentina vem provando ser um local propício ao bom rendimento de jogadores mais experientes. Walter Montillo, por exemplo, se destacou com o Tigre após retornar de aposentadoria devido à sequência de lesões. Fernando Gago, outro que sofre constantemente com questões físicas, consegue demonstrar bom futebol quando saudável. Lisandro López é mais um que demonstra alto nível, tendo papel importantíssimo no último título do Racing. Resta acompanhar se Mascherano trilhará este mesmo caminho em seu retorno ao país.

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