Pouca evolução: o trabalho de Aguirre do início ao fim

Apesar de alguns momentos ao longo do campeonato, o Internacional foi muito irregular com Diego Aguirre e não evoluiu onde mais precisava.

Contratado em junho para sua segunda passagem pelo Internacional, Diego Aguirre se despediu do Colorado ao final do Campeonato Brasileiro. O uruguaio chegou com a missão de recuperar a consistência defensiva e a imposição física de um elenco cuja base está formada há pelo menos três anos e brigou por diversos títulos. Não foi por falta de tentativa, mas o trabalho não deu certo e o time gaúcho acabou o Brasileirão em 12° lugar, com 48 pontos, na sua pior participação desde o retorno a Série A em 2018.

Em julho, falamos sobre os primeiros passos de Aguirre e concluímos que o Inter sabia o que fazer nas fases do jogo, porém o pouco tempo de trabalho não havia sido suficiente para consolidar os comportamentos desejados pelo treinador. Ele tentou, modificou estruturas, trocou atletas de posição, abriu mão de características, chegou a ter um bom momento entre setembro e outubro, quando parecia certa a vaga na pré-Libertadores, porém o caldo entornou na reta final.

Internacional Aguirre Footure
Movimentação e trocas de posição por dentro. As jogadas acabam em uma enfiada para Yuri Alberto ou com uma abertura para os lados.

A princípio, o uruguaio manteve o 4-3-3 de Miguel Ángel Ramírez, apesar de ter alterado as mecânicas da equipe. Um jogo bastante lateralizado, com inversões de bola, cruzamentos, descidas dos laterais e a presença de um ponta puro como Caio Vidal passou a ser utilizado. Além disso, o jogo direto para o pivô de Yuri Alberto também se tornou muito importante. Contudo, a construção carecia de uma ritmo mais acelerado e maior fluidez.

Curiosamente, a fase ofensiva talvez tenha sido o aspecto no qual o trabalho de Aguirre melhor se desenvolveu. A partir do momento em que teve Taison em plena forma, Aguirre mudou para o 4-2-3-1, com Rodrigo Dourado e Rodrigo Lindoso formando a dupla de volantes, Patrick e Edenílson como meias que se movimentam de fora para dentro, com o camisa 10 centralizado, por trás de Yuri Alberto, o centroavante. A nova configuração permitiu o aproveitamento de jogadores com maior capacidade de passe, que se aproximavam pelo centro e se combinavam com agilidade.

Internacional Aguirre Footure
Recomposição lenta, inclusive com jogadores de defesa (5 e 6) ficando para trás.

A mudança de esquema não foi motivada somente por questões ofensivas. Problemática nos tempos de Ramírez, a transição defensiva do Inter não melhorou com Aguirre. A falta de uma reação rápida após a perda da bola, seja para pressionar ou recompor, assombrou o Colorado durante toda a temporada. A presença de dois volantes fixos na frente da área, como Dourado e Lindoso, além do poderio físico de Edenílson e Patrick no meio visava resolver o problema, mas não adiantou. Defensivamente, a equipe sabia como se posicionar, porém era pouco combativa e deixava o adversário jogar demais, passando uma sensação de passividade e dando margem para a torcida classificar o elenco como “acomodado”.

Internacional Aguirre Footure
Sem intensidade e pressão, não há formação que funcione.

Em busca de um novo treinador e de oxigenar o elenco, o Internacional busca uma necessária cara nova para 2022. Apesar dos problemas financeiros, existe margem de melhora e possibilidade de alcançar objetivos maiores no próximo ano. E, como vimos em 2021, tudo passa pela escolha de um técnico que tenha compatibilidade com o elenco, porque nem sempre há tempo de corrigir a rota durante a temporada.

Compartilhe

Comente!

Tem algo a dizer?

Últimas Postagens

A prospecção do Grêmio ao mercado Sul-Americano

A prospecção do Grêmio ao mercado Sul-Americano

Lucas Goulart
Cinco jogadores que se destacaram na Copa América

Cinco jogadores que se destacaram na Copa América

André Andrade
As influências dos campos reduzidos na Copa América

As influências dos campos reduzidos na Copa América

Douglas Batista
FIQUE DE OLHO: Jogadores Sub-23 que podem se destacar na Copa América 2024
André Andrade

FIQUE DE OLHO: Jogadores Sub-23 que podem se destacar na Copa América 2024

A EVOLUÇÃO DE GABRIEL SARA NA INGLATERRA

A EVOLUÇÃO DE GABRIEL SARA NA INGLATERRA

Douglas Batista
EURO 2024 | COMO CHEGA PORTUGAL

EURO 2024 | COMO CHEGA PORTUGAL

Gabriel Mota
EURO 2024 | COMO CHEGA A BÉLGICA

EURO 2024 | COMO CHEGA A BÉLGICA

Vinícius Dutra
EURO 2024 | COMO CHEGA A FRANÇA

EURO 2024 | COMO CHEGA A FRANÇA

Gabriel Mota
EURO 2024 | COMO CHEGA A HOLANDA

EURO 2024 | COMO CHEGA A HOLANDA

Lucas Goulart
EURO 2024 | COMO CHEGA A INGLATERRA

EURO 2024 | COMO CHEGA A INGLATERRA

Vinícius Dutra
EURO 2024 | COMO CHEGA A ITÁLIA

EURO 2024 | COMO CHEGA A ITÁLIA

Lucas Goulart
EURO 2024 | COMO CHEGA A ESPANHA

EURO 2024 | COMO CHEGA A ESPANHA

Vinícius Dutra
EURO 2024 | COMO CHEGA A ALEMANHA

EURO 2024 | COMO CHEGA A ALEMANHA

Lucas Goulart
O crescimento de Andrey Santos no Strasbourg

O crescimento de Andrey Santos no Strasbourg

Douglas Batista
Os treinadores de bolas paradas no futebol e a importância de Nicolas Jover no Arsenal

Os treinadores de bolas paradas no futebol e a importância de Nicolas Jover no Arsenal

André Andrade