O que Cádiz, Elche e Huesca podem oferecer nesse retorno a La Liga?

Recem vindos da Liga 1|2|3, o que seria possível espera de Cádiz, Elche e Huesca?

Nos últimos anos, vimos times com bons elencos, como o Espanyol por exemplo, caírem para a segunda divisão. Entretanto também vimos times que conseguiram o acesso e, mesmo com pouca expectativa, tiveram bons desenvolvimentos — Diego Martinez com o Granada é um ótimo exemplo.

A segunda divisão terminou com uma diferença de 10 pontos entre o primeiro e oitavo colocado, e visando os clubes que subiram para a segunda divisão esse equilíbrio é bem interessante. Um time dominante em determinando escalão e nível precisa lidar com a difícil missão de chegar até a elite e conseguir se manter por lá no ano seguinte.

Em um campeonato como a La Liga, esse trabalho visando um maior desenvolvimento é ainda mais complicado por conta da grande diferença financeira entre os times. Então, a partir disso, como os três clubes irão se sair nesse novo contexto?

Huesca

O bate-volta do bem aconteceu e o Huesca voltou a La Liga depois de ser o campeão com 21 vitórias em 42 jogos. A defesa consistente foi um dos fatores para o conquista, mas apenas um desses pilares defensivos continua no clube para a atual temporada: Jorge Pulido.

O capitão huesquino é absurdamente regular e dominante no seu setor, além disso comanda o sistema defensivo por si só. Entretanto, em um campeonato tão competitivo como o espanhol, é necessário mais do que isso, e é nessa altura do jogo que a problemática começa.

Desde a temporada 2018/19 no clube, Pablo Insua é uma das opções e provavelmente irá brigar com o novo reforço ex-Leganés, Dimitrios Siovas. Mas o grego tende a ser a dupla de Pulido durante boa parte da temporada já que sua experiência e tempos de Leganés influenciam em maiores minutos — apesar do hype quando chegou ao Schalke 04 em 2017, Insua jogou muito pouco nos últimos anos e não conseguiu a consistência necessária para se firmar no time titular, apesar disso é interessante contar com ele no elenco.

Outras peças interessantes: Pablo Maffeo e Javi Galán. Ambos laterais são primores ofensivos e podem se transformarem numa válvula de escape do time quando necessário. Maffeo é absurdamente rápido, consegue se virar em passes curtos e arrancadas, podendo proporcionar jogadas interessantes em profundidade com Rafa Mir. Javi Galán é bem parecido com o companheiro e bem envolvente nesse contexto, mas defensivamente não consegue ser tão coerente assim. E mesmo que seja limitado tecnicamente, tem um físico interessante para se sobressair em relação aos adversários nesse quesito.

Do meio para a frente o Huesca tem boas peças, mas difíceis de serem encaixadas. O sistema ofensivo ainda não conseguiu se adaptar em relação as boas defesas adversárias da liga e com certeza esse será um grande problema para o treinador Michel.

Na campanha que resultou no rebaixamento na temporada 2018/19, o time conseguia produzir substancialmente, mas ainda assim era dependente de Chimy Ávila fazer milagres no último terço, Além disso, o sistema defensivo não conseguia compensar – foi a 3º defesa mais vazada naquela temporada.

O recém contratado Borja García é o nome ideal para continuar a flexibilizar esse ataque. Ao lado de Shinji Okazaki formam a experiência que os tantos jovens do elenco precisam para se firmarem sem tamanha oscilação.

Com tantos pontos chaves para se resolver, Michel terá difícil tarefa de transformar regularidade em elementos do futebol dessa equipe.

Jogadores para ficar de olho: Javi Ontiveros, Sergio Gómez e Jaime Seoane.

Cádiz

Depois de 14 anos sem jogar a elite do futebol espanhol, o Cádiz está de volta. Assim como o Huesca, fez ótima campanha na última temporada e não terminou campeão por uma diferença de um ponto.

Apesar de ter um dos elencos mais limitados tecnicamente, o Cádiz conta com o admirável Álvaro Negredo lá na frente. Aos 35 anos, o espanhol é o pilar ofensivo do time e terá a tarefa de fazer a maioria dos gols da equipe.

