O MONSTRO

Por @jessmirandinha Aos 18 minutos, na temperatura infernal de Guadalajara, Carlos Alberto retornou do campo ofensivo para desarmar Morales e passar para Brito, mas o defensor errou e devolveu a bola nos pés do camisa 11. Morales agradeceu o gesto enfiando por cima, entre os zagueiros brasileiros, para Luis Cubilla vencer Piazza na corrida, ajeitando a […]

Por @jessmirandinha

Aos 18 minutos, na temperatura infernal de Guadalajara, Carlos Alberto retornou do campo ofensivo para desarmar Morales e passar para Brito, mas o defensor errou e devolveu a bola nos pés do camisa 11. Morales agradeceu o gesto enfiando por cima, entre os zagueiros brasileiros, para Luis Cubilla vencer Piazza na corrida, ajeitando a bola na coxa direita e dando um chute torto, fraco e despretensioso. Félix viu este cruzado atravessar a pequena área como uma brisa na calmaria e então morrer na trave oposta: Uruguai 1 – 0 Brasil, semifinal da Copa do Mundo de 1970.


Após este gol, a Seleção passou a jogar melhor e conseguiu o empate com Clodoaldo, no fim do primeiro tempo. A partir do terço inicial da segunda etapa, Pelé acordou, depois de correr uns 50 metros e ser parado por quatro defensores, no limite de sofrer um pênalti. A virada brasileira era uma certeza para os torcedores lá presentes, que gritavam pelo Brasil.

Porém, mesmo após Jairzinho ter transformado essa expectativa coletiva em realidade, Cubilla não desistiu. Afinal, o homem responsável pela classificação do Uruguai às semifinais com uma roubada de bola em cima da linha de fundo, era a personificação do espírito uruguaio, sendo chamado de “O Monstro”. Ainda por cima, havia a chance de ser um novo Ghiggia. Mas entre o quase gol de Cubilla nos minutos finais e o quase gol de Pelé, naquele fatídico drible da vaca nos derradeiros segundos da partida, houve tempo para Rivelino exorcizar o fantasma de 50: Uruguai 1 – 3 Brasil.

Cubilla é um raro caso no futebol mundial de conseguir ser um ídolo em dois arquirrivais. Não era para menos: o ponta conquistou os dois primeiros títulos da recém criada Libertadores com Peñarol e, após passagens por Barcelona e River Plate, retornou ao seu país natal para erguer outro troféu da Libertadores, já vestindo a camisa do Nacional, vencendo ainda quatro títulos nacionais para cada lado.

 

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Depois de encerrar a carreira como jogador, Cubilla foi o protagonista da explosão do futebol paraguaio, ao comandar o Olímpia, o primeiro time além da tridente sulamericana de Brasil, Argentina e Uruguai a conquistar a Libertadores, em 1979 – ano este em que o Paraguai também foi campeão da Copa América, a partir de uma espinha dorsal montada por Cubilla em seu clube.

O sucesso como treinador está intrinsecamente ligado ao estilo de jogo que aprendera em seu último ano como jogador profissional,  quando atuou no Defensor dirigido por Ricardo León, polêmico técnico que quebrou a hegemonia de Peñarol e Nacional com a conquista do título uruguaio de 1976. León praticava a ideia de pressão e marcação por zona, estilo que ficou conhecido como antifutebol, em contraposição à Laranja Mecânica dos anos 70. De toda forma, aceitou treinar o Atlético Nacional em 1983, sendo um dos responsáveis pela implementação da marcação por pressão na Colômbia.

 

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Cubilla dizia que o Paraguai era a casa que adotara e o reflexo disso está nas cinco passagens como treinador do Olímpia. Dezoito anos dedicados ao Rey das Copas, com quinze títulos. Além da mencionada conquista da Libertadores de 1979, Cubilla e o Olímpia voltaram ao céu em 1990, o que lhe rendeu a eterna alcunha de Senhor da Libertadores. Vinte anos depois, o técnico se despedia oficialmente dos gramados no mesmo Olímpia. A poucos dias de completar 73 anos, Cubilla se despediu dos humanos, em decorrência de um câncer de estômago, em Assunção, em 2013.

 

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