O balanço argentino na Data Fifa

A busca por alternativas e soluções na Argentina pode não estar acontecendo na velocidade em que muitos esperavam, mas Lionel Scaloni está tentando.

A Copa América deixou impressões bastante ruins sobre a Seleção Argentina e o que o técnico Lionel Scaloni pode oferecer para levá-la a brigar novamente por títulos. A classificação dramática na fase inicial e o mau rendimento demonstrado ao longo da competição, culminando com a queda para o Brasil na semifinal, ligou o sinal de alerta na equipe hermana. Passado o torneio, a busca por novas alternativas e soluções vem acontecendo, mas talvez não no ritmo em que o torcedor esperava.

Nesta última Data Fifa, a bicampeã mundial mediu forças com Alemanha e Equador em seu giro europeu de amistosos. Na mesma medida em que algumas boas perspectivas foram construídas, dúvidas vieram à tona no que foi visto principalmente contra o conjunto germânico.

O ponto mais negativo desta série de jogos foi, sem dúvidas, a primeira etapa diante do time de Joachim Löw. Ofensivamente, se viu uma Argentina bastante burocrática e lenta no toque de bola, tentando valorizar a posse, mas sem mecanismos para superar a ótima marcação alemã, que pressionava a saída de bola, congestionava o corredor central e tirava o desafogo pelo lado.

falta de profundidade pelas bandas que o time de Scaloni apresentava facilitou ainda mais este trabalho. Nem mesmo lançamentos longos eram alternativa, afinal, a dupla de ataque do 4-4-2 formada por Martínez e Dybala batia de frente com uma linha de três defensores, sempre tendo um na sobra.

Sem a bola, a Argentina se organizava em duas linhas de quatro em um primeiro momento. Entretanto, com uma Alemanha disposta no 3-4-3, os jogadores de beirada da linha central eram obrigados a acompanhar individualmente a subida dos alas alemães, o que acabava por formar uma ocasional linha de cinco, como na imagem abaixo. Com Klostermann e Halstenberg gerando amplitude, o trio de frente que contava com Brandt, Waldschmidt e Gnabry, além da dupla Havertz e Kimmich, tinha liberdade para se deslocar por dentro, buscando espaços e gerando aproximações para trabalhar a bola. E essa movimentação foi fatal para o miolo de zaga albiceleste.

Roberto Pereyra fecha linha de cinco ao acompanhar a subida de Halstenberg (16). No lado oposto, Ángel Correa executava o mesmo movimento quando a jogada se desenvolvia por seu corredor com Klostermann (Imagem: InStat)

O contestado Marcos Rojo e Nicolás Otamendi, que vem em começo de temporada ruim, viraram presas fáceis para o dinamismo rival. Não foram poucas as situações em que, induzidos pelos deslocamentos, acabaram executando perseguições mais longas e deixando buracos dentro da área que acabavam por ser explorados. Mais do que isso, alguns erros individuais, como o de Rojo no segundo gol da Alemanha, afetaram ainda mais este desempenho defensivo.

As mudanças feitas por Scaloni no segundo tempo surtiram efeito bastante positivo. As saídas de Rojo e Correa para os ingressos de “Huevo” Acuña e Lucas Ocampos fizeram a Argentina replicar o 3-4-3 adversário, gerando mais jogo pelos lados de modo direto. Vertical e profunda, a albiceleste equilibrou o confronto e passou a levar mais riscos ao gol de Ter Stegen.

Entretanto, o maior diferencial foi Lucas Alario. O ex-River Plate acrescentou presença de área e maior capacidade de disputa entre os defensores pelos cruzamentos, e seu senso apurado de posicionamento no terço final ficou evidente no primeiro gol argentino.

O rendimento nos 31 minutos em que esteve em campo lhe valeu a titularidade no confronto seguinte, contra o Equador, onde não decepcionou. Novamente demonstrou todo o seu potencial dentro da área, aproveitando muito bem a bola aérea e, inclusive, abrindo o placar após cobrança de escanteio.

Contra uma seleção de nível técnico menor e marcação mais passiva, a Argentina conseguiu ter maior conforto para construir e agredir, apresentando um futebol menos protocolar partindo de novo do 4-4-2. No momento ofensivo, a saída de três acontecia com Foyth – zagueiro de origem que atuou como lateral-direito – permanecendo recuado com Pezzella e Kannemann, e assim liberando Acuña pela esquerda para subir ao ataque. As inversões de Pezzella com Paredes e De Paul se aproximando à intermediária flexibilizaram o trabalho com a bola, criando situações de superioridade desde trás.

A movimentação argentina na saída de bola para gerar superioridade sobre o Equador e dar fluência ao seu jogo (Imagem: InStat)

Acumulando prós e contras nestas duas partidas, a impressão geral é de uma Seleção Argentina que ainda é uma incógnita. Claro, sem jogadores como Lionel Messi e Sergio Agüero, não há como ser definitivo sobre absolutamente nada. Mesmo assim, nota-se que o time de Lionel Scaloni ainda tateia uma ideia e uma modelo para conseguir abrigar da melhor maneira os talentos que tem à disposição.

Ainda há mais dois amistosos contra Brasil e Paraguai neste ano, e 2020 já começa com as Eliminatórias. O tempo fica cada vez mais curto e a albiceleste precisa encontrar o seu rumo para conseguir render em nível competitivo, sem precisar passar outra vez pelo sufoco de garantir vaga para uma Copa do Mundo apenas no apagar das luzes.

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