Depois de dois anos jogando nos Emirados Árabes, a grande questão é em relação ao nível para atuar na La Liga. Um gol e uma assistência nos três primeiros jogos já indicam seu bom rendimento e que pode sim contribuir em um bom nível para ajudar o clube em busca da permanência. Seus melhores minutos foram justamente na derrota para o Sevilla.

Negredo conseguiu se movimentar bastante pelo campos, gerando campo de jogo para seus companheiros, puxando marcação e foi quem criou a grande chance do clube no jogo. (SofaScore)

O grande nome ao lado de Negredo é Álex Fernandez. Jogador mais influente e técnico desse time, tem condição suficiente para jogar em qualquer posição do meio-campo, principalmente rondando a grande área adversária. Dominando o terço final, teve participação direta em 19 gols do time na última temporada – 13 gols e seis assistências. Álex se tornou a peça chave para a equipe conseguir criar jogadas, furando linhas de defesa, enxergando a entrelinha como poucos e a partir disso proporcionando aos companheiros uma média de 2 passes decisivos por jogo.

Além da experiência de Negredo e o ótimo Álex Fernandez, o time conta com o artilheiro Anthony Lozano – 10 gols com uma média de 66 minutos por jogo na La Liga 2. Seu período de empréstimo durante a temporada passada foi ótimo e resultou em um contrato definitivo nesse verão. Lozano é uma ótima peça para a rotação e também como reserva imediato de Negredo e pode ajudar bastante saindo do banco.

Dono da terceira melhor defesa da segunda divisão na temporada passada, Alvaro Cervera necessita desse alto rendimento também na elite. Desde 2016 no clube, o técnico espanhol conhece a equipe como poucos e terá a difícil tarefa de manter na primeira divisão o clube com menor média de valor de mercado na liga.

Jogadores para ficar de olho: Juan Cala, Isaac Carcelén e Jorge Pombo

Elche

A tarefa mais difícil entre os três clubes está aqui. Depois de perder boa parte dos seus jogadores, o Elche sonha em lutar pela permanência, mas infelizmente terá que se sobressair além do improvável para conseguir.

A grande contratação do clube foi Raúl Guti, cria do Real Zaragoza que fez grande temporada na segunda divisão. O motorzinho tem a tarefa de fazer a principal ligação com os atacantes, mas a adaptação em um cenário como esse pode ser complicada.

Mesmo mostrando um sistema defensivo relativamente equilibrado na última temporada, o time comando por Pacheta não conseguia o mesmo equilíbrio no ataque e isso visivelmente pesou na tabela. No cenário atual, em muitos momentos a equipe irá tomar o gol antes de marcar e o poder de reação é imprescindível nessas situações.

Atualmente o time se espelha em Fidel, ponta-esquerda que foi artilheiro da equipe (9) na campanha do acesso e com maior participação em gols do clube no campeonato (16). Entretanto, a saída de Jonathas que fez sete gols em 14 jogos – 9 como titular – provavelmente será sentida pois dificilmente o time irá conseguir que alguém tenha uma adaptação tão rápida como a do brasileiro.

Além de Jonathas, o Elche também perdeu Juan Cruz, um dos principais personagens da última temporada e principal assistente (8) do time. A partir disso, o camisa 10 Pere Milla terá a difícil tarefa de comandar o ataque com a ajuda do ‘quarentão’ e capitão do clube Nino.

Perdas significativas no elenco transformam a tarefa que já era difícil mais difícil ainda, mas a troca no comando técnico é ainda pior. Jorge Almirón, que tem como representante o proprietário do clube, chegou como o novo técnico depois da saída de Pacheta, que, mesmo com o acesso, não obteve confiança necessária para seguir.

Tantas mudanças dentro do elenco acabam causando uma certa irregularidade e fraqueza diante dos adversários mais entrosados preparados, e com certeza esse impacto pode ser significativo para o restante da temporada. Visando o objetivo principal, Elche, Almirón e seus jogadores precisaram dar o máximo para alcançar a permanência na elite.

Jogadores para ficarem de olho: Youssouf Koné e Jeison Lucumí.

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